Título original: Rebel Angels (2005)
Autor: Libba Bray
Tradução: Susana Serrão
ISBN: 9789892327624
Editora: Asa (2014)
Sinopse:
Ah, o Natal! Gemma Doyle está desejosa das férias fora da Academia Spence, de passar o tempo com as amigas na cidade, de ir a bailes elegantes e, numa nota sombria, de cuidar do pai doente. Quando se prepara para entrar no Ano Novo de 1896, um jovem bonito, Lorde Denby, parece estar interessado em conquistar Gemma. No entanto, no meio das distrações de Londres, as visões de Gemma intensificam-se - visões de três raparigas vestidas de branco, a quem algo terrível aconteceu, algo que só os reinos podem explicar...
A atração é forte, e em pouco tempo, Gemma, Felicity e Ann estão a transformar flores em borboletas no mundo encantado dos reinos a que só Gemma pode levá-las. Para grande alegria delas, a sua querida Pippa também está lá, ansiosa por completar o círculo de amizade.
Mas nem tudo está bem nos reinos - ou fora dele. O misterioso Kartik reapareceu, dizendo a Gemma que ela deve encontrar o Templo e vincular a magia, ou algo terrível irá acontecer-lhe. Gemma está disposta a fazer-lhe a vontade, apesar dos perigos que isso acarreta, pois isso significa que irá encontrar-se com a maior amiga da sua mãe - e agora sua inimiga, Circe. Até Circe ser destruída, Gemma não pode viver o seu destino. Mas encontrar Circe revela-se uma tarefa muito perigosa.
Opinião:
Fiquei muito feliz por saber que a colecção 1001 Mundos não tinha desistido da trilogia "Gemma Doyle", de Libba Bray. Depois de Uma Grandiosa e Terrível Beleza, que foi publicado em Portugal em 2011, heis que finalmente surge o segundo volume desta história, Anjos Rebeldes. Queria muito saber como esta história iria desenvolver, afinal, apesar de ter encontrado alguns pontos mais fracos no primeiro livro, também percebi que havia muito por onde explorar. Felizmente estava certa e este volume mostrou-se muito superior e mais envolvente.
Se no primeiro volume podia ter ficado a ideia de que se estava perante uma história simples, que explorava as relações entre raparigadas e que misturava a sociedade do Reino Unido do século XIX com magia e fantasia, agora percebe-se que esta trilogia é muito mais do que isso. Anjos Rebeldes apresenta tarefas duras, faz duvidar de personagens que até então foram tomadas como certas, explora as convenções de uma sociedade cheia de regras, mostra que as pessoas são resultados das suas experiências, leva a perceber que todos têm os seus segredos e ainda revela as consequências de nos apegarmos a algo que deveria ser largado.
Estou impressionada com a evolução de Gemma. Esta é uma protagonista em evolução que deixou de ser uma menina mimada para ser uma jovem com uma personalidade interessante e que já aceita as suas diferenças. Gostei do facto de a relação de Gemma com a sua família ter sido mais explorada. O amor que ela tem pelo pai e a dor que sente por o ver em situações mais degradantes é fácil de identificar e de louvar. A relação com o irmão está bem conseguida na medida em que equilibra o companheirismo com os conflitos que habitualmente se encontram nestas ligações.
O grupo de amigas de Gemma apresentou uma evolução natural mas que, em certos momentos, me fez ficar reticente. Felicity continua a ser uma jovem ambiciosa e ousada, mas muitas vezes fiquei com a sensação de que a sua relação com Gemma existia mais por interesse, o que não me permitiu confiar plenamente nela. Gostei da explicação para as suas atitudes e confesso que nem sempre sei o que pensar sobre ela. Ann pode parecer uma rapariga aborrecida, pessimista e resignada, mas fiquei com a ideia de que também é invejosa, egoísta e demasiado lamurienta. Apresentar estas características negativas não tem a intenção de criticar as personagens mas sim de admitir que fiquei surpreendida por ambas parecerem tão humanas e reais. Fico grata por não serem perfeitas e por me fazerem ter tantas dúvidas quanto a elas e por tornarem o livro mais complexo. Estou curiosa para saber o que vai ser de Felicity e Ann no livro final.
