Título Original: La Belle Sauvage - The Book of Dust 1 (2017)
Autor: Philip Pullman
Tradução: Rosário Monteiro
ISBN: 9789722361538
Editora: Editorial Presença (2018)
Sinopse:
Malcolm Polstead tem onze anos. Os pais gerem A Truta, uma estalagem muito frequentada nas margens do rio Tamisa, perto de Oxford. Malcolm é muito atento a tudo o que o rodeia, mas sem chamar a atenção dos outros. Talvez por isso, fosse inevitável vir a tornar-se num espião. É na estalagem que ele, juntamente com o seu génio Asta, descobre uma intrigante mensagem secreta sobre uma substância perigosa chamada Pó. Quando o espião, a quem a mensagem era dirigida, lhe pede que preste redobrada atenção ao que por ali se passa, o rapaz começa a ver suspeitos em todo o lado: o explorador Lorde Asriel; os agentes do Magisterium; Coram, o cigano; a bela mulher cujo génio é um macaco malicioso... Todos querem descobrir o paradeiro de Lyra, uma menina, ainda bebé, que parece atrair toda a gente como se fosse um íman. Malcolm está disposto a enfrentar todos os perigos para a encontrar...
Opinião:
É difícil escrever com exactidão o entusiasmo que senti quando soube que Philip Pullman estava a preparar o lançamento de uma nova saga passada no universo de "Mundos Paralelos". Adoro essa trilogia e mal podia esperar para saber o que aí vinha. A publicação em Portugal voltou a ser feita pela Editorial Presença, editora que detém os direitos dos outros livros, e comecei a ler esta nova aventura assim que me chegou às mãos. Depressa regressei aos meus tempos de adolescente em que acompanhava Lyra e sonhava com a forma que o meu génio deveria ter.
O Livro do Pó - La Belle Sauvage é o primeiro volume da saga homónima e revela ser uma prequela de "Mundos Paralelos". Contudo, tal não significa que seja realmente necessário ter lido esses livros para perceber esta nova história. O mundo e aspectos principais voltam a ser explicados. Muitas personagens já conhecidas de quem leu a primeira trilogia voltam a fazer-nos companhia, inclusive Lyra, a heroína carismática da anterior trilogia. Contudo, desta vez o protagonismo é dado a uma outra personagem: Malcolm. Simpatizar com este rapazinho foi tão imediato como quando conheci Lyra. Só que enquanto esta tinha uma personalidade com a qual poderia não ser fácil de lidar, Malcolm é mais doce, responsável e carinhoso. Contudo, encerra nele uma fúria impressionante que nos faz pensar sobre o que acontece quando reprimimos tudo o que nos causa dor e frustração.
É muito enternecedor ver a forma como ele se aproxima das freiras do priorado, como ajuda os pais, trata os estranhos, protege os que ama e defende as suas convicções. Além disso, Philip Pullman continua a conseguir fazer estas personagens transmitirem e inocência e ingenuidade próprias da idade. Malcolm é credível, é muito fácil imaginá-lo como uma figura real. Além disso, é um menino muito inteligente, o que faz com que certos momentos mais introspectivo, nomeadamente conversas com o seu génio, se revelem bastante curiosos.
Apesar da maioria dos capítulos serem dedicados a Malcolm, existem outros que transmitem o ponto de vista de outras personagens. Aqui, a dra, Hannah Relf é quem se destaca. Académica cujo destino se cruza com o do protagonista, esta personagem faz a ligação com conteúdos mais pesados que estão a ser tratados entre figuras de grande poder e que fazem oposição à forma de governo vigente. Desta forma, o teor porventura mais infantil é quebrado com informações de maior relevo para o panorama geral da obra. Além disso, é através de Hannah que voltamos a ouvir falar de um aparelho de extrema relevância: o aletiómetro.
O desenrolar da acção começa de uma forma algo lenta, mas nem por isso maçadora. Adorei saborear o regresso a este universo, de conhecer as novas personagens, descobrir esta aventura e deliciar-me com as ligações à trilogia anterior. Contudo, a certo momento, o ritmo começa a acelerar até se tornar frenético. É nesta fase que percebemos a grande importância de La Belle Sauvage, canoa que surge no título da obra. É também aqui que descobrimos Alice e vemos surgir uma ligação inesperada mas muito bem conseguida.
