quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Opinião: Um Desastre Maravilhoso

Título original: Beautiful Disaster (2011)
Autor: Jamie McGuire
Tradutor: Maria das Mercês de Sousa
ISBN: 9789896573751
Editora: Planeta (2013)

Sinopse:

A Boa Rapariga: Abby Abernathy não bebe, não pragueja e trabalha muito. Está enterrada no nefasto passado, mas, quando entra no colégio, os seus sonhos de um novo começo sofrem um desafio numa noite.
O Mau Rapaz: Travis Maddox, sensual, atlético e coberto de tatuagens é exactamente o que Abby precisa – e quer – evitar. Ele passa as noites a ganhar dinheiro num clube de combate e os dias no colégio Lothario.
Desastre Iminente?... Intrigado pela resistência de Abby ao seu charme, Travis entra na sua vida por uma aposta. Se perder, deverá viver em celibato durante um mês. Se Abby perder, terá de viver no apartamento de Travis por um período semelhante.
…Ou o Princípio de Algo Maravilhoso? Travis não faz ideia de que encontrou uma parceira de jogo à altura. Ou será o princípio de uma relação obsessiva que irá conduzi-los a um território inimaginável…

Opinião;

Podem não acreditar, mas quando comecei a ler este livro não fazia ideia do que me aguardava. Ele foi um presente e, por alguma razão que me ultrapassa, não li a sinopse (mea culpa). A capa remeteu-me para um conteúdo mais reflectivo e com características de policial, mas logo nas primeiras páginas percebi que estava muito errada. Um Desastre Maravilhoso aborda um romance de juventude repleto de emoções à flor da pele (nota para próximas leituras: ler sempre as sinopses).

A acção tem lugar num meio universitário. Sendo assim, as personagens são jovens que começam a entrar num mundo adulto e que dividem o tempo entre as aulas, estudos, convívios e festas. Abby e Travis formam o casal protagonista, e, apesar de serem pessoas completamente diferentes, é mais do que evidente o que vai acontecer entre eles.

Abby é uma rapariga que não me convenceu por falta de coerência. Numa primeira fase, parece uma menina ingénua que se vê pela primeira vez com liberdade, que possui uma aparência e personalidade pouco apelativa e que é contra todos os vícios. A partir do momento em que se começa a relacionar com Travis passa por uma fase arrogante, de repente, é apresentada como uma jovem cobiçada pelo sexo masculino e passa uma boa parte da história alcoolizada. Desde o início percebe-se que ela foge do passado e que tem segredos que não quer ver revelados, mas quando estes são finalmente descobertos não são chocante e não justificam muitas das atitudes tomadas.

Por outro lado, existe Travis. Ele é todo aquilo que os pais não desejam ver os seus filhos tornarem-se. Extremamente agressivo, aparece em todos os capítulos a beber quantidades generosas de álcool, é forte adepto do tabaco e tem o corpo ordenado por inúmeras tatuagens. Ganha a vida a lutar em combates ilegais e é conhecido pelos seus muitos casos de apenas um noite. As raparigas do campus desejam-no tanto quanto o odeiam. Curiosamente, a autora afirma que ele é um dos melhores alunos da sua turma, mas em momento algum o vemos a estudar (a não ser quando dá explicações a Abby, mas isso não conta) ou a estar com atenção a uma aula. Mais uma série de características que parecem não ter qualquer ligação.

Por alguma razão, Travis vê em Abby alguém especial e por quem vale a pena mudar. Inicia-se assim uma relação peculiar e, no meu ponto de vista, pouco saudável. Ao início até é interessante ver a forma como Abby tenta afastar Travis de si, numa interacção de amor-ódio. Contudo, com o desenrolar da narrativa, a relação torna-se obsessiva e até doentia. Travis passa a ser um rapaz assustador, manipulador e muito ciumento. Chega a um ponto em que não percebi como aquilo pode ser chamado de amor. Travis começa a cometer erros abusivos e Abby acaba sempre por perdoar, mais cedo ou mais tarde e parece esquecer tudo muito facilmente. As pessoas guardam ressentimentos, e quanto mais erros surgem, desenvolve-se também uma desconfiança na outra parte. Mas Abby nunca coloca em causa as intenções de Travis por muito tempo e isso não me parece normal.

