Título original: Limit (2009)
Autor: Frank Schätzing
Tradutor: Dora Reis
ISBN: 9789722039895
Editora: Publicações Dom Quixote (2012)
Sinopse:
Maio de 2025: o
fornecimento energético da Terra parece estar assegurado, desde que os
Estados Unidos começaram a extrair Hélio-3 da Lua. As tecnologias
pioneiras da corporação gigante Orley Enterprises revolucionaram a
aeronáutica; americanos e chineses disputam direitos de exploração numa
renhida corrida espacial.
A ação transporta-nos para o meio das
tumultuosas guerras mercenárias africanas, uma contenda pelo petróleo e
energias alternativas, onde imperam ambições de domínio espacial -
acabando depois na Lua, onde um grupo de viajantes de Orley se vê
subitamente confrontado com uma ameaça mortífera.
Opinião:
Limite é divulgado como um romance onde se trava uma batalha pelos recursos energéticos, mas revela ser mais que isso.
A ação tem lugar em 2025, época em que o petróleo deixa de ser a
principal fonte de energia, em detrimento do Hélio-3, extraído da Lua. A
Orley Enterprises, um gigante corporativo dos Estados Unidos da
América, detém as tecnologias que permitem a exploração deste
combustível e disputam com a China os direitos sobre a corrida espacial.
Julian Orley, o excêntrico dono da corporação, chama uma série de
convidados ilustres para uma viagem de lazer a um hotel construído no
satélite natural, procurando, com isso, obter parcerias vantajosas.
Ao mesmo tempo, o detetive Owen Jericho, especializado em sistemas de
redes informáticas, a viver em Xangai, fica encarregue de encontrar
Yoyo, uma dissidente desaparecida. Owen rapidamente descobre que os
motivos por trás da fuga da jovem rapariga vão muito além de problemas
com o governo chinês. Envolvido numa conspiração maior do que pensava,
acaba por fazer uma viagem de risco entre o Berlin e Londres, de modo a
entender as informações secretas que colocaram Yoyo em risco de vida.
O leitor, inicialmente, poderá deparar-se com alguma confusão
relativamente aos dois enredos, que parecem tão distintos e sem pontos
de ligação e, a certo ponto, um pouco aborrecidos. Contudo, essa
sensação rapidamente desvanece. A verdade é que o autor os trata dessa
forma, numa primeira fase, talvez num modo de levar à criação de
intimidade entre o leitor e as muitas personagens existentes, que são
descritas com grande detalhe.
Com o decorrer da narrativa, percebe-se onde estão os
pontos que ligam as duas histórias que, inicialmente, pareciam
distintas, e a leitura acaba por ganhar um ritmo mais acelerado.
Frank Schatzing prova que não só possui uma escrita fluída e clara, como
tem uma grande capacidade de criar histórias complexas que proporcionam
muitas surpresas agradáveis. Destaca-se ainda os seus conhecimentos de
diferentes áreas, tais como tecnologia espacial, reações de mercado e
informática, que refletem um trabalho de pesquisa aprofundado. Porém,
existem certos momentos onde as extensas descrições destes conteúdos que
podem travar o ritmo da leitura, e até fazer questionar quanto
necessidade de estarem na obra.
As personagens são um ponto interessante de Limite. O leitor percebe
rapidamente os seus intentos, contudo, algumas com menor relevância
poderão surgir dentro de estereótipos demasiado previsíveis. No final da
obra, é possível encontrar um guião de personagens, o que ajuda, em
muito, a orientação na narrativa.
É visível que o grande intuito de Frank Schatzing foi provocar a
reflexão sobre as necessidades energéticas do mundo contemporâneo, mas
sobretudo, quanto ao jogo de domínio que existe, e que não é tão
perceptível quanto pode parecer. Mais do que disputas entre governos, o
autor mostra que o poder nem sempre está nas mãos de entidades
conhecidas. Em Limite, as facções mais poderosas do mundo iniciam
uma nova luta não armada pela posse dos territórios detentores do tão
precioso combustível, gerando a reflexão sobre a divisão dos espaços
exteriores ao nosso planeta. Paralelamente, assiste-se a outros detalhes
de grande interesse, tal como a evolução das redes sociais que levam à
existências de vidas completamente virtuais e ao facto de a história
repetir sempre os mesmo erros.
O número de páginas desta edição (1095), assim como o tamanho de letra e as
pequenas margens podem não cativar inicialmente, mas a verdade é que Limite revela
ser uma boa trama, que não só proporciona bons momentos como ainda faz
reflectir acerca do mundo atual e do futuro. Um livro a ter em atenção.
2 comentários:
Eu já tinha visto o livro, mas não me tinha chamado muita atenção. Mas agora fiquei curiosa...
Realmente o livro passou muito despercebido, mas eu gostei bastante de o ler.
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