quinta-feira, 8 de junho de 2017

Opinião: A Sereia

Título Original: The Siren (2016)
Autor: Kiera Cass
Tradução: Alexandra Cardoso
ISBN: 9789897543081
Editora: Marcador (2017)

Sinopse:

O mesmo discurso foi feito centenas de vezes a centenas de lindas raparigas que entram na irmandade das sereias. Há anos que Kahlen segue as regras, esperando pacientemente pela vida que poderá considerar sua.
Mas quando Akinli, um ser humano, entra no seu mundo, ela não consegue continuar a viver segundo as regras, De repente, a vida pela qual tem esperado não parece tão importante como a que está a viver agora,

Opinião:

A Sereia é um livro que me chamou a atenção. Primeiro, por causa do título, associado a uma figura mitológica que tanto me fez sonhar durante a infância. Segundo, por causa da capa que é maravilhosa e dá vontade de ser aquela jovem à beira-mar com um lindo vestido (sim, eu sei, não devia ligar tanto à capa, mas...). Terceiro, porque a autora é Kiera Cass, da saga "A Seleção" e queria muito ver que outras histórias ela tinha para apresentar aos seus leitores. Tendo isto em conta, claro que comecei a leitura assim que este livro me chegou às mãos.

Kiera Cass inspirou-se na mitologia ligada às sereias e principalmente no conto de Hans Christian Andersen, mas não ficou presa a estas ideias e concepções.  E ainda bem que assim foi. Afinal, desta forma conseguiu criar uma história original, adaptada aos nossos dias e com uma nova mística. As referências ao que já é conhecido vão surgindo aos poucos e poucos, o que nos dá uma noção de familiaridade, mas não de repetição.

Kahlen é a protagonista da obra, uma jovem nascido no início do século XX que está presa a um contrato com Oceano. A verdade é que não se trata de uma figura memorável, uma vez que a sua personalidade se encontra dentro de um padrão de heroína básica. O mais interessante nela é tudo o que a envolve, quer seja a mística das sereias ou os dramas e aventuras em que se encontra. A autora tentou torná-la mais humana e próxima através da forma como ela encarava as suas obrigações para com Oceano, mas poderia ter explorado melhor as noções de revolta e tristeza, algo que apenas acontece mais à frente da leitura, o que impede uma empatia inicial.

Apesar da passagem do tempo, Kahlen e as suas irmãs sereias mantêm-se com um espírito jovem, quase adolescente. Pensado nesta questão, faria sentido que certos comportamentos, escolhas e atitudes destas sereias fossem ligeiramente diferentes. Afinal, elas habitam sempre entre humanos, assistem à evolução dos tempos, amadurecem psicologicamente. Penso que esta ideia só ficou realizada numa sereia, Aisling, curiosamente aquela de quem me senti mais próxima, ainda que não fosse a mais presente. Percebo que a autora optasse por manter o teor mais jovem, afinal esta é uma história sobre um primeiro amor, muito ingénuo, puro e melodramático.

A autora explora a relação de Kahlen com ela própria, com Oceano e com um rapaz, Akinlin. No primeiro campo somos remetidos para a adolescência, de quando procuramos o nosso lugar no mundo, o sentido da existência. No segundo, existe uma ligação quase entre mãe e filha, uma vez que se aborda um amor profundo mútuo e seguro que, eventualmente, precisa ser quebrado. O último é o mote para o desenrolar dos acontecimentos. Akinlin é divertido e amoroso, os momentos em que aparece prendem sempre a atenção. O amor entre este jovem e Kahlen é imediato e forte, um verdadeiro caso de vida ou morte. Parece exagerado, especialmente nos momentos finais, mas também leva os leitores mais românticos a suspirar.

Gostei muito da figura de Oceano e dos seus tratados com raparigas jovens. Esta é uma entidade que traz mistério e mística à trama, que nos faz pensar em como a própria natureza concede e tira com a mesma facilidade e em como a devemos respeitar. A dificuldade que Oceano tem em compreender por inteiro as suas sereias e a solidão inerente fazem sentido e criam uma distância entre o que é humano e o que é quase divino. Contudo, gostaria que esta entidade tivesse sido mais explorada, que fosse explicado o motivo para ter fome de vidas humanas e em como poucas podiam salvar muitas. Neste campo, também gostaria de uma visita aos primórdios do contrato entre Oceano e as sereias, para entender o início de tudo.

Os fãs de Kiera Cass não vão ficar desiludidos com A Sereia. Este livro leva para um ambiente de grande beleza e que nos faz suspirar. Fiquei feliz por, desta vez, não existirem descrições exagerados sobre vestuário. Por seu lado, os sentimentos da protagonista são bastante explorados e a trama avança num sentido muito romântico, com todos os dramas que tal acarreta. Gostei da forma original com que a autora tratou estas criaturas místicas, sendo capaz de mostrar o melhor e o pior de tal condição. É um livro que faz sonhar em criaturas belas e histórias de amor eterno.

Outras opiniões a livros de Kiera Kass:
A Seleção (A Seleção #1)
A Elite (A Seleção #2)
A Escolha (A Seleção #3)
A Herdeira (A Seleção #4)

2 comentários:

Carolina disse...

Estou bastante curiosa com este livro!! Aliás, vou começá-lo assim que terminar o almoço!!

No entanto, tenho ouvido várias críticas contraditórias acerca deste livro, mas nada como vermos por nós próprios, certos?

Eu, pessoalmente, sou uma grande fã da série A Seleção, por isso quero ver como é que corre este novo género da autora!

Beijinhos,
Carolina - http://leiturasdacarolina.blogspot.pt

Cláudia disse...

Olá Carolina. Se és fã de "A Seleção" então acredito que vais gostar deste. O melhor é seres mesmo tu a tirares as tuas conclusões. Beijinho e boas leituras!