segunda-feira, 1 de junho de 2015

Opinião: Rooftoppers - Os Vagabundos dos Telhados

Título original: Rooftoppers (2013)
Autor: Katherine Rundell
Tradução: Filomena Aguiar de Vasconcelos
ISBN: 9789898730213
Editora: Lapis Azul (2015)

Sinopse:

Sophie é resgatada por Charles Maxim das águas do Canal da Mancha, após o barco em que viajava ter sofrido um naufrágio. Sozinha no mundo, a criança não terá mais de um ano e fica a viver em Londres sob a tutela provisória de Charles, que a ama e educa como uma filha de verdade. Sophie cresce na esperança de vir encontrar a mãe, perdida no naufrágio. Mas cresce também num misto de felicidade e angústia, pelo receio de um dia ser forçada a ir para um orfanato. E é naquela esperança, que no amor funde a irracionalidade da crença com a audácia e a astúcia da vontade, que chegado esse dia, Charles e Sophie decidem que há só uma saída: fugir de Londres e ir para Paris, à “caça” da mãe. É aqui que Sophie conhece os vagabundos dos telhados e os torna cúmplices leais da sua aventura. É uma história de amor e de afetos, de laços de amizade e cumplicidade, de medos, angústias, sacrifícios, de hesitações e coragem, de argúcia e destreza. Dá voz aos mais pequenos e aos ignorados e marginalizados da sociedade. Os atos mais simples são os mais generosos, e a bondade é uma virtude relembrada a cada som que a música, sempre a música de um violoncelo, vai ecoando ao longo das páginas, por cima dos telhados. E é uma história sobre a mãe. E sobre a filha. E sobre um homem que, não sendo pai, foi o melhor pai de sempre.

Opinião:

Há livros que nos são apresentados como detentores de uma história simples e destinados a um público mais jovem, mas que quando  começamos a ler somos imediatamente arrebatados pela beleza da escrita, que contém momentos que dão vontade de reler, e pela profundida de uma história que é muito mais do que aquilo que sugere. Rooftoppers - Os Vagabundos dos Telhados é um destes casos.

Logo nas primeiras páginas somos cativados pela relação entre Sophie e Charles. Não são pai e filha de sangue, mas têm uma ligação tão bonita e especial que nos levam a pensar que existem uniões feitas pelo coração que são bastante fortes. Esta afinidade faz com que Sophie se torne numa menina com sentido crítico e uma capacidade de observação incomum. Penso que com esta personagem, a autora pretende mostrar que por vezes damos importância a temas que não merecem tanta atenção e que nos esquecemos do que é realmente valioso na vida.

Charles é a minha personagem preferida. Gostei deste homem que, à primeira vista, transmite a ideia de ser distraído, irresponsável, cabeça no ar e sonhador. Se formos analisá-lo com atenção, percebemos que Charles é alguém que tem uma grande sensibilidade relativamente a todos os aspectos da vida, que é muito compreensivo, que vê o mundo de uma forma mais abrangente e completa, que sabe que a felicidade não é alcançada ao fazermos o que a sociedade espera de nós mas sim aquilo que realmente desejamos. Uma personagem muito bem conseguida.

Mas ao longo da jornada relatada nestas páginas, Sophie conhece outras pessoas. Desde uma mulher amarga que representa a repressão social a um rapaz que mora em telhados, que nos faz pensar sobre o vazio que se sente quando não se tem ninguém. Estas pessoas fazem Sophie mudar, e, por vezes, ela toma atitudes que nem sempre são bem compreendidas pelo leitor.

A narrativa pode ser dividida em duas partes. Existe uma primeira fase que acontece em Londres e corresponde à primeira fase da vida de Sophie. Vê-mo-la crescer junto de Charles e percebemos que a sua educação foi bastante peculiar. Existem momentos divertidos pelo rídiculo da situação, mas percebe-se que o amor é uma constante. Este momento termina com um acontecimento preocupante e depressa a acção muda de espaço e segue para Paris. Em Paris temos a segunda fase, que consiste na procura mais acessa pela mãe de Sophie. É aqui que o título da obra é explicado.

Apesar de considerar a ideia muito boa, a escrita bonita e a história encantadora, gostaria que a autora conseguisse transmitir as diferenças entre os ambientes de Londres e Paris. Além disso, penso que demoramos a chegar à componente que dá o título à obra e que a segunda fase da narrativa passa demasiado depressa e carece de maior desenvolvimento. O fim está bonito, mas ficam a faltar muitas explicações.

Rooftoppers - Os Vagabundos dos Telhados é um livro muito bonito, que marca pela diferença mas que faz desejar mais. Os leitores que apreciam histórias mais complexas iram sentir falta de algumas justificações e desenvolvimentos, mas a verdade é que a autora consegue passar uma bonita mensagem de esperança, para além de que transmite uma ideia de família nova e muito tocante.

2 comentários:

Rita Verdial disse...

Olá Cláudia!

Quero muito ler este livro ^^
Era esta a ideia que já me tinham passado deste Rooftoppers. Espero consegui-lo em breve.

Beijinho*

Cláudia disse...

Olá Rita.

Espero que o consigas ler em breve. Acredito que vais gostar desta leitura.

Beijinho*