Título original: Flame of Sevenwaters (2012)
Autor: Juliet Marillier
Tradução: Catarina F. Almeida
ISBN: 9789896574154
Editora: Planeta (2013)
Sinopse:
Dez anos depois do terrível incêndio que quase lhe custou a vida, Maeve, filha de Lorde Sean de Sevenwaters, regressa a casa. Traz nas mãos disformes as marcas desse acidente e dentro de si a coragem férrea de Liadan e Bran, os pais adoptivos, e um dom muito especial para lidar com os animais mais difíceis. Embora as cicatrizes se tenham fechado, Maeve ainda teme as sombras do passado — e o regresso a casa não se faz sem dificuldades. Até porque Sevenwaters está à beira do caos.
Opinião:
Juliet Marillier conquistou
uma legião de fãs ao apresentar heroínas inspiradoras que vivem jornadas
intensas onde a bondade, coragem e abnegação são essenciais. Assim, sendo, a
história de Maeve, a protagonista deste novo livro dedicado à amada série
Sevenwaters não é excepção.
Jovem marcada no
corpo e na alma por um terrível acidente que ocorreu há 10 anos, Maeve
refugiou-se na casa dos tios Liadan e Bran. Nesse local pequeno e familiar,
aprendeu a aceitar as suas limitações e a tornar-se independente. Contudo,
chegou o dia de voltar à casa dos pais, Sean, o senhor de Sevenwaters.
As dificuldades
físicas desta protagonista fazem com que a empatia seja imediata. O leitor
sente a dor desta jovem com a face marcada e as mãos incapazes, percebe as suas
dificuldades em questões quotidianas e as suas dificuldades sociais. É com
interesse que se descortina a máscara criada por Maeve com o intuito de
protecção, o que acaba por lhe fornecer uma maior complexidade. Por um lado,
existe uma jovem que já aceitou a sua condição e o seu destino, por outro há
uma sonhadora que quer mais da vida.
Desde o início da
leitura, é possível constatar que esta é uma personagem dotada de um dom
especial relacionado com os animais. Maeve tem a capacidade única de domar
animais selvagens com simples palavras ou gestos. Apesar de esta ser uma boa ideia da autora que tanto ama animais,
poderá ser considerada demasiado forçada em certas circunstâncias.
Com o desenrolar da
ação, o leitor fica também a conhecer melhor Finbar. É de recordar que esta
personagem foi fundamental para a acção do livro O Herdeiro de Sevenwaters, apesar de nesse volume surgir enquanto
bebé. Agora, já mais velho, revela-se uma criança peculiar, que vai fazer as
delícias de quem ficou cativado com o seu homónimo e tio-avô.
Ainda relativamente
às personagens, destaco o papel de Ciarán. O druida misterioso cuja história
foi possível acompanhar nos volumes anteriores, finalmente encontra um
propósito concreto. Esta é sem dúvida uma das personagens mais interessantes de
Juliet Marillier, e é com um misto de alegria e tristeza que se descobre o fim
que lhe foi reservado.
Relativamente à
inevitável história de amor, esta não é convincente. O leitor atento e já
conhecedor das artimanhas da autora perceberá desde o início o destino que Juliet
reserva para Maeve. Quando tal acontece, a relação vai parecer evoluir de uma
forma demasiado rápida e forçada, não satisfazendo quem anseia um romance
intenso e mais consistente.
Ao longo da
leitura é interessante verificar a forma como as limitações de Maeve vão
ficando subtilmente menos evidentes. A autora começa a destacar as
potencialidades desta protagonista, transmitindo a ideia de que para se ser
útil e capaz só é preciso ter força de vontade.
A Chama de Sevenwaters é um livro
inspirador, que volta a focar a temática da superação e da consequência das
boas ações. Apesar de este volume ficar aquém dos três primeiros livros de
Sevenwaters (A Filha da Floresta, O Filho
das Sombras e A Filha da Profecia),
é de salientar que está superior aos dois que lhe antecedem (O Herdeiro de Sevenwaters e A
Vidente de Sevenwaters). Uma boa leitura.
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