São muitos os contratempos que Malcolm encontra ao longo da sua jornada para colocar a bebé Lyra a salvo. Alguns são facilmente transpostos para a realidade, como é o caso de Bonneville, um homem que aparenta algo que não é, capaz de tudo para alcançar as suas ambições. Outros são mais fantasiosos e levam-nos a pensar nos mistérios do mundo e na forma como estes muitas vezes são encarados. Todos estes obstáculos aumentam a tensão até às páginas finais do livro.
Concluída a leitura, posso garantir que este é um regresso feliz. O Livro do Pó- La Belle Sauvage não desilude, reunindo todos os ingredientes que cativaram em "Mundos Paralelos" ao mesmo tempo que apresenta uma história nova. Estou muito feliz por Philip Pullman ter decidido criar esta nova aventura e espero, com ansiedade, o segundo volume desta nova saga. E continuo sem conseguir decidir qual deveria ser a forma do meu génio tivesse...
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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
sábado, 16 de agosto de 2014
Opinião: A Torre dos Anjos (Mundos Paralelos #2)
Autor: Philip Pullman
Título Original: His Dark Materials - The Subtle Knife (1996)
Tradução: Maria do Rosário Monteiro
ISBN: 9722328794
Editora: Editorial Presença (2002)
Sinopse:
Depois de Os Reinos do Norte, segue-se agora A Torre dos Anjos, o segundo volume da fantástica trilogia Mundos Paralelos. Neste livro, Will, um jovem com apenas 12 anos carrega uma pesada recordação: matou um homem. Mas há outra circunstância que lhe inquieta o coração - o estranho desaparecimento do seu pai. Assim, na tentativa de descobrir o que se passou, Will salta por uma janela para outro mundo, o mundo de Cittagazze. Aí conhece Lyra, que tal como ele tem uma missão a cumprir. Mas nesta nova realidade os acontecimentos bizarros despertam uma atmosfera misteriosa, que se desenrola como pano de fundo da Torre dos Anjos, onde está guardado um poderoso segredo…Esta é um livro onde, à luz da mitologia escandinava e da tradição cristã, o autor explora a possibilidade de existirem mundos paralelos, abrindo caminho no campo da subjectividade.
Opinião:
Assim que terminei a releitura de Os Reinos do Norte soube que tinha que voltar a pegar nos dois volumes que lhe seguem. Comecei então a ler A Torre dos Anjos e voltei a ficar encantada por esta história repleta de possibilidades oferecidas através de mundos paralelos. Este livro mantém o tom juvenil, mas insere novos conteúdos e reflexões que irão fazer as delícias dos leitores mais experientes.
Se no primeiro volume Lyra era o centro de toda a acção, agora esta jovem intrépida que me cativou divide o foco com Will. Este rapaz cativa desde o primeiro momento. Ele é da realidade tal como a conhecemos, por isso é bastante fácil compreender as suas atitudes e reacções perante todas as novidades apresentadas quanto à existência de mundos paralelos. Apesar de apenas ter 12 anos, Will teve que crescer depressa devido às circunstâncias da vida, o que o levam a ser um jovem mais maduro, responsável e, assim, a ser um bom complemento a Lyra.
Existem diversos pontos que me captaram a atenção neste volume. O primeiro foi finalmente acontecer um choque entre realidades. No primeiro volume, apenas ficámos a conhecer o mundo de Lyra, mas agora conseguimos viajar por outros, sendo um deles o nosso. Adorei a forma como pequenas diferenças acabaram por fazer com que cada uma destas realidades apresentasse um desenvolvimento distinto e também o facto de todas se conseguirem ligar.
O aparecimento de novas personagens e o maior desenvolvimento de outras que já nos tinham sido apresentadas é algo que enriquece esta trama. Existem mais vilões, mais companheiros e é dado um maior destaque às feiticeiras. Gostei da ligação de um oráculo oriental ao Pó e de novas e assustadoras criaturas que parecem alimentar-se dessa substância. Componentes que tornam este Pó cada vez mais misterioso.
O desenrolar da narrativa é rápido, os acontecimentos surgem bem encadeados e puxam para a leitura. O discurso é simples, directo, mas isso não significa que os conteúdos também o sejam. A crescente mitologia e os temas tratados concedem profundidade à obra. O conceito de deus que é apresentado chamou-me a atenção, assim como alguns objectivos de certas personagens para com esta figura. Posso não concordar com todas as opiniões expressas, mas aceito-as por serem bem fundamentadas.
