sexta-feira, 6 de junho de 2014

Opinião: O Marciano

Título original: The Martian (2012)
Autor: Andy Weir
Tradutor: Miguel Romeira
ISBN: 9789898626387
Editora: TopSeller (2014)

Sinopse:

Uma Missão a Marte. Um acidente aparatoso. A luta de um homem pela sobrevivência.
Há exatamente seis dias, o astronauta Mark Watney tornou-se uma das primeiras pessoas a caminhar em Marte. Agora, ele tem a certeza de que vai ser a primeira pessoa a morrer ali.
Depois de uma tempestade de areia ter obrigado a sua tripulação a evacuar o planeta, e de esta o ter deixado para trás por julgá-lo morto, Mark encontra-se preso em Marte, completamente sozinho, sem perspetivas de conseguir comunicar com a Terra para dizer que está vivo. E mesmo que o conseguisse fazer, os seus mantimentos esgotar-se-iam muito antes de uma equipa de salvamento o encontrar.
De qualquer modo, Mark não terá tempo para morrer de fome. A maquinaria danificada, o meio ambiente implacável e o simples «erro humano» irão, muito provavelmente, matá-lo primeiro. Apoiando-se nas suas enormes capacidades técnicas, no domínio da engenharia e na determinada recusa em desistir — e num surpreendente sentido de humor a que vai buscar a força para sobreviver —, ele embarca numa missão obstinada para se manter vivo. Será que a sua mestria vai ser suficiente para superar todas as adversidades impossíveis que se erguem contra si?
Fundamentado com referências científicas atualizadas e impulsionado por uma trama engenhosa e brilhante que agarra o leitor desde a primeira à última página, O Marciano é um romance verdadeiramente notável, que se lê como uma história de sobrevivência da vida real.

Opinião:

Adorei O Marciano. Não há outra forma de começar esta opinião. Confesso que ao início, tinha um misto de receio e curiosidade quanto a este livro. Por um lado, gosto de ficção científica e fiquei entusiasmada por perceber que este era uma obra com uma boa aceitação. Por outro, não percebia como a história de um homem que está perdido em Marte poderia manter o interesse ao longo de mais de 300 páginas. Sabem que mais? A história não só prende como o interesse acaba por crescer.

Andy Weir apresenta uma trama que quase parece realidade. É fácil acreditar que o envio de naves tripuladas a Marte é uma possibilidade, afinal o autor explica como tal aconteceu apresentando bases físicas e químicas. Nada é deixado ao acaso e fica a ideia de que se estas viagens ainda não aconteceram então é porque estão para breve! A trama de O Marciano é iniciada com o acidente que deixa Mark Watney, o protagonista, sozinho em Marte.

Mark é uma personagem deliciosa. Estava com receio de que fosse uma figura que com o tempo se tornasse entediante, mas aconteceu precisamente o contrário. Ele é a pessoa certa para viver esta aventura. O interesse crescente neste astronauta perdido em Marte deve-se ao seu sentido de humor tão apelativo e à sua capacidade de sobrevivência. Adorei a forma como Mark usa o sarcasmo e o seu carácter bem-disposto como mecanismo de defesa (o que eu ri com a página 73. E este é apenas um exemplo!). Só assim ele não entra em depressão, desespero ou desiste de viver. Também a forma como ele aplica os seus conhecimentos para ultrapassar os muitos obstáculos que encontra são de louvar e não deixam de impressionar.

A experiência de Mark em Marte é relatada através de um diário de bordo. Desta forma, o leitor tem conhecimento de todas as suas acções mas também pensamentos, dando uma ideia de proximidade com este protagonista. Com o decorrer da trama, surgem outras personagens, sendo que os seus momentos são apresentados na terceira pessoa. Estas figuras também estão bem construídas e também fazem crer na sua humanidade e realidade.

O desenrolar da acção é intenso. O início da trama é pautado por um clima de tensão, com o avançar da leitura, assiste-se a momentos de aceitação e experimentação. A noção de aventura e a vontade de superação estão sempre presentes e são estas duas concepções que fazem mover a narrativa. Existe sempre algo a acontecer e é impressionante que, quando acreditamos que Mark está bem encaminhado, surge um novo desafio. Andy Weir não é um autor que goste de fazer as suas personagens escaparem às dificuldades, afinal, parece que tudo o que poderia acontecer de mal a Mark, aconteceu! Este astronauta não escapou a nada, o que dá origem a momentos emocionantes e de leitura rápida.

O único aspecto que quebrava o meu ritmo de leitura eram as muitas explicações físicas e químicas. Estas são necessárias e aumentam a sensação de que tudo o que está a ser relatado é real ou que pode acontecer. Contudo, o facto de estes serem temas sobre os quais tenho poucos conhecimentos fizeram-me ter algumas dúvidas ou a não entender tudo o que o autor estava a querer transmitir. Assim dito, tenho consciência que o ritmo abrandou ou houve aspectos que não foram entendidos não por falha do autor, mas pela minha falta de conhecimentos. Fiquei com a ideia de que Andy Weir pensou muito em todas as hipóteses relatadas para que estas fossem transmitidas com coerência e realismo.

Apesar de nada ter contra a conclusão que o autor escolheu, a verdade é que me ficou a saber a pouco. Queria saber mais e pareceu-me que o fim foi abrupto. Contudo, também aceito que não havia mais por onde ir, e este desejo pode ser apenas a não-aceitação por o livro ter terminado.

O Marciano foi um livro que muito me surpreendeu. Para além de fazer imaginar as possibilidades e os limites da ciência e tecnologia humana, de fazer reflectir sobre a compaixão, união e a capacidade de entreajuda e de ainda nos fazer questionar sobre as nossas próprias capacidades de sobrevivência, este é um livro dotado de personagens cativantes e situações de cortar a respiração, que agarra e que marca. Claro que recomendo!

6 comentários:

Célia disse...

Já tinha lido opiniões muito positivas, sobre este livro, e a tua vem reforçar essa impressão. Parece-me muito interessante e devo acabar por lê-lo, mais tarde ou mais cedo.

Cláudia disse...

Foi uma grande surpresa e desde então não paro de o recomendar. Aconselho a leitura para "cedo", pois acabei de saber que irá haver adaptação cinematográfica, o que, confesso, me assusta: http://www.hollywoodreporter.com/heat-vision/ridley-scott-direct-matt-damon-703887

Célia disse...

Não fazia ideia que ia haver filme! E sim, quero ler antes ;)

Cláudia disse...

Deve sair apenas lá para 2015 ou 2016, por isso há tempo ;)

Anónimo disse...

Olá,
Também li e adorei. Talvez por ter formação superior numa engenharia, ainda gostei mais ( pelas explicações descritas). Gosto de livros de ficção e este foi dos melhores que já li.

Cláudia disse...

Olá Anónimo. É bom saber que alguém com a sua formação tenho gostado do livro e achado coerente. Beijinho