segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Opinião: A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha (Millennium #4)

Título Original: Det som inte dödar oss (2015)
Autor: David Lagercrantz
Tradução: Jaime Bernardes
ISBN: 9789897541643
Editora: Publicações D. Quixote (2015)

Sinopse:

Neste thriller carregado de adrenalina, a genial hacker Lisbeth Salander e o jornalista Mikael Blomkvist enfrentam uma nova e perigosa ameaça que os leva mais uma vez a unir as suas forças. Uma noite, Blomkvist recebe um telefonema de uma fonte confiável declarando ter informação vital para os Estados Unidos. A fonte tinha estado em contacto com uma jovem mulher, uma super-hacker que se parecia com alguém que Blomkvist conhecia bem de mais. As consequências são surpreendentes. Blomkvist, a precisar urgentemente de um furo jornalístico para a Millennium, pede ajuda a Lisbeth, que, como habitualmente, tem a sua agenda própria.

Opinião:

Quando terminei de ler A Rainha do Palácio das Correntes de Ar, pensei que nunca mais iria acompanhar Lisbeth Salander, uma das personagens mais interessantes da literatura policial. Afinal, Stieg Larsson, o autor de "Millennium", perdeu a vida antes de terminar esta saga que idealizava como tendo 10 volumes. Escreveu três e parecia que tudo iria ficar por aí. Mas David Lagercrantz, também jornalista de investigação, foi convidado para dar continuidade a esta saga de sucesso. Como tal, começou por escrever A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha.

Quando soube da publicações deste livro fiquei entusiasmada, mas também surgiram algumas dúvidas. Afinal, iria o novo autor manter-se fiel ao estilo de Larsson? Reconheceria as personagens? O enredo seria envolvente como os anteriores? Como tal, comecei a leitura um pouco de pé atrás, mas depressa vi-me envolvida nesta nova história. O mistério continua a ser uma constante e as revelações finais surpreendem. E  as personagens estão tal e qual como as recordava.

Existem muitas figuras que estão de volta. Mikael Blomkvist está a atravessar uma crise que parece bastante plausível. A forma como ele se envolve nos acontecimentos demonstram a sua vocação profissional mas também o lado humano. Já Lisbeth, que volta a não surgir logo nas primeiras páginas, continua a ser uma verdadeira delícia. É impossível não se ficar intrigado com esta mulher que é dotada de uma grande inteligência. É verdade que gostaria de a ter visto mais, mas o seu contributo volta a ser imprescindível.

Desta vez, Blomkvist e Lisbeth deparam-se com um caso que está relacionado com segurança nacional e questões de privacidade tecnológica. Ao longo da leitura, existem muitos acontecimentos e crimes que parecem não ter qualquer ligação. O início chega mesmo a ser muito lento e o confesso que existem fases em que tudo chega a ser confuso, pois parece que existe mais de uma história a ser contada. Porém, com o avançar das páginas percebe-se que tudo esteve sempre relacionado, e é impressionante ver de que forma o autor conseguiu unir todos os pontos sem deixar grandes questões.

Gostei que o autismo fosse um dos temas centrais da obra, e a caracterização de August estava muito bem conseguida. Mas aquilo que mais me agradou acabou por ser a ligação do passado de Lisbeth com os acontecimentos atuais. Quando pensávamos que ela já tinha derrotado o seu grande inimigo, Alexander Zalachenko, surge uma nova e perigosa figura. É uma daquelas personagens cuja personalidade odiamos, mas que tem uma construção que nos prende e faz ter vontade de saber mais. As suas ações neste volume mostram que se trata de alguém capaz de tudo, e fica agora a curiosidade sobre o seu futuro e embate mais direto com Lisbeth.

As atividades de hacker voltam a ser bastante usadas neste volume, e as capacidades de Lisbeth voltam a fazer-nos sorrir de tão ousadas e inteligentes que são. Neste campo, surgem novas e interessantes figuras, com destaque para Ed Needham, um homem que gera dúvidas quanto aos seus verdadeiros propósitos mas que tem uma personalidade que diverte o leitor.

Fiquei muito agradada com o trabalho que David Lagercrantz. Acredito que tenha sido necessária coragem para assumir uma saga que tantos fãs conquistou, mas ele fez um bom trabalho. Para mim, este não é o volume mais forte da saga, mas revela os mesmo ingredientes que Larsson usou e sugere que fica muito e aberto para dar continuação à série. Fiquei convencida e vou querer continuar a acompanhar.

Outras opiniões a livros da saga "Millennium":
Os Homens que Odeiam as Mulheres (Millennium #1)
A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo (Millennium #2)
A Rainha do Palácio das Correntes de Ar (Millennium #3)

1 comentário:

Maurilei Teodoro disse...

Também achei que o autor foi competente em continuar as enrascadas de Lisbeth. O meu preferido é o primeiro livro deste quarteto.

bomlivro1811.blogspot.com.br