Travis trata Abby por uma alcunha. No original é "Pigeon" e na versão portuguesa ficou "Pombinha". Não sei se é por não gostar deste nome ou se é pelo seu uso excessivo no livro (ele parece sentir a obrigação de a chamar "Pombinha" de cada vez que lhe dirige uma palavra), mas sentia uma certa repugnância sempre que o lia. A linguagem usada nos diálogos nem sempre me pareceu a mais correcta tendo em conta a faixa etária. A tradução provocou-me estranheza em alguns casos, nomeadamente quando se fala em "fazer marmelada" para o acto de namorar, ou quando traduziu o nome de uma conhecida marca de roupa norte-americana para República das Bananas.

Ao longo do livro é possível passar por diversas situações que acabam por apelar para a leitura, mas que a certo momento se tornam repetitivas. Travis e Abby passam por inúmeras discussões e reconciliações e o que vai acontecer não é de forma alguma uma surpresa. O aparecimento de uma determinada personagem e a consequente viagem para Las Vegas surgem como uma lufada de ar fresco, mas esta situação pecou por ser pouco explorada. O final pareceu-me excessivo e, mais uma vez, fruto de uma relação doentia e sem grandes bases.  

Um Desastre Maravilhoso é um livro com inúmeros erros, nomeadamente em termos de enredo e que passa uma mensagem que não me agrada por ir contra certos valores e princípios.

7 comentários:

Anónimo disse...

Olá Cláudia!
Tive oportunidade de ler este livro, antes de sair em português, e não fazia ideia de que o nome ficara "Pombinha". É estranho, mas pronto.
Apesar de ter gostado bastante do livro, tenho de concordar que há muitas coisas que não fazem sentido, sobretudo na relação entre Abby e Travis. Ele comete erro atrás de erro e ela perdoa sempre, depois agem ambos de modo estranho... Enfim, podia ser melhor!
Em Inglês já há o segundo volume: Walking Disaster. É a mesma história, creio, só que pelo ponto de vista do Travis. Vais ler?
Beijinhos e boa leituras :)

Cláudia disse...

Olá D.S.
Sim, vi no Goodreads que o segundo livro corresponde ao ponto de vista de Travis acerca dos mesmos acontecimentos. Para dizer a verdade não tenho grande vontade de ler esse livro, não só porque não gostei deste, mas também porque acho que deve ser aborrecido reler as mesmas cenas, apesar de narradas por uma personagem diferente.
Beijinhos e obrigada pela tua opinião*

Anónimo disse...

Ontem tentei ler um pouco do 2º volume, num PDF que encontrei pela Internet e é extremamente aborrecido. Não consegui ler mais do que meia dúzia de páginas e coloquei-o logo de parte.
Beijinhos*

Cláudia disse...

Deve ser muito semelhante ao primeiro, não?

Mafi disse...

Eu também não gostei muito do 1º livro mas diziam-me: "lê o 2º! percebes melhor o porquê do Travis ser assim." Desconfiei e também fui à procura do ebook. Comecei a ler e também não consegui passar das primeiras páginas...apesar de ser outro POV, não deixa de ser a mesma história, com as mesmas personagens e os mesmos acontecimentos..é como reler "Um desastre maravilhoso". Apanhei alguns diálogos entre o Travis e Abby que eram iguais ao primeiro livro. -.-

Cláudia disse...

Foi o que pensei Mafi :s Sendo assim nem sequer vou tentar. Obrigada pela tua opinião*

Anónimo disse...

Aqui no Brasil o Travis chama ela de BEIJA FLOR acho bem fofo, e amei a história, principalmente a que é contada pelos olhos de Travis Maddox... E os outros livros da série são perfeitos!!!