sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Opinião: Depois da Terra - A Fera Perfeita

Título original: A Perfect Beast (2012)
Autor: Michael Jan Friedman, Robert Greenberger e Peter David
Tradução: Rui Azeredo
ISBN: 9789896375881
Editora: Edições Saída de Emergência (2013)

Sinopse: 

Após o êxodo da Terra, os humanos sobreviventes instalaram-se num planeta remoto, Nova Prime. Quando uma força alienígena, conhecida por Skrel, desceu dos céus, o Corpo Unificado de Patrulheiros, uma elite defensiva, resistiu corajosamente. Decorreram séculos sem que houvessem mais ataques, e muitos colonos convenceram-se de que os recursos aplicados na manutenção da força militar seriam melhor gastos noutras áreas. Mal sabiam o que estava para se abater sobre Nova Prime – algo sedento de sangue.Conner Raige, último representante de uma linhagem de guerreiros valorosos, é um dos mais promissores cadetes dos Patrulheiros. Os antepassados de Conner estiveram na linha da frente da vitória da humanidade sobre os Skrel. Mas quando estoira uma guerra mortífera, Conner tem de enfrentar uma fera completamente diferente – porque, desta vez, os Skrel trouxeram uma arma secreta: ferozes máquinas assassinas concebidas para eliminar a humanidade de Nova Prime… e do universo.

Opinião:

Foi com alguma curiosidade que comecei a leitura de A Fera Perfeita. Já tinha ficado bem surpreendida com Depois da Terra (mais interessante do que o filme apesar de ser um livro nele inspirado) e queria ver que outros pontos os autores iriam agora explorar. Afinal,a primeira obra apresentou uma sociedade, ciência, tecnologia e mundo completamente novos e por isso há muito por onde pegar. Desta vez, foi escolhido o momento em que os humanos, em Nova Prime há pouco mais de cinco séculos, enfrentaram pela primeira vez as Ursas.

Desde logo apreciei o facto de o protagonista ser um Raige. Desta forma, voltamos a acompanhar esta família que teve sempre um papel fundamental para a sociedade desde que a humanidade abandonou a Terra. E se por um lado Conner é um jovem com quem é fácil simpatizar, por outro faz lembrar demasiado Kitai, o herói da obra anterior. Ambos têm as emoções à flor da pele, tem uma relação de respeito, admiração e um certo afastamento com os pais, preocupam-se com o legado da família e agem de forma corajosa e engenhosa em situações de crise. As muitas semelhanças não permitem então separar inteiramente estas duas figuras que deveriam ser distintas.

Mas a trama não está apenas focada em Conner. Desta vez os autores escolheram apresentar mais personagens secundárias e assim dar a ideia de que a evolução é possível graças a um esforço de várias figuras e não apenas de uma. Destaco o facto de cada uma destas pessoas conseguir prender e de, a certo momento, ser preciso relembrar que Conner é o protagonista, já que todos são cruciais para o desenrolar da narrativa. Confesso ainda que fiquei muito surpreendida com a quantidade de mortes que ocorrem, o que reforça a ideia do perigo que a humanidade enfrentou.

O ritmo da narrativa, inicialmente, é mais pausada, mas a partir do momento em que o ataque começa torna-se rápido e frenético. Esta facto intensifica a diferença entre dois ambientes, sendo o primeiro mais calmo e o segundo de grande perigo. A leitura torna-se então mais rápida, sendo que a rápida evolução de Conner poderá ser o principal ponto a causar estranheza. Por um lado percebe-se o porquê de tal ter acontecido, mas por outro sente-se a falta de certas bases, nomeadamente experiência.

Ao longo da leitura é possível verificar a preocupação dos autores relativamente a questões de fé em tempos de crise. Ao ser fornecida uma maior proximidade do líder espiritual deste povo e de uma díscípula específica, foi possível reflectir sobre o a fé cega, a angústia da dúvida, a esperança e ainda o poder das instituições religiosas na formação de opinião nas massas. É também interessante reflectir sobre o próprio conceito de fé, sendo este alargado com o decorrer da história para outro tipo de valores.

O papel dos meios de comunicação na formação da opinião pública e no desencadear mudanças na sociedade também está bem presente. Este surge mais em tom de crítica, muito devido às características da personagem que o representa. Vander Meer acaba por se revelar alguém frustrado e mais interessado em assegura o seu papel na história do que propriamente em apresentar soluções convenientes à população e o seu desfecho acaba por comprovar isso mesmo.

A Fera Perfeita acabou por ser uma leitura que me agradou e que, apesar de pertencer a uma série, possui uma história com conclusão e que não faz sentir a necessidade de adquirir outro volume para a entender. Gostei deste novo lado de Nova Prime, de perceber como aquela população subsiste num planeta que não é o seu de origem, de ver que o herói não é o único responsável pela missão de enfrentar o desafio e ainda de entrar na mente dos seres que ameaçam a humanidade. Um livro que acaba por se revelar mais forte do que parece à partida e que recomendo aos leitores que se interessam por ficção científica, um género que que não é comum no mercado nacional.

Outras opiniões a livros da série "After Earth":
After Earth - Depois da Terra

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