Autor: Pedro Garcia Rosado
ISBN: 9789898626189
Editora: TopSeller (2013)
Sinopse:
Quatro homens aparecem
mortos num prédio devoluto, ao lado de um braço decepado que não
pertence a nenhum deles. Com o passar dos dias começam a surgir outros
membros humanos espalhados por Lisboa, até ser evidente que são partes
do corpo de uma jovem de dezasseis anos, filha de um dirigente político,
que foi assassinada e que estava desaparecida havia meses.
As
investigações destes casos estão a cargo da inspetora-coordenadora da
PJ, Patrícia Ponte, ex-mulher de Gabriel Ponte, que enfrenta agora
obstáculos dentro da própria PJ, além da pressão do ex-marido, que quer
informações sobre o caso, e da jornalista Filomena Coutinho, que foi a
causa da separação deles.
Os três acabam por descobrir um inferno
escondido nos túneis subterrâneos de Lisboa: uma arena onde
especialistas em combate corpo a corpo massacram homens e mulheres, numa
imitação dos combates de gladiadores da Roma Antiga.
Opinião:
Comecei a ler Morte na Arena bom boas expectativas. Apesar de nunca ter lido nada do autor, a sinopse tinha-me agradado e desejava ter nas mãos um bom policial passado maioritariamente num cenário conhecido.
Iniciei a leitura de uma forma um pouco mais lenta. As primeiras páginas proporcionaram um ritmo mais pausado, mas a partir do momento em que a investigação se inicia assiste-se a um crescer da adrenalina. Começa a ficar cada vez mais difícil parar a leitura, afinal existe uma vontade crescente de desvendar os mistérios que vão surgindo.
O facto de serem explorados os pontos de vista de diferentes personagens ajuda a agarrar a leitura. Não só porque existe um acesso mais amplo a informação, como também não me senti presa a uma personagem com a qual não houve empatia. Afinal, Gabriel Ponte não me marcou tanto como outras figuras. Reformado da Polícia Judiciária, este parece-me ser um homem de meia-idade perdido e sem rumo. Não percebi a razão da relação que tem com os filhos, ao início apenas louvei a lealdade para com o amigo e em diversas circunstâncias achei-o demasiado apagado e desinteressante. Só mais no fim do livro observei atitudes que me agradaram.
Quanto às restantes personagens, fiquei bem impressionada com Patrícia Ponte e o Diabo. Pode parecer estranho destacar estas duas figuras, afinal são completamente diferentes. Contudo, penso que é esta capacidade do autor de criar duas personalidades e histórias tão distintas e fortes que me fascinou. Patrícia é inspectora-coordenadora, mulher que concilia a profissão com as responsabilidades de uma mãe de dois pré-adolescentes. Ela transparece força, autoridade, mas ao se ter acesso aos seus pensamentos é possível conhecer grandes fragilidades. Já o Diabo é uma figura mistério que consegue causar arrepios. Fiquei muito curiosa com a história deste mendigo que já foi usado em outras obras do autor. Destaco ainda o bom trabalho na elaboração das relações entre personagens que parecem reais.
O desencadear dos acontecimentos está bem conseguido e as descrições das provas ou dos cenários dos crimes estão bem conseguidas. O autor preferiu destacar realmente o que é importante para a investigação, de forma a não aborrecer o leitor com informações desnecessárias. A divisão da obra pelos dias em que decorre a acção permite uma localização temporal instantânea e uma melhor ideia quanto à celeridade dos acontecimentos
A forma como o crime é apresentado desperta o interesse e a forma como este vai sendo desvendado está bem conseguida e convence. Ter acesso ao lado dos criminosos aumenta a vontade de perceber quem eles são e porque objectivo fazem tudo aquilo. A utilização da arena e das tradições de divertimento romanas não só propiciam um regresso ao passado como ainda fazem reflectir sobre a curiosidade do ser humano pela crueldade para com o outro.
Quem conhece a cidade de Lisboa vai sentir que o autor transmitiu bem o ambiente que se vive nesta cidade. A inserção de elementos históricos e culturais criam uma noção de proximidade do leitor que conhece o espaço.
Apesar de este ser o segundo volume de uma série, este livro pode ser lido em separado, já que muitos dos acontecimentos passados são dados a conhecer e não causam estranheza. Fica, no entanto, a vontade de pegar no volume anterior não só para voltar a viver uma aventura intensa como esta, como ainda para perceber melhor o que aconteceu entre algumas das personagens.
Li Morte na Arena em pouco mais de 24 horas. É uma leitura intrigante, cheia de adrenalina, que reflecte bem a sociedade e realidade portuguesa e que faz ser difícil para de virar páginas. Aconselho a todos o que gostam de policiais.
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