sábado, 14 de setembro de 2013

Opinião: Os Doze (A Passagem #2)


Título Original: The Twelve (2012)
Autor: Justin Cronin
Tradutor: Miguel Romeira
ISBN:  9789722350037
Editoria: Editorial Presença (2013)

Sinopse:

Os Doze é a sequela de A Passagem, um bestseller internacional que nos dá a conhecer um mundo transformado num pesadelo infernal por uma experiência governamental que não correu como previsto. No presente, à medida que o apocalipse provocado pela mão humana se vai intensificando, três personagens tentam sobreviver no meio do caos. Lila, uma médica e futura mãe; Kittridge, que se viu obrigado a fugir do seu baluarte com poucos recursos; e April, uma adolescente que se esforça por manter em segurança o irmão mais novo num cenário de morte e destruição. Mas, embora ainda não o saibam, nenhum dos três foi completamente abandonado...
A uma distância de 100 anos do futuro, Amy e os outros sobreviventes continuam a lutar pela salvação da humanidade... sem se aperceberem de que as regras foram alteradas. O inimigo evoluiu, e surgiu uma nova ordem negra com uma perspetiva do futuro infinitamente mais terrífica do que a da própria extinção humana.

Opinião:

Com Os Doze, Justin Cronin faz o leitor regressar ao mundo pós-apocalíptico apresentado em A Passagem.  Passaram-se cinco anos desde os acontecimentos que encerraram o volume anterior, o que faz com que seja possível assistir a algumas mudanças de organização, assim como matar saudades das personagens mais marcantes desta obra.

Porém, a narração de Os Doze não é linear de um ponto de vista temporal. Depois de ser possível saber o que aconteceu às figuras que cativaram no volume anterior, o autor faz uma regressão até ao Ano Zero. Aí é possível conhecer novas personagens que, numa primeira análise, parecem ser usadas apenas para explorar as diferentes formas de a humanidade lidar com uma catástrofe. Sendo assim, assiste-se a atos de coragem, loucura, amor e altruísmo que impressionam e que fazem o leitor refletir sobre o que faria no lugar daquelas pessoas e sobre os fatores e características necessários para sobreviver. Esta é uma secção repleta de sentimentos fortes e que geram empatia, talvez por se passar num tempo tão próximo do nosso.

Mais tarde é possível entrar no ano 79 D. V. Mais uma vez são dadas a conhecer novas personagens, mas também uma forma de organização social distinta daquela que foi apresentada em A Passagem. Neste tempo, assiste-se a acontecimentos um pouco diferentes e que geram dúvidas no leitor.

De regresso ao ano 97 D.V., é possível perceber as razões da regressão. Afinal, os acontecimentos passados e as novas personagens estão ligados a este tempo principal, mesmo que de forma indireta.  A ligeira confusão inicial gerada pela eventos narrados em tempos distintos é dissipada e a leitura ganha uma nova profundidade e complexidade.

O autor explora as diferentes formas de organização social em tempos de caos. Como tal, é possível constatar que as ameaças exteriores não são as únicas que existem, já que os humanos movidos por sentimentos egoístas podem prejudicar os seus pares de formas igualmente atrozes. Mais uma vez a natureza humana é fator crucial para o desenrolar da ação.

Amy, a figura central desta trilogia, passa por uma evolução significativa. Existe uma verdadeira transformação que, desta vez, pode ser acompanhada de perto, já que se torna possível seguir diretamente os seus pensamentos. Contudo, esta continua a ser uma das figuras mais intrigantes e misteriosas. Também Peter, Alicia e Wolfgast continuam a surpreender ao apresentarem facetas um pouco diferentes daquelas a que nos habituaram.

O tom de mistério é contante ao longo da leitura. Justin Cronin vai fornecendo diversas pistas que permitem ao leitor ligar diferentes factos e assim perceber o caminho da intriga à medida que ele deseja. Existem mais momentos de ação quando em comparação com A Passagem, o que acelera o ritmo da leitura. Os sentimentos predominantes são de coragem, amor e vontade lutar, perdendo-se um pouco a nostalgia presente no livro anterior.

Neste volume, é ainda possível observar várias referências à ideia de juventude e vida eterna, como também diversas ligações com a religião católica. As primeiras páginas deste livro fazem recordar a leitura da Bíblia e muitos dos acontecimentos parecem estar ligados a diferentes passagens desse livro religioso. A existência de uma comunidade semelhante à das freiras reforça esta ideia. O conceito de família é também amplamente explorado.

 Os Doze é um livro forte, que cativa para a leitura e que vai agradar aos leitores rendidos a A Passagem. Repleto de emoções e de acontecimentos de grande relevância, deixa o leitor a ansiar pelo derradeiro volume desta cativante trilogia. Recomendo.

Outras opiniões a livros de Justin Cronin:

4 comentários:

Elphaba disse...

Estou neste momento a ler o livro e não posso deixar de elogiar a tua opinião Cláudia, porque este é um livro do qual é bastante difícil falar e acho fizeste um apanhado geral de conceitos/ideias abordadas muito bom. *.*

Boas leituras.

Morrighan disse...

Isto é que foi rapidez na leitura :b
Só vou começar o meu hoje, se conseguir!

Beijinho e obrigada pela opinião!

PS: Não me esqueci do que falámos no cinema, apenas ainda não tive tempo :((

Cláudia disse...

Olá Elphaba. Estou muito grata pelo teu elogio. Realmente esta não foi fácil de escrever. Senti que havia muito por dizer, mas tive receio de desvendar demais. Espero que estejas a apreciar a leitura tanto quanto eu apreciei (vou ficar a aguardar a tua opinião).

Beijinho*

Cláudia disse...

Olá Sofia! Chegou na segunda e eu peguei logo nele. Como tinha terminado há pouco tempo o segundo volume de "A Passagem" não tive grandes dificuldades em regressar a este ambiente, para além de que a trama também me cativou bastante. Pelo que li das tuas opiniões aos outros dois volumes, parece-me que também vais gostar deste ;)

Um beijinho*

P.S. - Desde que não te esqueças! =P