Já sabem que não sou grande fã de triângulos amorosos, mas isso acontece por ver que a maior parte cai em lugares comuns, tem pouca consistência e são previsíveis. Em Anjos Rebeldes surge um triângulo amoroso que, felizmente, não foi o ponto central da narrativa, e revelou-se bastante interessante. Já se sabia que Gemma tinha sentimentos pouco definidos por Kartik, mas agora também surge Simon. E felizmente nada disto parece forçado. Afinal, Gemma é uma jovem e os seus interesses surgem com naturalidade. É fácil perceber Kartik a cativa pela afinidade e cumplicidade, enquanto Simon parece corresponder a todos os desejos de uma jovem da época e é símbolo de estabilidade. A forma como a história desenvolve leva a escolher lados, e, no final, fica a sensação de que se tomaram as melhores opções.
O encadeamento dos acontecimentos está bem conseguido na medida em que flui com naturalidade. Tudo é explicado ou inserido num contexto plausível, o que faz com que surja a sensação de que algo foi forçado. Apreciei o facto de a maior parte da acção ser passada em Londres, o que em oposição ao espaço do colégio de Spence fornece mais possibilidades. O mundo mágico é mais explorado. Gostei de conhecer novos seres, de ver mitologia e lendas envolvidas mas fiquei com a sensação de que existe muito mais por onde ir.
Fiquei rendida a Anjos Rebeldes. Sempre que conseguia pegava neste livro para descobrir o que ia acontecer a Gemma e que mais mistérios iam ser desvendados. Quando cheguei à última página, senti que um ciclo desta trama tinha terminado, mas que, ao mesmo tempo, estava a ser preparado um desafio muito maior que irá ser apresentado no derradeiro livro desta trilogia. Por isso, fica a sensação de que o objectivo deste livro foi cumprido e fica também a vontade de que a conclusão da trilogia não demore muito a chegar.
Outras opiniões de livros de Libba Bray:
Uma Grandiosa e Terrível Beleza (Gemma Doyle #1)
Os Adivinhos (Os Adivinhos #1)
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quinta-feira, 7 de agosto de 2014
sábado, 4 de janeiro de 2014
Opinião: Uma Grandiosa e Terrível Beleza
Título original: A Great and Terrible Beauty (2003)
Autor: Libba Bray
Tradução: Susana Serrão
ISBN: 9789895578702
Editora: Gailivro (2011)
Sinopse:
Gemma Doyle não é igual às outras raparigas de postura irrepreensível, que só falam quando interpeladas, que conservam a postura, que permanecem deitadas e que pensam na Inglaterra quando lhes é pedido. Não, Gemma é uma ilha. Aos dezasseis anos é enviada para a Academia Spence, em Londres, após uma tragédia que assombrou a sua família na Índia. Sozinha, carregando o peso da culpa e propensa a visões do futuro que têm o mau hábito de se concretizar, Gemma é alvo de uma recepção gelada. Mas Gemma não está só… ela foi seguida por um jovem misterioso, que quer que a sua mente se feche às visões. Em Spencer os poderes de Gemma ganham força. Ela vê-se enredada com as raparigas mais influentes da escola e descobre a ligação da sua mãe a um grupo obscuro conhecido por a Ordem. E será aí que o seu destino a espera… se Gemma acreditar nele. "Uma Grandiosa e Terrível Beleza" é o tipo de livro que não conseguimos largar… É uma vasta tapeçaria de saias rodadas, de sombras dançantes e de coisas que se escondem na escuridão. É um retrato vivo da época vitoriana, altura em que as raparigas eram educadas para serem esposas de homens ricos… E é a história de uma rapariga que viu um caminho diferente.
Opinião:
Depois de ter gostado tanto de Os Adivinhos, fiquei com vontade de conhecer outras obras de Libba Bray. Foi assim que me voltei a deparar com Uma Grandiosa e Terrível Verdade, um livro que já tinha visto nas estantes das livrarias mas que nunca tinha realmente cativado a atenção. Até há bem pouco tempo.
Logo no início da leitura houve vários aspectos que me agradaram. A autora sabe transportar o leitor, sem o maçar com descrições demasiado detalhadas, para ambientes bem distintos, sendo possível sentir a azáfama, vida e calor da Índia para logo a seguir sentirmos a frieza, etiqueta e rigidez de Londres na época vitoriana. Confirmei também que Libba Bray consegue criar personagens reais, humanas, que tanto nos incomodam com as suas imperfeições como nos cativan.
