quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Opinião: Fala-me de Um Dia Perfeito

Título Original: All the Bright Places (2015)
Autor: Jennifer Niven
Tradução: Isabel Veríssimo
ISBN: 9789898775788
Editora: Nuvem de Tinta (2015)

Sinopse:

Violet Markey vive para o futuro e conta os dias que faltam para acabar a escola e poder fugir da cidade onde mora e da dor que a consome pela morte da irmã. Theodore Finch é o rapaz estranho da escola, obcecado com a própria morte, em sofrimento com uma depressão profunda. Uma lição de vida comovente sobre uma rapariga que aprende a viver graças a um rapaz que quer morrer. Uma história de amor redentora.

Opinião:

Fala-me de Um Dia Perfeito é um livro sobre adolescentes, mas que ao contrário do que pode deixar transparecer, não conta uma história leve sobre esta fase da vida. Jennifer Niven inspirou-se na própria experiência para abordar o tema do suicídio e depressão entre os mais jovens. O resultado é uma obra que vai sendo descoberta aos poucos e que passa a mensagem de que não conhecemos totalmente as pessoas e nem sempre é possível imaginar o tormento pelo qual alguém pode estar a passar.

A narrativa é escrita a duas vozes. Por um lado temos Theodore Finch, um jovem que rapidamente chama a atenção. As suas atitudes podem transparecer rebeldia, mas acabamos por perceber que ele tem uma mente frenética e desequilibrada. Depois existe Violet Markey, uma rapariga que está a atravessar um luto duro e que questiona o sentido da própria existência.

Confesso que, entre os dois, senti-me sempre mais cativada pelo capítulos de Finch. Gostei de algumas das suas reflexões, mas aquilo que mais me atraiu foi o facto de se notar que ele está a entrar numa espiral decadente. Contudo, ainda me custa a entender o que o levou a ser assim, sendo que as atitudes que toma na segunda parte do livro não pareceram ligar bem ao que as despoletou.

Violet não marca pela diferença, mas, ao contrário de Finch, supera-se e sai do estagnação em que se encontrava. É curioso verificar que ela foi estimulado por alguém que se encontrava ainda mais perdido do que ela, o que fortalece a ideia de que as pessoas podem aparentar uma imagem e podem dar os melhores conselhos, mas nem sempre são o que pregam.

Apesar de se falar em suicídio logo no início da livro, este não é um tema que esteja presente ao longo de toda a leitura. A certo momento, a obra parece abordar um romance entre duas figuras improváveis, mas numa segunda fase percebe-se que a ideia de colocar um fim à vida é cada vez mais assente. É verdade que pode não ser fácil aceitar tal escolha pelos diferentes valores morais de cada um, mas gostaria que a autora tivesse optado por algo mais forte. Já a parte do luto foi bem transmitida, talvez por ter sido aquela que Jennifer Niven atravessou.

Esta é uma obra que pode chamar a atenção para um problema real. Finch é um rapaz que marca pela diferença e a experiência do luto estava bem transmitida. Gostaria, porém, que a autora tivesse construído emoções mais fortes e que tivesse fundamentado melhor algumas atitudes e escolhas. Fala-me de Um Dia Perfeito faz pensar no que de bom existe na vida e na forma como podemos afetar os outros.

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