segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Opinião: A Chama de Sevenwaters (Sevenwaters #6)

Título original: Flame of Sevenwaters (2012)
Autor: Juliet Marillier 
Tradução: Catarina F. Almeida 
ISBN: 9789896574154
Editora: Planeta (2013)

Sinopse:

Dez anos depois do terrível incêndio que quase lhe custou a vida, Maeve, filha de Lorde Sean de Sevenwaters, regressa a casa. Traz nas mãos disformes as marcas desse acidente e dentro de si a coragem férrea de Liadan e Bran, os pais adoptivos, e um dom muito especial para lidar com os animais mais difíceis. Embora as cicatrizes se tenham fechado, Maeve ainda teme as sombras do passado — e o regresso a casa não se faz sem dificuldades. Até porque Sevenwaters está à beira do caos.

Opinião:

Juliet Marillier conquistou uma legião de fãs ao apresentar heroínas inspiradoras que vivem jornadas intensas onde a bondade, coragem e abnegação são essenciais. Assim, sendo, a história de Maeve, a protagonista deste novo livro dedicado à amada série Sevenwaters não é excepção.

Jovem marcada no corpo e na alma por um terrível acidente que ocorreu há 10 anos, Maeve refugiou-se na casa dos tios Liadan e Bran. Nesse local pequeno e familiar, aprendeu a aceitar as suas limitações e a tornar-se independente. Contudo, chegou o dia de voltar à casa dos pais, Sean, o senhor de Sevenwaters.

As dificuldades físicas desta protagonista fazem com que a empatia seja imediata. O leitor sente a dor desta jovem com a face marcada e as mãos incapazes, percebe as suas dificuldades em questões quotidianas e as suas dificuldades sociais. É com interesse que se descortina a máscara criada por Maeve com o intuito de protecção, o que acaba por lhe fornecer uma maior complexidade. Por um lado, existe uma jovem que já aceitou a sua condição e o seu destino, por outro há uma sonhadora que quer mais da vida.

Desde o início da leitura, é possível constatar que esta é uma personagem dotada de um dom especial relacionado com os animais. Maeve tem a capacidade única de domar animais selvagens com simples palavras ou gestos. Apesar de esta ser uma boa ideia da autora que tanto ama animais, poderá ser considerada demasiado forçada em certas circunstâncias.

Com o desenrolar da ação, o leitor fica também a conhecer melhor Finbar. É de recordar que esta personagem foi fundamental para a acção do livro O Herdeiro de Sevenwaters, apesar de nesse volume surgir enquanto bebé. Agora, já mais velho, revela-se uma criança peculiar, que vai fazer as delícias de quem ficou cativado com o seu homónimo e tio-avô.

Ainda relativamente às personagens, destaco o papel de Ciarán. O druida misterioso cuja história foi possível acompanhar nos volumes anteriores, finalmente encontra um propósito concreto. Esta é sem dúvida uma das personagens mais interessantes de Juliet Marillier, e é com um misto de alegria e tristeza que se descobre o fim que lhe foi reservado.

Relativamente à inevitável história de amor, esta não é convincente. O leitor atento e já conhecedor das artimanhas da autora perceberá desde o início o destino que Juliet reserva para Maeve. Quando tal acontece, a relação vai parecer evoluir de uma forma demasiado rápida e forçada, não satisfazendo quem anseia um romance intenso e mais consistente.

Ao longo da leitura é interessante verificar a forma como as limitações de Maeve vão ficando subtilmente menos evidentes. A autora começa a destacar as potencialidades desta protagonista, transmitindo a ideia de que para se ser útil e capaz só é preciso ter força de vontade.

A Chama de Sevenwaters é um livro inspirador, que volta a focar a temática da superação e da consequência das boas ações. Apesar de este volume ficar aquém dos três primeiros livros de Sevenwaters (A Filha da Floresta, O Filho das Sombras e A Filha da Profecia), é de salientar que está superior aos dois que lhe antecedem (O Herdeiro de Sevenwaters e A Vidente de Sevenwaters). Uma boa leitura. 

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