Destaco Gemma Doyle, a protagonista que reconhece ser mimada e teimosa, mas que acaba por ser envolver numa intriga que a faz amadurecer, fazer escolhas, perceber o quão dura a vida pode ser e até pensar até que ponto o perdão é relevante para que se aceite a si própria. Também apreciei bastante o grupo de amigas que Gemma encontrou em Spencer, sendo Felicity a representação da ambição feminina num mundo de homens, Pippa o exemplo de uma menina que se confronta com um casamento-contrato e Ann a jovem que reconhece nunca ter o futuro com que sonha devido às suas origens.
Ao ficar a conhecer estas raparigas, o leitor é levado, inevitavelmente, a reflectir sobre a condição feminina nesta época. Percebe-se perfeitamente a dor que estas jovens sentem por não se conseguirem fazer ouvir, por se sentirem objectos de exibição e por verem os seus sonhos e liberdade cada vez mais distantes. Contudo, é também curioso ver o conformismo da situação inversa em figuras mais românticas e sonhadoras. Libba Bray consegue ainda evocar a ideia de que o ser humano não é perfeito, pois tanto é detentor de luz como de escuridão. Desta forma, a autora mostra através das suas personagens e dos desafios que estas enfrentam de que as escolhas são crucias para a exaltação do bem ou do mal.
Apesar de este livro me ter agradado, a verdade é que também teve momentos menos entusiasmantes. A ação tinha um bom encadeamento, mas certos factos que deveriam ser mistério acabaram por se revelar demasiado previsiveis, o que quebrou um pouco a magia da leitura. A componente fantástica é interessante, mas os seus elementos mais cruciais acabam por não ser explorados da forma que era desejada.
Uma Grandiosa e Terrível Beleza é apenas o primeiro volume de uma trilogia e, apesar dos seus pontos fracos, cativou-me e fez ter vontade de continuar a acompanhar as aventuras destas jovens. Um livro curioso e que recomendo aos fãs de histórias com um teor mais obscuro e que misture fantasia com história.
Outras opiniões a livros de Libba Bray:
Os Adivinhos (Os Adivinhos #1)
Autor: Libba Bray
Tradução: Susana Serrão
ISBN: 9789895578702
Editora: Gailivro (2011)
Sinopse:
Gemma Doyle não é igual às outras raparigas de postura irrepreensível, que só falam quando interpeladas, que conservam a postura, que permanecem deitadas e que pensam na Inglaterra quando lhes é pedido. Não, Gemma é uma ilha. Aos dezasseis anos é enviada para a Academia Spence, em Londres, após uma tragédia que assombrou a sua família na Índia. Sozinha, carregando o peso da culpa e propensa a visões do futuro que têm o mau hábito de se concretizar, Gemma é alvo de uma recepção gelada. Mas Gemma não está só… ela foi seguida por um jovem misterioso, que quer que a sua mente se feche às visões. Em Spencer os poderes de Gemma ganham força. Ela vê-se enredada com as raparigas mais influentes da escola e descobre a ligação da sua mãe a um grupo obscuro conhecido por a Ordem. E será aí que o seu destino a espera… se Gemma acreditar nele. "Uma Grandiosa e Terrível Beleza" é o tipo de livro que não conseguimos largar… É uma vasta tapeçaria de saias rodadas, de sombras dançantes e de coisas que se escondem na escuridão. É um retrato vivo da época vitoriana, altura em que as raparigas eram educadas para serem esposas de homens ricos… E é a história de uma rapariga que viu um caminho diferente.
Opinião:
Depois de ter gostado tanto de Os Adivinhos, fiquei com vontade de conhecer outras obras de Libba Bray. Foi assim que me voltei a deparar com Uma Grandiosa e Terrível Verdade, um livro que já tinha visto nas estantes das livrarias mas que nunca tinha realmente cativado a atenção. Até há bem pouco tempo.
Logo no início da leitura houve vários aspectos que me agradaram. A autora sabe transportar o leitor, sem o maçar com descrições demasiado detalhadas, para ambientes bem distintos, sendo possível sentir a azáfama, vida e calor da Índia para logo a seguir sentirmos a frieza, etiqueta e rigidez de Londres na época vitoriana. Confirmei também que Libba Bray consegue criar personagens reais, humanas, que tanto nos incomodam com as suas imperfeições como nos cativan.
