quarta-feira, 11 de julho de 2012

Opinião: A Águia do império (Série da Águia #1)

Autor: Simon Scarrow
Título Original: Under the Eagle (2001)
Tradução: Safaa Dib
ISBN: 9789896371678
Editora: Edições Saída de Emergência (2006)
Sinopse:

O primeiro volume da série da Águia apresenta-nos uma nova visão das legiões romanas. Como qualquer jovem romano, o liberto Quintus Licinius Cato, amante da literatura e filho de um escravo que caiu nas graças do Imperador Cláudio, afasta-se da vida de palácio e inscreve-se como recruta na Segunda Legião, que está na Germânia. Para além de ter de se adaptar à rigorosa vida militar, Cato terá ainda que lidar com o desprezo e ódio dos seus colegas, uma vez que graças aos contactos que tem em Roma torna-se tenente de um experiente centurião: Macro.
Determinado a obter o respeito dos outros homens Cato vai tentar dar provas da sua coragem, mas tudo é mais complicado do que parecia inicialmente. Para além de se envolver em batalhas imprevistas, tem de suportar uma complicada viagem até à Britânia e é escolhido por Macro para integrar uma missão secreta. Como se tal não bastasse, percebe que tem à sua volta muitos homens perigosos e ainda se apaixona por uma escrava.

Opinião:


Escrito em modo de introdução das muitas aventuras da dupla Macro e Cato, Simon Scarrow apresenta-nos uma história que não se resume à descrição detalhada das muitas batalhas das legiões romanas. Neste primeiro volume, o autor foca-se na instrução do jovem Cato, com que é fácil criar empatia. Ingénuo, meio trapalhão e culto, é uma personagem interessante que, numa fase inicial, parece não pertencer ao ambiente vivido na legião.  Contudo, alia-se a Macro, um centurião que parece representar tudo aquilo que o jovem liberto não é: forte, ágil, corajoso, bruto e… analfabeto. Se ao início parecia não haver qualquer ligação entre os dois, um acontecimento muito forte vai uni-los e torná-los complementos.

Mas existem mais personagens fortes e interessantes para além de Cato e Macro. Destaco o legado Tito Flávio Sabino Vespasiano, um homem poderoso que personifica a honra, o tribuno Vitélio, um homem ambicioso capaz de tudo para obter o que deseja, Flávia, a mulher de Vespasiano, que usa de forma admirável os poucos instrumentos que tem para fazer a diferença nas intrigas políticas, e Narciso, o secretário do imperador Cláudio, um liberto que faz tremer homens poderosos, graças á sua perspicácia e astúcia. Estas personagens acabam por estar ligadas numa intriga política interessante que existe em paralelo com as batalhas travadas pela legião e que revela ser um foco de grande interesse. 

Os diálogos estão bem conseguidos, sendo interessante observar a mudança de estilo linguístico das personagens, para além que o humor utilizado revela-se uma componente bem conseguida num ambiente de guerra e conspiração.

Confesso que, antes de ler o livro, temia que as cenas de batalha fosse demasiado extensas, descritivas e aborrecidas, mas a verdade é que fui surpreendida neste sentido. O autor explora estes momentos não só através da apresentação das táticas utilizadas e dos pormenores sangrentos, mas também utiliza as emoções das personagens que nelas estão a combater. Destaco os momentos inicias de Cato, em que se deixa levar pelos nervos e chega mesmo a perder a arma e a ocasião em que finalmente se sente um homem da legião ao lado dos seus colegas.

Contudo, existem certos acontecimentos que parecem surgir de modo demasiado conveniente para o Macro e o Cato, que os leva, inevitavelmente a serem considerados grandes heróis, o que pode causar algum desagrado. Mas a verdade é que no final da leitura fica a vontade de continuar a acompanhar estas aventuras, até porque existem muitos mistérios a serem revelados. Os fãs de históricos do género vão adorar!

1 comentário:

Fernando Miranda disse...

Concordo com quase tudo do que disse, exceto quando refere que os diálogos estão bem conseguidos. Ainda vou a meio do livro mas confesso que foi o ponto que mais me desiludiu. Ainda não passei os olhos pelo texto original, mas suspeito que o tradutor não foi muito feliz no trabalho que fez. Até nem sei se a mudança de tradutor nos números mais avançados da série não terá sido um reflexo disso.