Título original: Erebos (2010)
Autor: Ursula Poznanski
Tradução: João Bouza da Costa
ISBN: 9789722355186
Editora: Editorial Presença (2015)
Sinopse:
Numa escola de Londres um misterioso e viciante jogo de computador circula entre os estudantes, mas ninguém fala disso abertamente. As regras do jogo são extremamente rígidas. Cada jogador tem apenas uma oportunidade e se perder nunca mais pode entrar no jogo; deve estar sempre sozinho e não pode falar a ninguém sobre o seu jogo. Quem violar estas instruções é também eliminado. O jogo é inteligente e interage com o jogador como se o vigiasse constantemente. As missões atribuídas devem ser concretizadas no mundo real. Quando Nick Dunmore começa a jogar, sente-se de imediato absorvido, aprende as regras e avança rapidamente; contudo, vê-se forçado a questionar as implicações deste jogo perigoso. Qual o verdadeiro objetivo? E que segredo esconde? Um livro que os apreciadores de fantasia, jogos de computador, lendas urbanas, distopias, não devem perder.
Opinião:
Quando li a sinopse de Erebos fiquei muito curiosa era um livro que incluía algo de que já gostei muito: RPGs. Sim, é verdade, já joguei mas deixei de jogar. E porquê? Porque percebi que aquilo era realmente viciante e que não me permitia aproveitar outras coisas da vida. Por isso mesmo, quando comecei a ler este livro de Ursula Poznanski, consegui identificar-me com a relação da personagem principal com o jogo, algo que está realmente muito bem feito.
Este é um livro destinado a leitores jovens adultos mas cujo mistério vai interessar aos leitores mais experientes que gostam de resolver problemas. Começamos por acompanhar um rapaz adolescente que comum. Ele tem uma boa relação com os pais apesar de alguns atritos, eles sente a pressão da escola, ele tem uns poucos bons amigos e ele está completamente apaixonado por uma rapariga com quem mal consegue falar. Até agora, todos características normais que pouco surpreendem. Contudo, a vida deste rapaz muda quando percebe que há algo secreto a acontecer entre alguns alunos.É aqui que a leitura nos começa a agarrar, tal como se tivéssemos numa teia, pois quantas mais páginas lemos mais queremos ler.
Estava um pouco reticente quanto à forma como a autora iria retratar o tempo em que Nick joga, já que o narrador acompanha directamente a experiência do protagonista. Contudo, fiquei bem agradada ao perceber que quando Nick está a jogar, ele deixa de ser quem é para ser a sua personagem, o que faz com que nós saltemos para aquele mundo e sentíssemos que estamos dentro dele. Contudo, não sei se a alteração da forma verbal entre vida real e jogo tenha sido bem conseguida. No jogo, gostei dos lugares-comuns como as missões ou as construções de personagens, mas aquilo que mais me intrigou foi mesmo a repercussão que Erebos tinha na vida real.
As missões da vida real intensificam o mistério, mas é a alteração que se dá na personalidade de Nick que eu mais apreciei. A autora conseguiu transmitir muito bem a forma como o vício por um jogo de vídeo surge. Ao início é uma mera curiosidade, depois torna-se um passatempo de eleição para a seguir ser uma parte fundamental do dia a dia sem a qual se consegue passar. Nick reflecte bem isso não só pelo tempo que gasta em Erebos mas principalmente através das emoções, que são mais agressivas e impacientes quando está afastado do ecrã do computador. Um aspecto que serve como lição e alerta ao leitor.
A forma como a trama se desenrola está bem conseguida. O que ao início parecia uma diversão comum passa a ser uma arma. Ao longo da leitura, estava sempre a tentar imaginar qual era o objectivo de tudo aquilo e confesso que só mais tarde consegui perceber o que estava a acontecer. A conclusão pode gerar algumas dúvidas e existem aspectos externos ao jogo que acabaram por não serem encerrados. Também houve uma relação entre personagens que me pareceu surgir sem grandes bases.
Houve uma situação em particular da tradução que me fez confusão. Por diversas vezes diz-se que Nick está no sexto ano. Ora, tendo em conta que ele está a estudar em Inglaterra, o sexto ano equivale aos dois últimos anos do ensino secundário, o que faz sentido tendo em conta a idade da personagem. Contudo, isso não é perceptível para quem não sabe disso, e, nesse caso, o sexto ano será associado ao sexto ano português, o que pode gerar alguns desentendimentos. De resto, gostei da tradução, especialmente no que toca aos diálogos que continham palavras e expressões peculiares dos jovens dos dias de hoje.
Erebos é uma leitura muito divertida, por vezes assustadora, e muito diferente. Durante esta opinião, tentei não desvendar demasiada informação, pois acho que a experiência de descoberta é muito interessante e emocionante. O final pode carecer de mais explicações, mas a viagem até lá é muito boa. Recomendo!
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