sexta-feira, 26 de junho de 2015

Opinião: Incarnate - Encarnação

Título original: Incarnate (2012)
Autor: Jodi Meadows
Tradução: Carla Ribeiro
ISBN: 9789898730206
Editora: Lápiz Azul (2015)

Sinopse:

Quando Ana nasceu, o mundo mudou. Durante cinco mil anos, o mesmo milhão de almas renasceu uma e outra vez, guardando consigo a memória das experiências vividas e de tudo o que aprenderam. Mas Ana é nova. Não é nenhuma das almas que todos conhecem desde o princípio de tudo e, por isso, a sua existência é, para muitos, perturbadora.
Temida ou desprezada pela maioria, incluindo a sua própria mãe, Ana quer apenas descobrir quem é e porque nasceu. São essas as razões que a levam a partir em busca de respostas. Mas a perigosa jornada até a cidade Coração é apenas o início da aventura e, contando apenas com a proteção de um amigo inesperado, Ana está longe de imaginar que o seu mistério se prende com o coração da própria cidade.

Opinião:

Existem capas que chamam logo a atenção e a de Incarnate- Encarnação, é sem dúvida uma delas. Cativada pela imagem, li a sinopse e fiquei ainda mais interessada na leitura deste livro de Jodi Meadows. Afinal, quem seque este blogue já percebeu que eu gosto de tramas fantásticas, e um livro que ligasse esse género à ideia de reencarnação seria algo obrigatório para mim. Por isso, comecei esta leitura com expetativas.

Ana, a protagonista da trama, é diferente de todas as personagens e não percebe o porquê de assim ser. Afinal, todo o mundo parece ser regido por uma força que faz com que as mesmas almas encarnem vida após vida, sendo que a ideia de morte não existe completamente e sendo que nunca aparecem novas pessoas. Pelo menos até à chegada de Ana. Como tal, é fácil entender que surjam diferentes reação quanto a esta personagem. Ana é considerada por muitos como uma anomalia, a prova de que algo correu mal, mas também como um sinal de que a morte definitiva afinal pode ameaçar qualquer um, e isso gera medo e dúvida. É um pouco revoltante ver como essas pessoas a tratam, mas entende-se a razão para tal acontecer. Contudo, também existe quem a veja como uma nova esperança e um sinal de mudança, evolução.

A figura de Ana parece representar todo o que surge de diferente e quebra a rotina, e as outras personagens acabam por serem exemplos de várias formas de reagir. Este foi o aspeto que mais gostei da protagonista, não tanto a personalidade dela, mas sim o seu símbolo. Afinal, Ana não é propriamente alguém que se destaque de tantas outras protagonistas de histórias fantásticas. Ele tem muitas qualidades e é difícil encontrar-lhe os defeitos. O que é pena, pois gostaria de a ver mais aguerrida e problemtática, pois acredito que tal acrescentaria ainda mais valor à trama.

Ao início não sabia bem o que pensar de Sam, pois tive sempre a sensação de que ele está a esconder algo. A sensação persiste pois o facto de ele ser sempre tão correto faz-me pensar sobre quais serão as suas verdadeiras intenções e onde estarão as suas falhas. Acho que a relação de Ana com Sam precisaria de maior complexidade, pois não fiquei plenamente convencida uma vez que tudo parece demasiado fácil e idílico. Contudo, estou muito intrigada quanto ao passado de Li, pois algo tem de justificar tanta raiva e mágoa. Ela é uma daquelas figuras que amamos odiar, o que a torna muito importante para o conflito principal.

O mundo pode ter algumas falhas, mas a ideia base e boa parte da sua apresentação está bem conseguida e é cativante. Gostei da componente quase mitológica associada à cidade Coração, da evolução que esta sofreu ao longo do tempo, do mistério inerente ao que se posso fora das fronteiras da cidade e fiquei muito curiosa relativamente ao misterioso templo de Janan, que parece ter batimento cardíaco. Percebe-se que a autora criou uma base maior do que este livro aparenta, e eu acredito que vou ficar surpreendida quanto esta finalmente for revelada. Contudo, muito pouco foi exposto neste primeiro livrro.

Gostaria que a organização desta sociedade e a forma como cada alma reencarnada se adapta à nova vida e volta a integrar a sociedade fossem mais expostas. Fica apenas uma breve ideia de como tudo acontecesse, mas gostaria de uma explicação maior. Também quero saber a razão dos ataques das criaturas mitológicas, pois acredito que estes são mais racionais do que aparentam.

Terminada a leitura, senti que ficaram muitas questões por responder e que este livro serve como introdução a um mundo maior e mais complexo. Estou muito curiosa para saber o que Jodi Meadowns está a preparar, quer seja quanto a desenvolvimento de enredo como no que toca a evolução das personagens. Mas no fim, chega-se à conclusão que Incarnate - Encarnação proporcionou uma leitura fresca, diferente e divertida.

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