domingo, 19 de agosto de 2018

Opinião: O Que Fica Somos Nós

Título Original: The Light We Lost (2017)
Autor: Jill Santopolo
Tradução: João Tordo
ISBN: 9789896655488
Editora: Suma de Letras (2018)

Sinopse:

Numa luminosa manhã de fim de Verão, Lucy e Gabe encontram-se na universidade, em Nova Iorque, e apaixonam-se. Parece o começo de uma história como muitas outras, mas estamos a 11 de Setembro de 2001 e, enquanto a cidade está envolta em poeira e detritos, eles beijam-se e trocam promessas. Assumem que têm de encontrar um significado para as suas vidas, tirar proveito delas, deixar uma marca. Jovens e apaixonados, parecem ter o mundo a seus pés. Inesperadamente, os seus sonhos acabam por os separar. Gabe aceita trabalhar como repórter fotográfico no Médio Oriente e Lucy decide continuar a sua carreira em Nova Iorque.

Treze anos depois, Lucy está numa encruzilhada. Sente a necessidade de revisitar as épocas fundamentais do seu relacionamento com Gabe, marcado por escolhas que os conduziram por diferentes caminhos, ao longo de diferentes vidas. Escolhas que, no entanto, nunca romperam o vínculo profundo que os une. Então, é chegado o momento, naquele dia... Lucy mantém um último segredo, e é hora de o revelar a Gabe.

Todas as suas opções os conduziram até ali. Agora, uma última decidirá o seu futuro.

Opinião:

Em O Que Fica Somos Nós, Jill Santopolo apresenta-nos uma bonito e comovente romance, ao mesmo tempo que nos faz refletir sobre os relacionamentos do século XXI. Nesta obra, Lucy conta-nos a sua história de amor, desde os momentos mais felizes aos que lhe causaram maior sofrimento. Narrado na forma de uma carta, a protagonista faz-nos confidências e mostra-nos o seu lado mais íntimo, o leva o leitor a aproximar-se dela e a sentir uma inevitável empatia.

Conhecemos Lucy durante a faculdade, num dia que marcou a História Contemporânea. A 11 de setembro de 2001, Jill conhece Gabe, aquele que viria a ser o seu grande amor. O primeiro contacto deles fica então associado a um ponto de viragem, sendo que ambos repensam as suas vidas, os seus desejos e o que ambicionam fazer pelo mundo e pelos seus destinos. Apesar de ser fácil perceber que eles estão ligados por fortes sentimentos, seguem-se uma série de encontros e desencontros.

Lucy é uma personagem que não me conquistou imediatamente, mas que conseguiu a minha simpatia com o decorrer da leitura. Inicialmente, achava-a demasiado obcecada com Gabe, ao ponto de se anular em detrimento dele. Isso não me agrada. Contudo, gostei da forma como ela foi construindo o seu percurso , procurando encontrar um equilíbrio entre razão e emoção, mas sem nunca perder de vista a sua verdadeira essência e lutando para ser fiel a si própria, com mais ou menos compromissos.

Gabe demorou mais a convencer-me. Enquanto Lucy estava disposta a tudo para o ter a se lado, Gabe demorou a deixar de ser tão centrado em si próprio. Para esta personagem é o tudo ou nada, demorando a perceber que, para estar com alguém, é preciso saber ceder. Sem isso, os relacionamentos caíram como um castelo de cartas que ele tentava construir. A intenção estava lá, mas faltava-lhe a solidez e o compromisso. Como tal, muitas vezes achei Gabe algo tóxico.

O paralelismo entre a relação que Lucy teve com Gabe daquela que construiu com Darren está muito bem conseguida. Por se tratarem de dois homens diferentes, estas ligações também são distintas, em muitos sentidos. O início, o tipo de amor, o compromisso, a evolução do relacionamento, os desafios, ... tudo isto é dissemelhante. Admito que inicialmente simpatizei com Darren, mas acabei por não apreciar a pessoa que estava escondida atrás da máscara.

 A leitura é feita com interesse, mas sem grande arrebatamento. Gostei de conhecer esta história, e sinto que aborda temas muito importantes sobre a forma como vivemos as relações. Apreciei também a forma como Lucy vai encontrando a sua força, conquistando a coragem necessária para tomar as atitudes que a levarão no caminho que considera mais acertado. Contudo, certos momentos pareceram-me mais melodramáticos do que seria desejado, além de que o final foi algo previsível e que acabou por não marcar particularmente, apesar da reviravolta.

No final desta leitura, é impossível não refletir sobre as escolhas que fomos fazendo ao longo da nossa vida. Jill Santopolo faz-nos ponderar sobre o poder das decisões que tomamos e como estas moldam o nosso caminho. Como tal, está nas nossas mãos lutar pela felicidade e pelos objetivos que traçamos para nós, sendo que nesse trajeto todo o risco vale a pena. O Que Fica Somos Nós é um bom livro para quem não resiste a uma bonita história de amor


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