Agora a vontade é passar rapidamente para O Telescópio de Âmbar, o livro que encerra esta trilogia. Afinal, A Torre dos Anjos, por ser um volume intermédio, tem o papel ingrato de não iniciar nem concluir a história. É um livro focado no desenvolvimento da trama e que mostra que os mundos paralelos podem abrir inúmeras possibilidades. Tudo depende da imaginação de Philip Pullman.
Outras opiniões a livros de Philip Pullman:
Os Reinos do Norte (Mundos Paralelos #1)
Título Original: His Dark Materials - The Subtle Knife (1996)
Tradução: Maria do Rosário Monteiro
ISBN: 9722328794
Editora: Editorial Presença (2002)
Sinopse:
Depois de Os Reinos do Norte, segue-se agora A Torre dos Anjos, o segundo volume da fantástica trilogia Mundos Paralelos. Neste livro, Will, um jovem com apenas 12 anos carrega uma pesada recordação: matou um homem. Mas há outra circunstância que lhe inquieta o coração - o estranho desaparecimento do seu pai. Assim, na tentativa de descobrir o que se passou, Will salta por uma janela para outro mundo, o mundo de Cittagazze. Aí conhece Lyra, que tal como ele tem uma missão a cumprir. Mas nesta nova realidade os acontecimentos bizarros despertam uma atmosfera misteriosa, que se desenrola como pano de fundo da Torre dos Anjos, onde está guardado um poderoso segredo…Esta é um livro onde, à luz da mitologia escandinava e da tradição cristã, o autor explora a possibilidade de existirem mundos paralelos, abrindo caminho no campo da subjectividade.
Opinião:
Assim que terminei a releitura de Os Reinos do Norte soube que tinha que voltar a pegar nos dois volumes que lhe seguem. Comecei então a ler A Torre dos Anjos e voltei a ficar encantada por esta história repleta de possibilidades oferecidas através de mundos paralelos. Este livro mantém o tom juvenil, mas insere novos conteúdos e reflexões que irão fazer as delícias dos leitores mais experientes.
Se no primeiro volume Lyra era o centro de toda a acção, agora esta jovem intrépida que me cativou divide o foco com Will. Este rapaz cativa desde o primeiro momento. Ele é da realidade tal como a conhecemos, por isso é bastante fácil compreender as suas atitudes e reacções perante todas as novidades apresentadas quanto à existência de mundos paralelos. Apesar de apenas ter 12 anos, Will teve que crescer depressa devido às circunstâncias da vida, o que o levam a ser um jovem mais maduro, responsável e, assim, a ser um bom complemento a Lyra.
Existem diversos pontos que me captaram a atenção neste volume. O primeiro foi finalmente acontecer um choque entre realidades. No primeiro volume, apenas ficámos a conhecer o mundo de Lyra, mas agora conseguimos viajar por outros, sendo um deles o nosso. Adorei a forma como pequenas diferenças acabaram por fazer com que cada uma destas realidades apresentasse um desenvolvimento distinto e também o facto de todas se conseguirem ligar.
O aparecimento de novas personagens e o maior desenvolvimento de outras que já nos tinham sido apresentadas é algo que enriquece esta trama. Existem mais vilões, mais companheiros e é dado um maior destaque às feiticeiras. Gostei da ligação de um oráculo oriental ao Pó e de novas e assustadoras criaturas que parecem alimentar-se dessa substância. Componentes que tornam este Pó cada vez mais misterioso.
O desenrolar da narrativa é rápido, os acontecimentos surgem bem encadeados e puxam para a leitura. O discurso é simples, directo, mas isso não significa que os conteúdos também o sejam. A crescente mitologia e os temas tratados concedem profundidade à obra. O conceito de deus que é apresentado chamou-me a atenção, assim como alguns objectivos de certas personagens para com esta figura. Posso não concordar com todas as opiniões expressas, mas aceito-as por serem bem fundamentadas.
Agora a vontade é passar rapidamente para O Telescópio de Âmbar, o livro que encerra esta trilogia. Afinal, A Torre dos Anjos, por ser um volume intermédio, tem o papel ingrato de não iniciar nem concluir a história. É um livro focado no desenvolvimento da trama e que mostra que os mundos paralelos podem abrir inúmeras possibilidades. Tudo depende da imaginação de Philip Pullman.
