segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Opinião: Cordeiro – O Evangelho Segundo Biff

Título original: Lamb: The Gospel According to Biff, Christ's Childhood Pal (2002)
Autor: Christopher Moore
Tradução: Leonor Bizarro Marques
ISBN: 9789895577019
Editora: Gailivro (2010)

Sinopse: 

Centenas de milhares de pessoas em todo o mundo leram - e releram - a história irreverente, iconoclasta e divinamente divertida da infância de Jesus Cristo, segundo o testemunho do seu amigo de infância, Levi bar Alphaeus (também conhecido por Biff). Agora, também tu poderás descobrir o que realmente aconteceu entre a manjedoura e o Sermão do Monte. Numa nova nota final, expressamente concebida para esta edição, Christopher Moore responde às questões mais colocadas pelos leitores acerca do livro e de si, desde a primeira publicação de Cordeiro. Fresco, divertido, pungente e sábio, Cordeiro tem sido alvo de regozijo para os leitores de todo o mundo.

Opinião:
“Vocês acham que sabem como esta história vai acabar, mas não sabem. Confiem em mim, eu estive lá e sei”.

É desta forma que Christopher Moore apresenta Levi bar Alphaeus, mais conhecido por Biff, o melhor amigo de Jesua. 2000 anos após a morte do Messias, foi ressuscitado com o objectivo de escrever um Evangelho que complemente os que compõe a Bíblia actual. É no quarto de hotel, tendo como guarda o anjo Raziel, que Biff recorda os tempos passados e escreve o testemunho da sua vivência com Jesus Cristo.

Biff conheceu Jesua (Jesus Cristo) quando ambos eram muito jovens, e desde então tornaram-se inseparáveis. Jesua sabia que era o filho de Deus, sabia que teria um papel preponderante para a libertação do seu povo, preocupando-se com a qualidade das suas capacidades, as quais tentava enaltecer com uma dura aprendizagem. Biff era um jovem judeu, com ambições de se tornar idiota da aldeia (mas não da sua, e sim de outra), que vivia, sem esconder, uma grande paixão por Maria, mãe de Jesua, e outra por Madá (Maria Madalena), o amor da vida de Jesua.

Apesar das diferenças entre as duas personagens, Jesua e Biff revelam uma grande cumplicidade, que mesmo nos momentos mais difíceis, não permite o abandono do outro. Jesua sente a necessidade de partir de casa para procurar os três reis magos, que profetizaram o seu nascimento. Biff acompanha o amigo nesta demanda que os leva para o Norte de África, China e Índia e os coloca em contacto com culturas diversificadas, marcadas pelo paganismo, Budismo e Hinduísmo, respectivamente.

A jornada vivida por Jesua faz com que este se aproxime cada vez mais da revelação do seu estado divino, mas é Biff, que apesar de não ser propriamente um modelo cristão, o único que o continua a fazer a ligação do Messias à sua condição humana.

Enquanto o salvador do Mundo caminha em direcção a um estado divino, Biff aprende lutas marciais, explora o campo sexual e destrói a paciência de monges.

Christopher Moore prova, com este livro, o porque de ser considerado um dos escritores mais divertidos da actualidade. O autor apresenta uma história repleta de imaginação, situações caricatas e diálogos divertidos, mas também repleta de uma grande sabedoria.

Os aspectos que mais agradaram consistem na forma como o autor integrou as mais conhecidas parábolas do Novo Testamento na jornada de Jesua e Biff, a ligação das principais crenças e religiões da época com o desenvolvimento da filosofia inerente ao Cristianismo, e, a forma como acontecimentos com uma grande relevância cristã, como a Última Ceia, foram retratados.

Contudo, o final do livro é muito abrupto, havendo algumas situações que podiam ter tido um desenvolvimento mais adequado, e outras questões que ficaram por responder. No entanto, estes aspectos menos positivos não tiram qualquer valor à história.

Cordeiro – O Evangelho Segundo Biff oferece momentos de diversão, mas também oportunidades de reflexão, e como tal, importa finalizar com um resumo de Biff relativamente aos sermões de Jesua:

“Devíamos ser amáveis com as pessoas, até mesmo com patifes

E se acreditávamos:

a) que Jesua era o Filho de Deus

b) que ele viera para nos salvar (e)

c) se reconhecêssemos em nós o Espírito Santo (tal como crianças pequenas, diria ele) (e)

d) não blasfemássemos contra o Espírito Santo (ver C)

conseguiríamos:

e) viver para sempre

f) num sítio aprazível

g) provavelmente no céu

no entanto:

h) se pecássemos (e/ou)

i) se fossemos hipócritas (e/ou)

j) se valorizássemos as coisas acima das pessoas

k) não cumprindo a, b, c e d

estaríamos

l) fodidos”

Definitivamente, uma forma diferente de apresentar a mensagem de Jesus Cristo. Um livro recomendado a todos os que gostam de leituras com sentido de humor e que não se chocam facilmente.

2 comentários:

Mil Folhas disse...

Já li este livro e gostei muito! super divertido =)

Cláudia disse...

Muito mesmo :) O Christopher Moore é um autor com um humor muito peculiar