Destaco Gemma Doyle, a protagonista que reconhece ser mimada e teimosa, mas que acaba por ser envolver numa intriga que a faz amadurecer, fazer escolhas, perceber o quão dura a vida pode ser e até pensar até que ponto o perdão é relevante para que se aceite a si própria. Também apreciei bastante o grupo de amigas que Gemma encontrou em Spencer, sendo Felicity a representação da ambição feminina num mundo de homens, Pippa o exemplo de uma menina que se confronta com um casamento-contrato e Ann a jovem que reconhece nunca ter o futuro com que sonha devido às suas origens.
Ao ficar a conhecer estas raparigas, o leitor é levado, inevitavelmente, a reflectir sobre a condição feminina nesta época. Percebe-se perfeitamente a dor que estas jovens sentem por não se conseguirem fazer ouvir, por se sentirem objectos de exibição e por verem os seus sonhos e liberdade cada vez mais distantes. Contudo, é também curioso ver o conformismo da situação inversa em figuras mais românticas e sonhadoras. Libba Bray consegue ainda evocar a ideia de que o ser humano não é perfeito, pois tanto é detentor de luz como de escuridão. Desta forma, a autora mostra através das suas personagens e dos desafios que estas enfrentam de que as escolhas são crucias para a exaltação do bem ou do mal.
Apesar de este livro me ter agradado, a verdade é que também teve momentos menos entusiasmantes. A ação tinha um bom encadeamento, mas certos factos que deveriam ser mistério acabaram por se revelar demasiado previsiveis, o que quebrou um pouco a magia da leitura. A componente fantástica é interessante, mas os seus elementos mais cruciais acabam por não ser explorados da forma que era desejada.
Uma Grandiosa e Terrível Beleza é apenas o primeiro volume de uma trilogia e, apesar dos seus pontos fracos, cativou-me e fez ter vontade de continuar a acompanhar as aventuras destas jovens. Um livro curioso e que recomendo aos fãs de histórias com um teor mais obscuro e que misture fantasia com história.
Outras opiniões a livros de Libba Bray:
Os Adivinhos (Os Adivinhos #1)
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Opinião: Os Adivinhos (Os Adivinhos #1)
Título original: The Diviners (2012)
Autor: Libba Bray
Tradução: Carmo Vasconcelos Romão
ISBN: 9789892324692
Editora: Asa (2013)
Sinopse:
Evie O'Neill foi exilada da sua monótona e pacata cidade natal e enviada para as agitadas ruas de Nova Iorque - e fica radiante! Nova Iorque é a cidade dos bares clandestinos, das compras e dos cinemas! Pouco depois, Evie começa a andar com as glamorosas «Ziegfield Girls» e com atraentes carteiristas. O único problema é que Evie tem de viver com o seu tio Will, curador do Museu Americano de Folclore, Superstição e Ocultismo - também conhecido como «O Museu dos Arrepios», homem com uma pouso saudável obsessão pelo oculto.
Evie receia que ele descubra o seu segredo mais sombrio: um poder sobrenatural que até ao momento só lhe causou problemas. Porém, quando a polícia encontra uma rapariga morta que tem um estranho símbolo gravado na testa e Will é chamado ao local, Evie percebe que o seu dom pode ajudar a apanhar o assassino em série.
Quando Evie mergulha de cabeça numa dança com um assassino, outras histórias se desenrolam na cidade que nunca dorme. Um jovem chamado Memphis é apanhado entre dois mundos. Uma corista chamada Theta anda a fugir do seu passado. Um estudante chamado Jericho esconde um segredo chocante. E sem que ninguém saiba, algo sombrio e maligno despertou.
Opinião:
Os Adivinhos foi, para mim, uma das grandes surpresas literárias deste ano. Libba Bray conseguiu criar uma trama envolvente onde não faltam momentos de tensão, acção e até comédia. A autora une a euforia de Nova Iorque dos loucos anos 20 à intriga digna de um policial, ao misticismo de uma história de fantasia e ao suspense de um enredo de horror, dando origem a uma obra original e refrescante.
Evie é a protagonista deste livro que marca o início de uma trilogia. Não é fácil gostar desta personagem nas primeiras páginas. Dona de uma personalidade vincada, revela-se egoísta, superficial, egocêntrica, teimosa e com necessidade de se destacar. Contudo, o facto de Evie não ser a típica menina correcta é, sem dúvida, uma mais-valia, Afinal, esta jovem divertida e inesperada acaba por provar que muito do que demonstra não passa de uma máscara criada para afastar sofrimento e que muitas das suas atitudes acabam por ser bem-intencionadas. Ao longo da narrativa ela evolui, começa a olhar mais para os outros e a ter em consideração os seus sentimentos. O seu sentido de humor, porém, permanece inalterado, o que faz dela uma jovem refrescante e muito atraente, mesmo nos momentos em que parece não estar a ser correcta.
