domingo, 5 de junho de 2016

Opinião: Príncipe dos Espinhos (Trilogia dos Espinhos #1)

Título Original: Prince of Thorns (2012)
Autor: Mark Lawrence
Tradução: Renato Carreira
ISBN: 9789898839664
Editora: TopSeller (2016)

Sinopse:

Com apenas 9 anos, numa emboscada planeada pelo inimigo para erradicar a descendência real, o príncipe Jorg Ancrath é atirado para dentro de um espinheiro, onde fica preso, com espinhos cravados na sua carne, a ver, impotente, a mãe e o irmão mais novo a serem brutalmente assassinados. De alma destruída, sedento de sangue e de vingança, Jorg foge da sua vida luxuosa e junta-se a um bando de criminosos e mercenários, a quem passa a chamar de irmãos. Na sua mente há apenas um pensamento, matar o Conde de Renar, o responsável pelas mortes da mãe e do irmão, pelas suas cicatrizes e pela sua alma vazia. Ao longo de quatro anos, Jorg cresce no seio de batalhas sangrentas, amadurece em guerras impiedosas, torna-se um guerreiro cruel e vai ganhando o respeito dos seus irmãos até que se torna o seu líder. Agora, um reencontro vai levá-lo de volta ao castelo onde cresceu e ao pai que abandonou. O que vai encontrar não é o mesmo sítio idílico de que se lembra, mas o príncipe que agora retorna também não é mais a inocente criança de outrora, é o Príncipe dos Espinhos.

Opinião:

Fiquei tão feliz e entusiasmada com a chegada da Trilogia dos Espinhos a Portugal que, assim que consegui ter o primeiro volume nas mãos, tive de começar a ler. Príncipe dos Espinhos pode inserir-se no género dark fantasy e apresenta-nos a história de um jovem que tem uma mente fria, calculista e perversa. Ou seja, alguém impressionante para se conhecer nas páginas de um livro, mas com quem não queremos cruzar na vida real.

O protagonista desta obra é Jorg. Porém, e pelo que escrevi anteriormente, ele está longe, muito longe, de ser considerado um herói. Jorg poderia muito bem estar do outro lado da trama, ser o vilão que um herói valoroso quer derrotar, de modo a por fim ao terror que espalha e a libertar um povo da opressão. Mas não, ele é mesmo a figura central e é engraçado que, por mais terrível que seja, eu tenha desejado e ansiado pelas suas conquistas.

Jorg faz lembrar a avaliação pejorativa de "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel: um jovem que acredita que os fins justificam os meios e que, como tal, está disposto a tudo para alcançar os seus objectivos, entre os quais está a união e controlo de principados. Mark Lawrence parece ter encontrado nesta ideia a sua inspiração para criar esta figura e tudo o que a envolve. Jorg cativa por representar valores que me são contrários. Porém, nem sempre foi fácil imaginá-lo como um rapaz tão novo, pois os seus pensamentos e artimanhas pareciam sempre os de uma pessoa mais experiente e adulta.

Felizmente, as outras personagens que vão sendo reveladas ao longo da narrativa também têm personalidades apoiadas em valores condenáveis. O autor tentou focar-se no que cada uma destas figuras tem de pior, o que cria momentos impressionantes, mas também faz com que não exista grande empatia com o leitor. É verdade que existem outras que parecem mais razoáveis, mas estas acabam por ficar para segundo plano por não conseguirem captar a atenção com tanta facilidade como outras o fazem.

Fiquei rendida a este mundo. Todo o ambiente é bastante negro, e isso sente-se nas descrições de caminhos assombrados, castelos repletos de segredos e intrigas e montanhas dominadas por seres mágicos e terríveis. Por isso mesmo, gostaria que Mark Lawrence tivesse explorado estes elementos de uma forma mais profunda e, dessa forma, tornado a história mais complexa e dura.

A narrativa é fluída, mas tem momentos em que é demasiado rápida, o que faz com que certas passagens não sejam bem explicadas. Apesar de me ter interessado pela história, gostaria que o protagonista tivesse mais dificuldade em ultrapassar os obstáculos que foram surgindo. A resolução dos problemas pareceu-me o ponto mais fraco, pois preferia que o autor me fizesse duvidar e depois ficar impressionada com a resolução encontrada.

Gostei muito de ler Príncipe dos Espinhos, mas confesso que estava à espera de um livro mais intenso e que me deixasse mais impressionada. É uma boa leitura e vou querer muito ler toda a trilogia, pois estou muito curiosa para saber que caminhos o autor vai seguir e que destino está reservado para Jorg. Espero que os próximos volumes tenham uma trama mais surpreendente e que mantenha os elementos negros que marcaram esta obra.

4 comentários:

Denise disse...

Pela crítica, fica a curiosidade :)

Boas leituras.

C. disse...

Hmmmm... fiquei um pouco de pé atrás com essa colecção com a tua opinião sinceramente. Com tanto para ler não sei se quero começar uma saga que não vale a pena...
Beijinhos,
O meu reino da noitefacebookBloglovin'

J. disse...

A opinião fez-me lembrar d' O Braço Esquerdo de Deus, do autor Paul Hoffman. Também uma trilogia, também no âmbito do fantástico. Leio pouco sobre o tema, mas gostei de Paul Hoffman, e espero dar uma oportunidade a este enredo. :)

Cláudia disse...

Denise e C., e gostam do género fantástico, então vão apreciar este livro.

João Miranda, ainda só li o primeiro livro dessa trilogia de Paul Hoffman, tenho os outros dois em fila de espera há muito tempo. Mas se dizes que a minha opinião fez lembrar esses livros, fico com vontade de pegar neles mais cedo do que o previsto.