Outras opiniões a livros de Philip Pullman:
Os Reinos do Norte (Mundos Paralelos #1)
quinta-feira, 10 de julho de 2014
Opinião: Os Reinos do Norte (Mundos Paralelos #1)
Autor: Philip Pullman
Título Original: His Dark Materials - Northern Lights (1995)
Tradução: Maria do Rosário Monteiro
ISBN: 9722328263
Editora: Editorial Presença (2001)
Sinopse:
Mundos Paralelos é uma trilogia mágica e poderosa, recheada de aventuras, imaginação e mistério. A sua protagonista é Lyra, uma menina de onze anos que anda sempre na companhia do seu génio. E é justamente com Pantalaimon que ela irá fazer uma perigosíssima viagem até às vastidões longínquas do Norte, para tentar desvendar os seus mistérios… Mas a realidade revela-se assustadora… Lyra irá conhecer criaturas fantásticas, feiticeiras que cruzam os céus gélidos, espectros fatais e ursos blindados numa luta terrífica entre a vida e a morte, o bem e o mal, a sobrevivência ou a aniquilação do mundo…
Opinião:
Li Os Reinos do Norte pela primeira vez quando tinha 15 anos. Lembro-me de ter ficado fascinada com a ideia dos génios, com o conceito de mundos paralelos, de ter adorado Lyra e de ter ficado maravilhada com a aventura exposta nestas páginas. Este ano, decidi voltar a entrar neste universo criado por Philip Pullman.
Foi fácil voltar a encantar-me por este livro. Os novos conceitos são apresentados com uma certa leveza, mas com o desenrolar da trama ganham uma complexidade maior do que seria suposto encontrar num livro destinado a um público tão jovem. O autor explora temáticas que geram controvérsia de uma forma maravilhosa e cativante e é interessante ver que consegue alcançar jovens e adultos de diferentes formas. Adorei constatar que muitas ideias e reflexões me passaram ao lado durante a primeira leitura deste livro, mas que agora estas tornaram-se instantâneas e forneceram maior profundidade ao livro.
Lyra, a protagonista, é uma menina que encanta com a sua audácia e também ingenuidade. Gosto muito desta protagonista que ao início apenas se preocupa com as brincadeiras típicas da idade, mas que ao longo das páginas do livro enfrenta circunstâncias difíceis e nas quais revela os seus nobres valores. Adoro a relação de Lyra com Pantalaimon. É interessante constatar o quando os dois são diferentes e se completam. Enquanto Lyra é temerária e impulsiva, Pan é ponderado e temeroso.
É claro que também existem algumas momentos ou pormenores que desta vez me causaram algumas dúvidas. O facto de Lyra ser uma criança capaz de executar todos os feitos narrados pode causar algumas estranheza, mas também está aí alguma da beleza do livro. Afinal, revela que o ser mais pequeno e dotado de menos poder pode ser capaz de grandes feitos e, assim, ser uma peça fundamental na roda da vida.
Existem outras figuras que também cativam e demonstram uma construção agradável. Lorde Asriel e a Sr.ª Coulter são duas figuras capazes de provocar sentimentos contrários. Por uma lado, mostram-se poderosos e dotados de grandes conhecimentos, o que atrai, mas por outro provam de que são capazes de qualquer coisa para atingir os seus objetivos, o que causa repulsa e incompreensão. John Faa e Farder Coram são dois homens que simbolizam a proteção e a família, o que é curioso tendo em conta que estão dentro de um grupo discriminado. Iorek Byrnison mostra que as grandes amizades podem ser encontradas junto dos seres menos prováveis.
Neste volume, é curioso constatar que não existe uma grande reflexão direta sobre ideologias e conceitos religiosos, mas estes estão sempre presentes. É possível tirar conclusões sobre as posições do autor quanto a este tópico, mas isso não faz com que outras ideias sejam colocadas de parte. Gostei bastante das revelações finais e do peso destas. É inevitável transpor as reflexões para a realidade, o que evidencia um trabalho notável.