Evie é o motor desta trama, mas acaba por estar rodeada de outras figuras que também possuem uma grande força. Destaco Will, o tio de Evie que sugere um passado interessante e que condiciona as suas ações ao longo da história; Jericho, um rapaz que revela ser mais do que aparenta numa primeira análise; Theta, uma corista irreverente que esconde uma profunda dor; Sam, um rapaz que tem tanto de galante como de aldrabão; e Mabel, uma menina doce e romântica que não ousa desafiar as ordens dos pais. Todas estas personagens apresentam uma dimensão credível, são mutáveis e propiciam momentos pertinentes para o desenrolar da narrativa.
O enredo é cativante e está muito bem conseguido. A autora sabe como fazer o leitor agarrar-se à leitura. Inicialmente, parece tratar-se de uma trama mais leve, mas com o desenrolar da narrativa vai-se assistindo a um crescer da intensidade do clima, dos acontecimentos, assim como da complexidade da história. As luzes e animação das festas de Nova Iorque acabam por dar lugar ao negro de locais onde decorrem crimes e onde grandes segredos se escondem. Esta dualidade está bem conseguida e é aliciante. Em todo o livro existe uma deliciosa combinação entre a comédia, o suspense e até o horror. É impossível não sorrir com algumas das expressões de Evie ou de não ficar perturbado com alguns dos cenários mais macabros. A resolução do caso é coerente e convence.
As descrições existem na medida certa e transportam facilmente para a época. Quase que é possível ouvir os sons da cidade, assistir ao movimento nas ruas, perceber a animação das festas e sentir a expectativa por um futuro iminente que sugere estar repleto de grandes inovações e conquistas. Já os momentos mais negros, conseguem incomodar e isso é ótimo. Com o passar das páginas, percebe-se que o clima de terror aumenta. Os cenários de crime estão bem conseguidos pela sua execução e a proximidade das vítimas momentos antes de estas serem executadas faz surgir um peso acentuado quando se dá a concretização do crime. É inevitável desejar que tal não aconteça, afinal já se criou uma afeição à personagem.
O conceito de "Adivinhos" é apresentado mas acaba por não ter sido exposto na sua plenitude. Percebe-se que existem diversas pessoas dotadas de capacidades sobrenaturais únicas e que estas têm um papel maior na salvação do mundo do que poderiam imaginar. Contudo, nada disto é realmente revelado. Existem certas personagens mais misteriosas que acabam por sugerir estas ideias e que deixam no ar a noção de que algo de importante e perigoso está a chegar, mas tal não é desenvolvido neste volume. Resta então esperar pelos próximos livros desta trilogia para perceber até onde Libba Bray irá explorar os seus "Adivinhos".
Os Adivinhos é uma leitura impressionante. Repleta de surpresas e muita emoção, é sem dúvida uma publicação que vai fazer as delícias dos fãs de romances sobrenaturais repletos de mistério e ação. Recomendo!
Nota:
Não esqueçam que estou a sortear um exemplar deste livro aqui. Participem no passatempo!
Autor: Libba Bray
Tradução: Carmo Vasconcelos Romão
ISBN: 9789892324692
Editora: Asa (2013)
Sinopse:
Evie O'Neill foi exilada da sua monótona e pacata cidade natal e enviada para as agitadas ruas de Nova Iorque - e fica radiante! Nova Iorque é a cidade dos bares clandestinos, das compras e dos cinemas! Pouco depois, Evie começa a andar com as glamorosas «Ziegfield Girls» e com atraentes carteiristas. O único problema é que Evie tem de viver com o seu tio Will, curador do Museu Americano de Folclore, Superstição e Ocultismo - também conhecido como «O Museu dos Arrepios», homem com uma pouso saudável obsessão pelo oculto.
Evie receia que ele descubra o seu segredo mais sombrio: um poder sobrenatural que até ao momento só lhe causou problemas. Porém, quando a polícia encontra uma rapariga morta que tem um estranho símbolo gravado na testa e Will é chamado ao local, Evie percebe que o seu dom pode ajudar a apanhar o assassino em série.
Quando Evie mergulha de cabeça numa dança com um assassino, outras histórias se desenrolam na cidade que nunca dorme. Um jovem chamado Memphis é apanhado entre dois mundos. Uma corista chamada Theta anda a fugir do seu passado. Um estudante chamado Jericho esconde um segredo chocante. E sem que ninguém saiba, algo sombrio e maligno despertou.
