terça-feira, 31 de julho de 2018

Opinião: Artemis

Título Original: Artemis (2017)
Autor: Andy Weir
Tradução: Miguel Martins
ISBN: 9789898917102
Editora: TopSeller (2018)

Sinopse:

Para viver na Lua, Jazz Bashara faria qualquer coisa. Bom, mais ou menos. A vida em Artemis, a primeira e, até ver, única cidade da Lua, é difícil. Só turistas ricos ou milionários excêntricos que vivem a sua reforma dourada fora do planeta Terra é que conseguem usufruir em pleno do Mar da Tranquilidade. Um pouco de contrabando aqui e ali não é grave, certo?
É por isso que quando surge a oportunidade de, com um grande golpe, decidir o seu futuro, Jazz não hesita. Tem apenas de conseguir o impossível, e de o fazer fora da colónia, onde não só a gravidade é seis vezes inferior à da Terra como o Sol queima e o ar não existe.
Mas isso será apenas o começo de uma série de eventos que vai pôr em causa a existência da própria colónia. Jazz era apenas uma contrabandista a tentar ganhar a vida. Será que está preparada para pôr tudo em risco para salvar o único lugar onde alguma vez se sentiu em casa?

Opinião:

Assim que soube que Artemis ia ser publicado que soube que tinha de ler este livro. O motivo? Adorei O Marciano e não podia perder a nova obra de Andy Weir. Sabia que se tratava de uma aventura diferente, com nova história, foco e personagens, mas queria muito conhecer as novas ideias do autor. O resultado é uma nova obra de ficção científica que marca pela diferença e que proporciona uma boa leitura.

Desta vez somos levados para a lua, onde existe uma colónia humana chamada Artemis. Neste local, o autor dá-nos a conhecer as possibilidades de construção de uma cidade fora da Terra, ideia que até pode ser considerada comum. Contudo, Andy Weir destaca-se pela forma como faz, procurando sempre justificar tudo através da ciência e explicando de uma forma acessível ao leitor. Assim, o leitor é levado a pensar no efeito da gravidade no desenvolvimento de um ser humano, produção de oxigénio, perigos do solo lunar, como poderia ser feito o turismo na lua, a produção de alimentos neste planeta secundário, entre outros assuntos. Perante tudo isto, sentimos que aquela realidade poderá acontecer em breve.

Este ambiente é-nos apresentado por Jazz Bashara, a heroína desta aventura. Gostei muito de conhecer esta personagem, apesar de admitir que inicialmente não simpatizei com ela. É que Jazz não é propriamente uma protagonista típica onde os valores mais nobres são destacados. Ela tem um fundo generoso e altruísta, mas isso é mascarado por toda uma personalidade rebelde e onde as más decisões parecem prevalecer. Certas atitudes iniciais podem levar-nos a torcer o nariz, uma vez que não compreendemos o motivo para tal, mas é impressionante ver como isso muda ao longo da leitura.

É que esta aventura de Jazz acaba por justificar a sua maneira de ser e a levá-la a redimir-se. Quando ela aceita fazer um trabalho arriscado em troca de uma fortuna, somos levados a acreditar que existe ali apenas um desejo de riqueza rápida movida por ganância. Mas há mais do que isso. É aqui que percebemos que o autor não se preocupa apenas em criar um mundo que seja cientificamente plausível, como ainda procura construir personagens complexas e que consigam atribuir ainda maior credibilidade à trama.

Achei graça ao facto de as personagens secundárias terem sido apresentadas segundo certos estereótipos, sendo que no final todas estas ideias acabam por ser quebradas. Parece que o autor queria mostrar que a primeira impressão de uma pessoa nem sempre é a mais acertada, sendo que cada um de nós tem uma história, valores e objetivos que justificam aquilo que podemos parecer, mas que não nos definem por completo, havendo sempre espaço para a mudança e evolução. 

O início desta leitura foi mais lento do que estava à espera. Demorei a conhecer Artemis e conhecer as bases desta cidade. Senti que a narrativa em si levou algum tempo a avançar, o que ao início me fez duvidar sobre o resto da obra. Contudo, quando a ação começa realmente a acontecer, o ritmo cresce gradualmente até chegar a um ponto quase alucinante que não me permitiu largar o livro enquanto não chegasse à última página.

Gostei muito de Artemis. A história é bem fundamentada, a ação prende, as personagens cativam e o mundo parece real. Andy Weir volta a provar que tem um grande talento para a escrita e que consegue construir histórias de ficção científica diferentes, que divertem e ainda conseguem ensinar. Adorei conhecer Jazz e mal posso esperar pelas novas ideias do autor. Para esta personagem ou para outras novas.

Outras opiniões a livros de Andy Weir: 
O Marciano

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