Sou fã do irreal, da ficção e da imaginação. Sei que isso é
algo que faz parte de quem eu sou, mas que foi claramente potencializado pelos livros. Não venho de uma família com hábitos de leitura, mas lembro-me de não
saber ler e de já andar com livros debaixo do braço, maravilhada com as
possibilidades de tramas que guardavam.
Entre as minhas primeiras leituras encontra-se a colecção “Os
Mais Belos Contos”, da Civilização Editora. De capa dura de tons amarelos,
estes livros eram grandes companheiros. Cada um tinha um tema: existiam Os Mais
Belos Contos Tradicionais, dos irmãos Grimm (em dois volumes), de Hans Christian Andersen, de
Charles Perrault, de Esopo, da Rússia, do Mundo, de Animais e das Mil e Uma Noites. Com ilustrações belíssimas
de autores sempre diferentes, nunca cansavam ou paravam de surpreender.
Recordo o temível Barba Azul de Perrault que tanto me
fascinava, a cruel bruxa má da Branca de Neve dos irmãos Grimm, a assustadora
Baba Yaga do folclore do leste europeu. O facto de apenas enunciar os vilões
não é uma mera coincidência. Afinal, foi com esta colecção que comecei a sentir
que um bom vilão faz um bom herói e que são as peripécias que ocorrem entre os
dois que fazem da história memorável.
Longe da beleza que a indústria cinematográfica incutiu aos
contos tradicionais, estas tramas impressionavam-me por conterem cenas mais
cruas e duras. Por vezes, a arrogância da bela princesa não lhe permitia ficar
com o príncipe no final e as boas esposas eram degoladas por puro
capricho do esposo (as mentes mais sensíveis que não se preocupem pois tudo isto
era descrito subtilmente). Contudo, apesar de por vezes se afastarem do
esperado final feliz, a verdade é que também não iam ao encontro aos primórdios
das narrativas. Afinal, estou-me a referir a uma obra para crianças!
Guardo estes volumes com carinho, pois apesar de a infância
ter passado, a verdade é que por vezes existe vontade de regressar a certos
momentos. Há melhor forma do que através de um livro?
2 comentários:
O que eu adorava esta colecção! Mesmo antes de aprender a ler, nem mais. Lembro-me do Barba Azul e do espectacular Rouxinol do Imperador. Do Irmão e Irmã. Pelas voltas que a vida dá, nunca mais pude ver esses livros e ainda bem que estão aqui três das capas. Obrigada!
Estes livros realmente marcaram infâncias :)
Bj*
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