segunda-feira, 4 de junho de 2012

Opinião: A Rapariga que Sonhava com Uma Lata de Gasolina e Um Fósforo (Millennium 2)


Autor: Stieg Larsson 
Título Original: Flickan Som Lekte Med Elden (2006)
Tradução: Mário Dias Correia
ISBN: 9789892303451
Editora: Oceanos (2011)


O final de “Os Homens Que Odeiam as Mulheres”, primeiro livro da série Millennium, deixou acontecimentos por explicar, e tais começam a ser desvendados em “A Rapariga que Sonhava com Uma Lata de Gasolina e Um Fósforo”, o segundo volume de autoria do falecido jornalista Sieg Larsson.

Sinopse:

“Não há inocentes. Há apenas diferentes graus de responsabilidade”.

Após uma grande desilusão, a estranha e cativante Lisbeth Salander parte numa viagem pelo estrangeiro, onde se envolve em inesperadas aventuras e onde inicia uma nova obsessão: a matemática. Paralelamente, Mikael Blomkvist tenta contactar, sem sucesso, a jovem hacker por quem sente uma genuína amizade. Contudo, quando vê que esta não quer ser encontrada, desiste e volta-se para o trabalho de jornalismo de investigação que desenvolve na revista Millennium.

Enquanto Lisbeth regressa à Suécia com uma nova identidade e aluga um luxuoso apartamento na zona mais nobre de Estocolmo, Mikael envolve-se no trabalho de um novo colaborador da publicação para a qual trabalha. O jornalista Dag Svensson apresenta um documento onde prova o envolvimento de figuras importantes numa rede de tráfico de mulheres para exploração sexual.

Porém, aquela que parecia ser uma notícia explosiva acaba por se revelar fatal para os que conhecem os seus dados, uma vez que Dag e a sua companheira surgem mortos. A investigação policial depressa encontra a sua principal suspeita: Lisbeth Salander.

Opinião:

Enquanto o primeiro volume da série estava relacionado com um caso que não envolvia diretamente os dois protagonistas, “A Rapariga que Sonhava com Uma Lata de Gasolina e Um Fósforo” acaba por revelar um lado mais íntimo, uma vez que os acontecimentos relevantes acabam por estar ligados ao passado da icónica Lisbeth Salander. Assim, o leitor seduzido por esta personagem tem finalmente acesso a mais e importantes informações do seu passado, que permitem compreender alguns traços da sua personalidade assim como algumas das suas atitudes mais extremas. Para além disso, Lisbeth passa por uma série de mudanças pouco previsíveis.

Narrado de forma excecional e com uma trama envolvente, onde o mistério constante faz querer continuar a virar páginas até todos os factos estarem finalmente revelados, o autor surpreende ao fornecer maior profundida às suas personagens, ao mesmo tempo que apresenta um tema de reflexão forte, mais uma vez, associado à posição frágil da mulher numa sociedade onde existem supostos direitos igualitários.

Contudo, existem certos aspetos que podem não ser apreciados. Várias personagens novas com nomes semelhantes são introduzidas na narrativa, o que faz com que seja gerada alguma confusão ao longo da leitura. O facto de os acontecimentos que estão apresentados na sinopse na contracapa apenas surgirem a meio do livro, faz com que o leitor esteja sempre na expetativa, não sendo surpreendido, ao contrário do que parecia ser intenção do autor.

Tal como o primeiro volume da série, este foi um livro que se tornou um vício e que apresentou um final surpreende que faz ter vontade de pegar logo no próximo. Lisbeth, com todo a sua rispidez e fragilidade, é sem dúvida uma personagem que dá vontade de continuar a acompanhar.

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