Título original: A Great and Terrible Beauty (2003)
Autor: Libba Bray
Tradução: Susana Serrão
ISBN: 9789895578702
Editora: Gailivro (2011)
Sinopse:
Gemma Doyle não é igual às outras raparigas de postura irrepreensível, que só falam quando interpeladas, que conservam a postura, que permanecem deitadas e que pensam na Inglaterra quando lhes é pedido. Não, Gemma é uma ilha. Aos dezasseis anos é enviada para a Academia Spence, em Londres, após uma tragédia que assombrou a sua família na Índia. Sozinha, carregando o peso da culpa e propensa a visões do futuro que têm o mau hábito de se concretizar, Gemma é alvo de uma recepção gelada. Mas Gemma não está só… ela foi seguida por um jovem misterioso, que quer que a sua mente se feche às visões. Em Spencer os poderes de Gemma ganham força. Ela vê-se enredada com as raparigas mais influentes da escola e descobre a ligação da sua mãe a um grupo obscuro conhecido por a Ordem. E será aí que o seu destino a espera… se Gemma acreditar nele. "Uma Grandiosa e Terrível Beleza" é o tipo de livro que não conseguimos largar… É uma vasta tapeçaria de saias rodadas, de sombras dançantes e de coisas que se escondem na escuridão. É um retrato vivo da época vitoriana, altura em que as raparigas eram educadas para serem esposas de homens ricos… E é a história de uma rapariga que viu um caminho diferente.
Opinião:
Depois de ter gostado tanto de Os Adivinhos, fiquei com vontade de conhecer outras obras de Libba Bray. Foi assim que me voltei a deparar com Uma Grandiosa e Terrível Verdade, um livro que já tinha visto nas estantes das livrarias mas que nunca tinha realmente cativado a atenção. Até há bem pouco tempo.
Logo no início da leitura houve vários aspectos que me agradaram. A autora sabe transportar o leitor, sem o maçar com descrições demasiado detalhadas, para ambientes bem distintos, sendo possível sentir a azáfama, vida e calor da Índia para logo a seguir sentirmos a frieza, etiqueta e rigidez de Londres na época vitoriana. Confirmei também que Libba Bray consegue criar personagens reais, humanas, que tanto nos incomodam com as suas imperfeições como nos cativan.
Destaco Gemma Doyle, a protagonista que reconhece ser mimada e teimosa, mas que acaba por ser envolver numa intriga que a faz amadurecer, fazer escolhas, perceber o quão dura a vida pode ser e até pensar até que ponto o perdão é relevante para que se aceite a si própria. Também apreciei bastante o grupo de amigas que Gemma encontrou em Spencer, sendo Felicity a representação da ambição feminina num mundo de homens, Pippa o exemplo de uma menina que se confronta com um casamento-contrato e Ann a jovem que reconhece nunca ter o futuro com que sonha devido às suas origens.
Ao ficar a conhecer estas raparigas, o leitor é levado, inevitavelmente, a reflectir sobre a condição feminina nesta época. Percebe-se perfeitamente a dor que estas jovens sentem por não se conseguirem fazer ouvir, por se sentirem objectos de exibição e por verem os seus sonhos e liberdade cada vez mais distantes. Contudo, é também curioso ver o conformismo da situação inversa em figuras mais românticas e sonhadoras. Libba Bray consegue ainda evocar a ideia de que o ser humano não é perfeito, pois tanto é detentor de luz como de escuridão. Desta forma, a autora mostra através das suas personagens e dos desafios que estas enfrentam de que as escolhas são crucias para a exaltação do bem ou do mal.
Apesar de este livro me ter agradado, a verdade é que também teve momentos menos entusiasmantes. A ação tinha um bom encadeamento, mas certos factos que deveriam ser mistério acabaram por se revelar demasiado previsiveis, o que quebrou um pouco a magia da leitura. A componente fantástica é interessante, mas os seus elementos mais cruciais acabam por não ser explorados da forma que era desejada.
Uma Grandiosa e Terrível Beleza é apenas o primeiro volume de uma trilogia e, apesar dos seus pontos fracos, cativou-me e fez ter vontade de continuar a acompanhar as aventuras destas jovens. Um livro curioso e que recomendo aos fãs de histórias com um teor mais obscuro e que misture fantasia com história.
Outras opiniões a livros de Libba Bray:
Os Adivinhos (Os Adivinhos #1)
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