quarta-feira, 6 de junho de 2012

Opinião: O Ladrão da Eternidade


Autor: Clive Barker
Título Original: The Thief of Always (2005)
Tradução: David Soares
ISBN: 9789896373696
Editora: Edições Saída de Emergência (2011)

Autor, realizador e artista, Clive Barker possui uma carreira consagrada no género do horror. “O Ladrão da Eternidade”, publicado pelas Edições Saída de Emergência, é destinado a um público jovem, mas está recheado de boas surpresas que vão agradar às gerações mais velhas.

Sinopse:

Harvey, o protagonista deste livro, é um jovem de 10 anos que vive aborrecido com a sua rotina diária. Cansado dos deveres da escola e das tarefas domésticas que lhe são incumbidas, o jovem é cativado por um estranho sorridente num dia de inverno. Deste modo, é conduzido à casa de férias do Senhor Hood, um local maravilhoso onde a diversão é garantida e todos os desejos são realizados.

Harvey fica fascinado com este lugar misterioso que, aparentemente, esteve sempre perto da sua casa. Lá, o jovem come os seus pratos preferidos, tem todos os brinquedos que quer e ainda vive aventuras diárias juntamente com as outras duas crianças que estão no local. E o mais fascinante é que, num só dia, vive o que as quatro estações do ano têm de melhor. 

Porém, nem tudo parece perfeito na casa do Senhor Hood. Harvey vai perceber que há um preço a pagar pela estadia e que é melhor ter cuidado com o que deseja. 

Opinião:

Claramente voltado para um público juvenil, “O Ladrão da Eternidade” tem ensinamentos que merecem ser sempre relembrados. Através de personagens jovens, Barker consegue fazer refletir acerca do valor do tempo, sobre a importância de viver uma vida plena, acerca da relevância dos momentos menos bons da vida e até sobre os valores da amizade e da coragem.

Clive Barker sabe seduzir o leitor, quer seja através do enredo quer seja através da escrita simples, fácil de entender, ritmada e possuidora de beleza. A história pode parecer não ser assustadora, mas a verdade é que o autor consegue incomodar ao invocar determinados temas ou através do mistério que envolve a trama.

As personagens apresentadas são interessantes, apesar de, a certo momento, ter estranhado algumas atitudes. O leitor pode também pensar que certos momentos são demasiado precipitados, outros previsíveis, mas a verdade é que existe sempre algo que surpreende e que faz querer continuar a acompanhar o herói.

Esta edição pode ser encontrada com quatro capas distintas, cada uma associada a uma estação do ano: a verde é a da primavera, a amarela do verão, a vermelha do outono e a azul é a do inverno. É uma ideia interessante, tendo em conta a forte relevância que é dada ás quatro estações (e já agora, informo que escolhi a verde).  Mas mais interessante do que a imagem da publicação é a nota de David Soares, o tradutor desta edição, que pode ser lida nas primeiras páginas. São palavras breves que apresentam o trabalho de Baker e que ainda introduzem certos temas que vão ser apresentados, tudo isto com a sensibilidade e inteligência que são características de David Soares, o que, com certeza, é uma mais-valia.

Confesso que, quando peguei neste livro, a minha intenção era apenas a de ler os primeiros capítulos, mas a verdade é que só consegui parar de o fazer quando cheguei à última página. Envolvente e interessante, esta é uma obra para guardar e que merece ser relida.

2 comentários:

Elphaba disse...

Gostei muito deste livro mas confesso que esperava mais terror.

Boas leituras.

Cláudia disse...

Olá Elphaba! Confesso que peguei neste livro sem qualquer expectativa, e por isso fiquei surpreendida.
Penso que os elementos de horror não estão apenas na trama, mas no despertar do leitor para certos temas que incomodam e que, de certo modo, o seguem terminado o livro. Mas é natural que quem já teve outras experiências com leituras mais intensas sinta o que descreves.
Beijinho e obrigada pela mensagem*