Título original: Child of the Prophecy (2000)
Autor: Juliet Marillier
Tradutor: Irene Daun e Lorena e Nuno Daun e Lorena
ISBN: 9722512714
Editora: Bertrand Editora (2006)
Sinopse:
Fainne foi criada numa enseada isolada da costa de Kerry, com uma infância dominada pela solidão. Mas o pai, filho exilado de Sevenwaters, ensina-lhe tudo o que sabe sobre artes mágicas. Esta existência pacífica é ameaçada pelo surgimento da avó da rapariga, a terrível lady Oonagh, que se impõe na vida na neta. Com a perversidade que a caracteriza, a feiticeira informa Fainne do legado que traz dentro de si: o sangue de uma linhagem maldita de feiticeiros, incutindo na jovem um sentimento de ódio profundo e, ao mesmo tempo, incumbindo-a de uma tarefa que a deixará aterrorizada. Enviada para Sevenwaters com o objectivo de destruí-la, Fainne irá usar todos os seus poderes mágicos para impedir o cumprimento de uma profecia.
Opinião:
Depois de ter relido os dois volumes anteriores da trilogia Sevenwaters, fiquei com vontade de também pegar no terceiro. A oportunidade chegou agora e eu aproveitei. Lembro-me que quando li estes livros pela primeira vez, A Filha da Profecia foi aquele que menos me cativou. Não me lembrava ao certo das razões, mas ao reler, claro que recordei. Curiosamente, aqueles que tinham sido apontados como pontos fracos foram agora vistos com outros olhos (parece que ao reler conseguimos mesmo descobrir coisas diferentes).
A protagonista deste volume é Fainne, uma jovem muito diferente das duas heroínas anteriores e que só desta vez me prendeu da mesma forma que Sorcha ou Liadam. Percebo agora que ela travou uma luta muito diferente. Fainne acredita que é maligna., contudo tem um coração bom. Assim, torna-se numa rapariga com medo de si própria e pouco confiante nas suas capacidades. É curioso e interessante ver que a sua personalidade possui traços de Ciarán e Niamh. Realmente Juliet Marillier é uma contadora de histórias atenta aos detalhes.
A jornada de Fainne é também diferente. Primeiro porque não se inicia em Sevenwaters e porque ela aparenta não ter ligação a esse local. Depois porque tem um objectivo primário de vingança. Ao longo do seu percurso assiste-se a lutas internas, o que deixa transparecer a capacidade crítica desta personagem. É curioso ver personagens que já encantaram em volumes anteriores do ponto de vista de estranhos. Nós conhecemos aquelas figuras, sabemos quais são as suas intenções, mas Fainne não. Isso gera algumas situações que o leitor não deseja, mas que fazem sentido. Fainne acaba assim por gerar sentimentos contraditórios, mas também volta a por em evidência a capacidade da autora surpreender.
As personagens secundárias voltam a ter papéis fucrais e continuam fortes, tal como Juliet nos habituou. Confesso que gostei do lutador e persistente Darragh e Johnny cativou tal como as filhas de Sean avisaram (foi interessante ver estas meninas depois de ter lido os livros que protagonizam). Quanto às figuras que já eram conhecidas, destaco Ciarán e Eamonn. Ciarán sempre foi uma personagem envolta em mistérios, sofredora e que me prende. Quero sempre saber mais sobre ele e quando surge nota-se um ambiente diferente na leitura. Eamonn é uma figura que está muito bem conseguida, que consegue fazer-me sentir pena e aversão. É impossível ficar-lhe indiferente.
A escrita de Juliet encanta. A autora tem a capacidade de embalar o leitor com as suas palavras, aventuras, dilemas. Contudo, o trabalho de tradução não esteve ao nível que este autora merecia. Foram muitas as gralhas encontradas, sendo que a maior falha ocorreu mesmo ao nível da tradução do título e ao ser ocultada uma parte do texto original.
Percebo que a editora quis dar seguimento à palavra "filho/a" no título desta obra, de forma a que o leitor criasse uma ligação entre todos os volumes, contudo viu-se que esta foi uma escolha feita sem se ter em consideração a história. O título original pode ser livremente traduzido para "A Criança da Profecia". A opção da Bertrand desvenda rapidamente um dos maiores enigmas desta trama e o leitor perde com isso. Quanto à parte do texto, trata-se de uma canção presente num momento de redenção, sendo especialmente emotiva. Não percebo a decisão de não a incluírem na versão portuguesa da obra, e sinto que, infelizmente, tenho um livro incompleto. Na caixa de spoiler podem ler o texto original.
Esta ser uma releitura que muito me agradou, Penso que a realização dos acontecimentos descritos na profecia estão curiosos,
contudo existem alguns que parecem surgir de uma forma demasiado
repentina. Juliet Marillier sempre disse que escreve
para inspirar e procura sempre um final feliz, mas este pareceu-me ser um
pouco forçado.
A Filha da Profecia fecha este primeiro ciclo de Sevenwaters. Muitos dos enigmas que eram levantados nos dois volumes anteriores estão agora desvendados e o equilíbrio retomado de uma forma inesperada. Uma leitura marcante e que encerra uma das trilogias que mais acarinho. Claro que recomendo.
Outras opiniões a livros de Juliet Marillier:
A Filha da Floresta (Sevenwaters #1)
O Filho das Sombras (Sevenwaters #2)
A Vidente de Sevenwaters (Sevenwaters #5)
A Chama de Sevenwaters (Sevenwaters #6)
Sangue-do-Coração
Shadowfell (Shadowfell #1)
10 comentários:
Falta-me reler este para publicar a opinião! Adoro, adoro esta trilogia <3
E é tão bom lá voltar :)
Sevenwaters é uma trilogia magnífica ! Deste-me vontade de reler :)
E não me sinto culpada por isso Jacqueline ;)*
Tem o livro pra vender? eu nao acho :s
Olá Vitória. Não vendo livros através do blogue. O melhor é perguntar em livrarias e, caso não tenham, encomendar.
Sevenwaters me encantou. Há muito procurava uma trilogia que me deixasse com aquele vazio quando terminasse. rs
Gostei muito da escrita, é leve, rica e intensa. Você sente o personagem.
Verdade Jéssica. Concordo com cada palavra :)
Terminei de ler o último livro fazem poucas horas e para curar aquela sensação de vazio depois de terminado um livro, fui procurar resenhas para ouvir outras opiniões e descobri esse blog rsrs. Adorei a resenha desse livro como dos outros dois da trilogia, meus parabéns a autora do blog.
Quanto ao livro, Fainne não me cativou como Sorcha ou Liadan mas a narração da Juliet Marillier é espetacular.
Obrigada pela mensagem Lauro!
Fainne é muito diferente de Sorcha e Liadan, duas figuras que cativaram imediatamente. Contudo, esta protagonista tem assim algo de diferente e é interessante ver como ela apresenta uma nova visão da história. Um beijinho*
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