quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Opinião: A Prova do Ferro (Magisterium #1)

Título Original: The Iron Trial (2014)
Autor: Holly Black e Cassandra Clare
Tradução: Catarina F. Almeida
ISBN: 9789896575601
Editora: Planeta (2014)

Sinopse: 

Primeiro livro da saga Magisterium com 5 volumes .
A maior parte dos miúdos faria qualquer coisa para passar na Prova do Ferro. Mas não Callum Hunt.
O pai ensinou-o a desconfiar da magia e explicou-lhe que o Magisterium, a escola onde os aprendizes de Magos são treinados, é uma armadilha fatal. Callum tenta fazer o seu melhor para ser o pior de todos os candidatos - mas não consegue falhar. Superada a Prova do Ferro, não lhe resta outra opção, senão entrar para o primeiro de cinco anos de aprendizagem no Magisterium.
A Prova do Ferro foi apenas o início, porque o verdadeiro teste ainda está para vir…

Opinião:

A Prova do Ferro é o primeiro volume de "Magisterium", uma saga criada por Holly Black e Cassandra Clare. Comecei a leitura com curiosidade, já que estas duas autoras criaram mundos muito distintos mas marcantes para o género fantástico através de "As Crónicas de Spiderwick" e "Caçadores de Sombras", respectivamente. Já estava alertada para o facto de se tratar de uma leitura destinada a um público jovem, por isso as minhas expectativas eram entrar um novo e emocionante mundo, conhecer personagens marcantes e saber o resultado do trabalho conjunto destas duas autoras.

O livro inicia com um momento que remete para um acontecimento passado bastante relevante. Logo ali percebemos que vamos assistir a uma luta entre o bem e o mal e também é facilmente entendido que a personagem principal, Callum Hunt, desta obra encerra em si um grande mistério. Confesso que não gostei de Callum ou Call imediatamente. Numa fase primária, pareceu-me um rapaz que tenta mascarar as suas fraquezas através de uma atitude irritante. Só com o avançar da narrativa é que me comecei a sentir mais ligada a ele, mas isso deve-se ao facto de se ter operado uma transformação no protagonista. Ele acabou por tornar-se mais sincero consigo próprio, independente e aberto aos outros (apesar de ainda não se revelar plenamente). Percebo que nesta fase ele é apenas um menino de 12 anos e estou muito curiosa para saber como ele vai continuar a desenvolver-se.

Achei curioso o facto de este livro ter leque diversificado de personagens. Todas elas são dotadas de personalidades bem definidas, o que nos leva a continuar a leitura mesmo quando o protagonista não consegue estabelecer grande ligação. Tamara e Aaron são os colegas mais próximos de Call e apesar de não terem personalidades surpreendentes, a verdade é que me faziam desejar saber mais sobre eles. Era evidente que cada um tinha um passado marcante e foi isso que quis descobrir desde que foram apresentados. Existem ainda outros alunos que parecem mais do que aquilo que aparentam, nomeadamente Celia, Jasper e Drew.

Os professores não me impressionaram. Eram demasiado semelhantes em termos de personalidade, e muito fechados, o que fazia com que fosse difícil distingui-los quando os seus nomes não eram mencionados. Rufus, o mentor de Call fazia-me lembrar um sábio que parece distante mas que vai acabar por revelar-se um aliado importante. O pai de Call é uma outra figura que me intriga. Percebe-se que ele passou por uma grande provação e que está afectado desde então. Resta saber até que ponto ele tem razão e estou ansiosa por descobrir isso.

Tal como seria esperado, este é um livro repleto de elementos relacionados à magia. Os elementos são a inspiração, o que faz com que cada prática e cada ser esteja ligado a um deles. Este é um bom conceito, e gostei da oposição entre alma e caos, contudo, nem sempre me senti convencida. Existem algumas práticas que fortalecem as capacidades mágicas que não consegui aceitar bem e acho que muitos aspectos não foram bem expostos, especialmente no que toca às consequências dos usos abusivos.

O desenrolar da narrativa não guarda grandes surpresas. É possível perceber o caminho que as autoras querem traçar o que querem obter através dele. O encadeamanto de acontecimentos acaba então por ser previsível, o que pode levar a alguns momentos mais aborrecidos. Felizmente o final conseguiu mostrar-se ligeiramente diferente do que o que seria esperado.

Ao longo da leitura, cresceu em mim uma suspeita quanto a uma grande revelação. Não vos vou dizer sobre o que era, pois não quero desvendar nada ou condicionar a vossa experiência de leitura. Tudo parecia apontar para isso, apesar de as autoras apresentarem o tema como um grande mistério. Isso fez com que eu ficasse desanimada, afinal era tudo muito óbvio. Contudo, quando chega finalmente o momento de fazer essa tal revelação, sou surpreendida. As autoras conseguiram-me enganar muito bem e eu adorei isso. Fiquei muito feliz por ver as minhas ideias refutadas e por ter surgido algo inesperado que dá uma nova visão a este mundo.

Este é um livro que apresenta um novo mundo que ao início pode causar incertezas, mas que depois acaba por cativar. Gostei da escola subterrânea, gosto das muitas dúvidas que surgem quanto às motivações de diversos lados e gosto dos valores da amizade, coragem e altruísmo que as autoras pretendem transmitir. Contudo, foi-me impossível não estar sempre a recordar a saga "Harry Potter", de J. K. Rowling. Sei que tanto Black como Clare são fãs do feiticeiro da cicatriz em forma de relâmpago, mas tal não as desligou totalmente dessa história. Penso que só nos próximos livros é que vamos assistir ao distanciamento.

Este é o início de uma saga que promete melhorar a cada livro. A Prova do Ferro apresentou algumas falhas mas também muito potencial. Quero continuar a acompanhar as aventuras que acontecem em Magisterium e desejo ver estas personagens a amadurecerem. Este é um mundo que tem muito mais para dar.

2 comentários:

Books and Coffee disse...

Aconteceu exatamente o mesmo comigo. :P Estive desde quase o inicio do livro à espera que acontecesse uma coisa, mas no fim fiquei mesmo parva com a volta que deu. :)

Também achei o livro parecido em certas coisas com o Harry Potter, mas se nos conseguirmos abstrair disso, conseguimos gostar bastante da história. Beijinhos

Cláudia disse...

Olá Books and Coffee!

Eu estava muito convencida de que não iria ser surpreendida e afinal enganei-me :P Pode ser que os próximos se distanciem mais do Harry Potter, acredito nisso ;)

Beijinho*