Foi muito agradável regressar a Os Reinos do Norte. Este é o início de uma trilogia marcante dentro do género fantástico. Apresenta uma aventura estimulante, personagens carismáticas, reflexões que atingem todas as idades e ainda transmite a importância dos valores da amizade e coragem. Um livro que tanto pode ser lido por jovens como por adultos. Recomendo!
Título Original: His Dark Materials - Northern Lights (1995)
Tradução: Maria do Rosário Monteiro
ISBN: 9722328263
Editora: Editorial Presença (2001)
Sinopse:
Mundos Paralelos é uma trilogia mágica e poderosa, recheada de aventuras, imaginação e mistério. A sua protagonista é Lyra, uma menina de onze anos que anda sempre na companhia do seu génio. E é justamente com Pantalaimon que ela irá fazer uma perigosíssima viagem até às vastidões longínquas do Norte, para tentar desvendar os seus mistérios… Mas a realidade revela-se assustadora… Lyra irá conhecer criaturas fantásticas, feiticeiras que cruzam os céus gélidos, espectros fatais e ursos blindados numa luta terrífica entre a vida e a morte, o bem e o mal, a sobrevivência ou a aniquilação do mundo…
Opinião:
Li Os Reinos do Norte pela primeira vez quando tinha 15 anos. Lembro-me de ter ficado fascinada com a ideia dos génios, com o conceito de mundos paralelos, de ter adorado Lyra e de ter ficado maravilhada com a aventura exposta nestas páginas. Este ano, decidi voltar a entrar neste universo criado por Philip Pullman.
Foi fácil voltar a encantar-me por este livro. Os novos conceitos são apresentados com uma certa leveza, mas com o desenrolar da trama ganham uma complexidade maior do que seria suposto encontrar num livro destinado a um público tão jovem. O autor explora temáticas que geram controvérsia de uma forma maravilhosa e cativante e é interessante ver que consegue alcançar jovens e adultos de diferentes formas. Adorei constatar que muitas ideias e reflexões me passaram ao lado durante a primeira leitura deste livro, mas que agora estas tornaram-se instantâneas e forneceram maior profundidade ao livro.
Lyra, a protagonista, é uma menina que encanta com a sua audácia e também ingenuidade. Gosto muito desta protagonista que ao início apenas se preocupa com as brincadeiras típicas da idade, mas que ao longo das páginas do livro enfrenta circunstâncias difíceis e nas quais revela os seus nobres valores. Adoro a relação de Lyra com Pantalaimon. É interessante constatar o quando os dois são diferentes e se completam. Enquanto Lyra é temerária e impulsiva, Pan é ponderado e temeroso.
É claro que também existem algumas momentos ou pormenores que desta vez me causaram algumas dúvidas. O facto de Lyra ser uma criança capaz de executar todos os feitos narrados pode causar algumas estranheza, mas também está aí alguma da beleza do livro. Afinal, revela que o ser mais pequeno e dotado de menos poder pode ser capaz de grandes feitos e, assim, ser uma peça fundamental na roda da vida.
Existem outras figuras que também cativam e demonstram uma construção agradável. Lorde Asriel e a Sr.ª Coulter são duas figuras capazes de provocar sentimentos contrários. Por uma lado, mostram-se poderosos e dotados de grandes conhecimentos, o que atrai, mas por outro provam de que são capazes de qualquer coisa para atingir os seus objetivos, o que causa repulsa e incompreensão. John Faa e Farder Coram são dois homens que simbolizam a proteção e a família, o que é curioso tendo em conta que estão dentro de um grupo discriminado. Iorek Byrnison mostra que as grandes amizades podem ser encontradas junto dos seres menos prováveis.
Neste volume, é curioso constatar que não existe uma grande reflexão direta sobre ideologias e conceitos religiosos, mas estes estão sempre presentes. É possível tirar conclusões sobre as posições do autor quanto a este tópico, mas isso não faz com que outras ideias sejam colocadas de parte. Gostei bastante das revelações finais e do peso destas. É inevitável transpor as reflexões para a realidade, o que evidencia um trabalho notável.
Foi muito agradável regressar a Os Reinos do Norte. Este é o início de uma trilogia marcante dentro do género fantástico. Apresenta uma aventura estimulante, personagens carismáticas, reflexões que atingem todas as idades e ainda transmite a importância dos valores da amizade e coragem. Um livro que tanto pode ser lido por jovens como por adultos. Recomendo!
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