Opinião: As Fadas de Edimburgo (A Falcoeira #1)

Título Original: The Falconer (2013)
Autor: Elizabeth May
Tradução: Catarina F. Almeida
ISBN: 9789896575397
Editora: Planeta (2014)

Sinopse:

Lady Aileana Kameron, a única filha do marquês de Douglas, estava destinada a uma vida cuidadosamente planeada em torno dos encontros sociais de Edimburgo - até ao dia em que uma fada assassina a sua mãe. Está determinada a encontrar a fada que lhe matou a mãe e, pelo caminho, vai destruindo todas aquelas que se alimentam dos humanos nas muitas ruelas escuras da cidade. O equilíbrio entre as exigências da alta sociedade e a sua guerra privada é, porém, delicado e, quando um exército de fadas ameaça destruir Edimburgo, ela tem de tomar algumas decisões. O que estará Aileana disposta a sacrificar?

Opinião:

Ler As Fadas de Edimburgo foi muito divertido. Confesso que não sabia bem o que esperar deste livro. A sinopse deu-me ideia de uma história de vingança, onde as fadas eram seres maléficos e que tudo se passava no seio da alta sociedade de Edimburgo. Mas foi muito mais que isso! Esta é uma história que aborda a emancipação feminina, que tem inspirações de steampunk, muita acção, muitas emoções e que mostra que a linha entre o bem e o mal é mais ténue do que parece.

Aileana Kameron é a personagem principal desta história. Gostei dela desde o início. Ela é uma rapariga jovem, muito inteligente, com um sentido de humor peculiar e também mortífera. Logo no início percebemos que o mundo dela sofreu recentemente uma reviravolta, e, como tal, sentimos em Aileana uma grande revolta e também uma forte necessidade de fazer justiça pelas próprias mãos. Isto faz com que se torne numa figura feminina independente e dona de uma personalidade forte, algo que me cativou.

Existem duas personagens secundárias que para mim foram uma verdadeira delícia. Refiro-me a Derrick e Kiara. O primeiro é um verdadeiro "sacaninha" amoroso que transmite calor. Ele proporciona situações hilariantes apesar de ter um feitio muito peculiar. Aparenta ser egoísta, mas acaba por revelar-se devoto de quem ama. Já Kiaran é completamente diferente. É distante mas intenso. Um verdadeiro mistério que queremos resolver e alguém por quem vamos estabelecendo uma ligação firme.

Contudo, houve também figuras que não me conseguiram convencer. Catherine, a melhor amiga de Aileana, pareceu-me demasiado comum e desinteressante. Parecia demasiado conveniente e, tendo em conta todas as situações que estavam a acontecer, não me sugeriu ser real. Ela duvidava, sim, mas também aceitava as situações mais questionáveis com demasiada facilidade. Também Gavin prometeu mais do que aquilo que deu. Ela tem potencial para ser uma grande figura desta trama, mas neste livro pareceu-me apenas uma peça de um suposto triângulo amoroso que não transmite qualquer química (digo "suposto" porque não consigo acreditar de que "aquilo" é um triângulo amoroso). Espero que ele venha a ser muito mais do que isso nos próximos livros.

O ritmo da leitura foi bastante rápido. Havia sempre algo de novo e emocionante a acontecer! As cenas de acção conseguem agarrar a leitura e ajudam na criação de um ambiente intenso e perigoso. Fiquei bem impressionada com as fadas deste mundo, já que são uma mistura entre a mitologia fae e a imaginação da autora. Ao início dão uma ideia de perigo irracional, mas com o decorrer da leitura começamos a perceber que podem ser muito mais do que isso. Este factor tornar este mundo mais complexo e curioso.

Apesar de ter adorado o livro, confesso que fiquei confusa com o final. Digo isto porque não me pareceu que o livro tivesse realmente terminado. Tudo aconteceu num momento de grande tensão e as últimas páginas não apresentaram qualquer conclusão. Assim sendo, senti que deixei de ler esta trama durante o seu clímax, algo que fez pensar se esta edição não teria sido dividida. Pois aviso já que não foi, a autora terminou mesmo assim. Percebo que tenha sido uma técnica para nos levar a ler o próximo, mas tal foi desnecessária e mal conseguida.

As Fadas de Edimburgo foi o início de uma trilogia que vou querer continuar a acompanhar. Apesar de por vezes me ter feito recordar a série "Fever" e das falhas já apontadas, penso que "A Falcoeira" tem muito potencial. É um livro de fantasia leve, divertido, sem grandes complexidades e que consegue agarrar a leitura desde o início.