ISBN: 9789897061479
Editora: TopBooks
Sinopse:
Dubai, Emirados Árabes Unidos.
De férias na região, um investigador norte-americano é raptado do hotel onde se encontrava instalado. Uma nova pista sobre um antigo projecto de manipulação genética é descoberta e a Dark Star, uma organização terrorista internacional, está decidida a utilizar os conhecimentos deste cientista para ganhar vantagem.
Contudo, de regresso à Europa, uma das suas operacionais resolve trair o sindicato do crime e oferece-se para trabalhar como agente dupla ao serviço da inteligência britânica. O mistério adensa-se quando esta mulher, de nome de código China Girl, impõe como única condição colaborar com André Marques-Smith, o director do Gabinete de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros português e espião ocasional.
Obrigados a trabalhar juntos para evitarem um atentado a uma importante líder europeia, uma atmosfera tensa, de suspeição e desconfiança, instala-se de imediato entre os dois. Mas que segredos esconderá esta mulher, cujo próprio nome é uma incógnita? Serão as suas intenções autênticas? Será o espião português capaz de resistir à sua invulgar e exótica beleza?
Por entre os cenários reais de Budapeste, Berlim, Londres, Courchevel, Dubai e Lisboa, o autor transporta-nos para um mundo de mentiras, complexas relações interpessoais, e reviravoltas imprevisíveis. Uma reflexão profunda sobre os valores tradicionais portugueses, contraposta com a sua já habitual narrativa intimista e sofisticada, e que vai muito além do tradicional romance de espionagem.
Opinião:
Ansiava continuar a ler as aventuras de André Marques-Smith e finalmente tal foi possível. Em A Espia do Oriente, Nuno Nepomuceno faz-nos regressar ao mundo da espionagem internacional através de uma viagem alucinante. Somos agarrados desde as primeiras páginas deste volume, que logo ao início nos deixa adivinhar que há muitos aventuras a viver mas também segredos a desvendar. Afinal, este livro procura não só abordar esquemas e conspirações europeias, mas também fazer desenvolver personagens e explorar os seus lados mais negros.
André Marques-Smith está de volta. O protagonista que conquistou no primeiro livro da série "Freelancer" está diferente devido aos acontecimentos que se passaram nesse volume. Já existiam questões que o atormentavam, mas agora ele sofre cm descobertas que fez. Deste modo, ele torna-se desconfiado, ressentido, mais frio e até um pouco vingativo. Gostei destas alterações, pois mostram as formas como os acontecimentos podem alterar alguém, o que faz com que este espião se torne mais humano. E mesmo quando não aceitamos bem as suas atitudes, percebemos a razão de ele as tomar. Penso que essa mudança acaba por ser exteriorizada graças às mudanças físicas que a personagem sofre. Penso que esta é uma outra forma de o autor mostrar que André tem todo o seu ser em evolução.
Mas desta vez, o foco não está apenas sobre André. Tal como o título do livro indica, existe uma outra personagem a aproximar-se mais do leitor. Trata-se de China Girl, uma espia que sugeriu mistério e dúvida no primeiro livro na série, mas que agora mostra quem realmente é e surpreende por isso. Esta mulher que parecia ser extremamente calculista e interesseira depressa conquista e revela outras facetas. Perceber as suas motivações, desejos e dúvidas aproximam-nos dela. Quando o seu passado finalmente é revelado provoca choque. Uma jovem mulher que não para de surpreender.
Mais uma vez, o autor consegue interligar muito bem a vida pessoal das personagens com a espionagem. É com naturalidade que se salta das responsabilidades do dia a dia ou de momentos de lazer para momentos de muita ação, perigo e tensão. Quando acompanhamos André sem ser em serviço para a Cadmo, divertimo-nos com as peripécias do seu cão, sentimos a cumplicidade que tem com a irmã, desejamos que se volte a aproximar do pai, achamos graça aos esforços dos amigos para lhe encontrarem uma cara-metade e revoltamo-nos com as injustiças que sofre no trabalho. Ou seja, entramos por completo na sua vida e queremos que ele ultrapasse todos os obstáculos que encontra e seja feliz. Mas a vida de André tem um outro lado.
As páginas dedicadas às missões de espionagem são repletas de adrenalina. Apesar de, por vezes, ficarmos a conhecer o objectivo da missão, é impossível não ler com avidez as páginas que relatam como tudo é colocado em prática. Gosto dos planos elaborados, da capacidade de improviso de todos os intervenientes e fico sempre curiosa com o papel de cada espião num dado projecto. O ritmo da leitura acelera num instante e, apesar de estes serem momentos mais sérios e tensos, a verdade é que também têm espaço para o humor. Ou não houvesse uma verdadeira diva a surgir! Porém, existem algumas questões que nos podem causar dúvida e parecer demasiado convenientes. Além disso, gostaria que as intenções dos "vilões" fossem mais explícitas.
Esta é uma leitura que é feita com fluidez. Apesar de apresentar muitos momentos distintos, o autor sabe fazer ligações de forma natural e sem causar estranheza ao leitor. A linguagem utilizada é acessível, os diálogos são bem conseguidos e as reflexões das personagens não fazem a leitura abrandar, uma vez que nos levam a sentir que estamos a descobrir melhor quem elas são. E é interessante ver que chegamos ao fim, com a ideia de que já percebemos as motivações de todos, e acabamos por ser surpreendidos e ficar com ainda mais dúvidas.
A Espia do Oriente era um livro muito desejado e que não defraudou as expectativas. Quem ficou fã de O Espião Português de certo vai apreciar bastante esta leitura. Contudo, ainda há muito por desvendar e o final tem uma reviravolta que, apesar de não ser totalmente inesperada, a verdade é que faz pensar no que Nuno Nepomuneno estará a preparar e no que estará por trás de todos aqueles acontecimentos. Uma leitura intensa e divertida que recomendo.
Outras opiniões a livros de Nuno Nepomuceno:
O Espião Português (Freelancer #1)
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