Opinião:
Os Adivinhos foi, para mim, uma das grandes surpresas literárias deste ano. Libba Bray conseguiu criar uma trama envolvente onde não faltam momentos de tensão, acção e até comédia. A autora une a euforia de Nova Iorque dos loucos anos 20 à intriga digna de um policial, ao misticismo de uma história de fantasia e ao suspense de um enredo de horror, dando origem a uma obra original e refrescante.
Evie é a protagonista deste livro que marca o início de uma trilogia. Não é fácil gostar desta personagem nas primeiras páginas. Dona de uma personalidade vincada, revela-se egoísta, superficial, egocêntrica, teimosa e com necessidade de se destacar. Contudo, o facto de Evie não ser a típica menina correcta é, sem dúvida, uma mais-valia, Afinal, esta jovem divertida e inesperada acaba por provar que muito do que demonstra não passa de uma máscara criada para afastar sofrimento e que muitas das suas atitudes acabam por ser bem-intencionadas. Ao longo da narrativa ela evolui, começa a olhar mais para os outros e a ter em consideração os seus sentimentos. O seu sentido de humor, porém, permanece inalterado, o que faz dela uma jovem refrescante e muito atraente, mesmo nos momentos em que parece não estar a ser correcta.
Evie é o motor desta trama, mas acaba por estar rodeada de outras figuras que também possuem uma grande força. Destaco Will, o tio de Evie que sugere um passado interessante e que condiciona as suas ações ao longo da história; Jericho, um rapaz que revela ser mais do que aparenta numa primeira análise; Theta, uma corista irreverente que esconde uma profunda dor; Sam, um rapaz que tem tanto de galante como de aldrabão; e Mabel, uma menina doce e romântica que não ousa desafiar as ordens dos pais. Todas estas personagens apresentam uma dimensão credível, são mutáveis e propiciam momentos pertinentes para o desenrolar da narrativa.
O enredo é cativante e está muito bem conseguido. A autora sabe como fazer o leitor agarrar-se à leitura. Inicialmente, parece tratar-se de uma trama mais leve, mas com o desenrolar da narrativa vai-se assistindo a um crescer da intensidade do clima, dos acontecimentos, assim como da complexidade da história. As luzes e animação das festas de Nova Iorque acabam por dar lugar ao negro de locais onde decorrem crimes e onde grandes segredos se escondem. Esta dualidade está bem conseguida e é aliciante. Em todo o livro existe uma deliciosa combinação entre a comédia, o suspense e até o horror. É impossível não sorrir com algumas das expressões de Evie ou de não ficar perturbado com alguns dos cenários mais macabros. A resolução do caso é coerente e convence.
As descrições existem na medida certa e transportam facilmente para a época. Quase que é possível ouvir os sons da cidade, assistir ao movimento nas ruas, perceber a animação das festas e sentir a expectativa por um futuro iminente que sugere estar repleto de grandes inovações e conquistas. Já os momentos mais negros, conseguem incomodar e isso é ótimo. Com o passar das páginas, percebe-se que o clima de terror aumenta. Os cenários de crime estão bem conseguidos pela sua execução e a proximidade das vítimas momentos antes de estas serem executadas faz surgir um peso acentuado quando se dá a concretização do crime. É inevitável desejar que tal não aconteça, afinal já se criou uma afeição à personagem.
O conceito de "Adivinhos" é apresentado mas acaba por não ter sido exposto na sua plenitude. Percebe-se que existem diversas pessoas dotadas de capacidades sobrenaturais únicas e que estas têm um papel maior na salvação do mundo do que poderiam imaginar. Contudo, nada disto é realmente revelado. Existem certas personagens mais misteriosas que acabam por sugerir estas ideias e que deixam no ar a noção de que algo de importante e perigoso está a chegar, mas tal não é desenvolvido neste volume. Resta então esperar pelos próximos livros desta trilogia para perceber até onde Libba Bray irá explorar os seus "Adivinhos".
Os Adivinhos é uma leitura impressionante. Repleta de surpresas e muita emoção, é sem dúvida uma publicação que vai fazer as delícias dos fãs de romances sobrenaturais repletos de mistério e ação. Recomendo!
Nota:
Não esqueçam que estou a sortear um exemplar deste livro aqui. Participem no passatempo!
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