quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Opinião: Pátria (A Trilogia do Elfo Negro #1)

Título original: Book One of the Dark Elf Trilogy (1990)
Autor: R. A. Salvatore
Tradutor: Mário Matos
ISBN: 9789896372675
Editora: Edições Saída de Emergência (2010)

Sinopse:

Nas profundezas da terra e rodeada de trevas eternas, esconde-se a imensa cidade proibida de Menzoberranzan. Habitada pelos drows, os temidos elfos negros, Menzoberranzan é governada por um complexo sistema de Casas em constante batalha. No meio de uma dessas batalhas nasce uma criança com olhos cor púrpura.

A criança, Drizzt Do’Urden, destinada a tornar-se príncipe de uma das Casas, cresce num mundo vil onde a sua própria família não hesita em conspirar, trair e assassinar. Surpreendentemente, Drizzt desenvolve um sentido de honra e justiça completamente estranho à sua cidade. Mas haverá lugar para ele num mundo onde a crueldade é a maior virtude?

Opinião:
R. A. Salvatore é o autor da Trilogia do Elfo Negro, que surgiu na necessidade de explorar a história de uma das suas personagens mais carismáticas e acarinhadas de The Icewind Dale Trilogy: Drizzt Do’Urben, o elfo negro.

No universo dos Forgotten Realms, surge Menzoberranzan, uma cidade subterrânea dominada pelos drow, também conhecidos como elfos negros. Os drow são seres cruéis, maliciosos que se organizam num sistema de Casas que estão em batalha constante de forma a obter poder e influência. Os elfos negros são devotos de Lolth (ou Lloth), a Deusa Aranha que exige sacrifícios e que congratula a ambição e a crueldade dos seus seguidores.


“Os elfos drow eram criaturas de sobrevivência, e não de princípios.”

As características dos drow são o maior atractivo desta leitura. Conhecer uma sociedade matriarca onde os valores nobres, como a verdade, a justiça e a compaixão são vistos como vis, fracos e até profanos, pode ser uma boa novidade para o leitor.

O nosso herói nasce enquanto a sua Casa ataca uma outra que está à frente na hierarquia. Aquele que viria a ser um nascimento destinado ao sacrifício para regozijo da Deusa, revela uma outra direcção. Drizzt Do’Urden tem que viver para tomar o lugar do segundo filho, e quando a sua família vê os olhos violeta do recém-nascido, não consegue adivinhar que outras diferenças este drow possui.

Drizzt não é um elfo negro comum. Ingénuo, alegre, corajoso e com um sentido de honra inato, desagrada a todos durante o seu desenvolvimento, que apenas vêm nele a qualidade de guerreiro que não tem igual. Drizzt não consegue compreender a sociedade em que está inserido, que o aterroriza através de actos e de ideais. O jovem tenta integrar neste sistema, mas vive num constante dilema moral que o faz perceber que não pertence ao povo no qual nasceu.

Em Pátria, seguimos Drizzt desde o seu nascimento até à tomada de consciência da sua demanda, deixando conhecer um povo e uma terra sombrios. O leitor acostumado a ler aventuras onde segue um povo com características referentes ao “bem” que enfrenta um do “mal”, vai ficar agradado com esta variação, assim como vai reflectir sobre aquilo que motiva a malvadez. Os relatos e lendas dos elfos negros sobre os outros seres, tais como os elfos da superfície, são bastante relevantes e fazem reflectir sobre a subjectividade dos valores, nomeadamente quanto à dualidade anteriormente referida.

Apesar de ser uma aventura destinada a um público jovem, devido à simplicidade da escrita, à previsibilidade do enredo e de por vezes, fazer lembrar um RPG (role-playing game), poderá, também, revelar-se uma leitura agradável até para o leitor habituado a enredos mais intricados do género fantástico, isto pela forma como alguns conceitos estão apresentados.

Com o primeiro volume da Trilogia do Elfo Negro, a Saída de Emergência transporta-nos aos Forgotten Realms, um universo povoado por diferentes criaturas e onde a magia está bem presente. Drizzt cativa e o leitor deseja continuar a acompanhar esta personagem tão diferentes dos da sua raça nas suas aventuras.

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