Título Original: Vingar av Silver (2020)
Autor: Camila Lackberg
ISBN: 9789897840548
Tradutor: Elin Baginha
Editora: Suma de Letras (2020)
Sinopse:
Depois do grande sucesso internacional de Uma Gaiola de Ouro, chega mais um episódio da história de Faye: traição, redenção e solidariedade feminina num novo drama sobre a vingança. Graças a um plano refinado e cruel, Faye deixou para atrás a traição e as humilhações sofridas pelo agora ex-marido Jack e parece ter assumido as rédeas da sua existência: é uma mulher independente, reconstruiu a sua vida num outro país e longe do seu passado, Jack está na prisão e a empresa que Faye fundou, Revenge (Vingança), está crescendo com sucesso.
Mas novos desafios correm o risco de quebrar a serenidade conquistada com muito esforço. De facto, o lançamento da marca Revenge nos Estados Unidos de América desperta uma séria ameaça e Faye é forçada a retornar a Estocolmo.
Opinião:
Gostei tanto de ler Uma Gaiola de Ouro, o primeiro livro desta série, que fiquei muito entusiasmada quando soube da publicação do segundo. Queria saber que novas voltas a vida de Faye ia levar e descobrir mais sobre esta personagem que tanto me cativou. Queria saber que mais surpresas a autora Camila Lackberg tinha guardadas na mana para esta continuação.
No geral, a autora volta a incidir em força do feminismo e na união das mulheres. Volta a abordar os temas de igualdade e de misoginia existente no meio laboral. Por isso mesmo, a narrativa foca-se fortemente na dedicação de Faye para o negócio que fundou, ao mesmo tempo que concilia o trabalho com outras partes da sua vida. Prova de que uma mulher realizada é uma mulher feliz.
O tema da violência doméstica volta a estar bem presente nesta páginas. Ainda que não seja da mesma forma que aconteceu no livro anterior. É que encontramos uma Faye mais forte e segura de si. Mais consciente de quem é e da sua força. Isso é inspirador e prova que o nosso passado não tem de nos definir, que somos capazes de superar todos os obstáculos e alcançar o potencial que temos. Isto é visto não só na protagonista mas também em todas as figuras femininas desta narrativa.
Confesso, no entanto, que a narrativa não me cativou tanto como a do livro anterior. Senti que o motor da ação não era suficientemente forte, que a trama era algo previsível e que nunca existiu uma verdadeira sensação de perigo. Além disso, não fiquei fã das muitas referências a artigos de luxo, apesar de saber que esta é a forma de se mostrar o sucesso e fortuna da protagonista. Outro aspeto que achei desnecessário foram as longas descrições de cenas de sexo, pois fizeram sentir que este volume era mais romance erótico do que thriller.
Um dos aspetos mais positivos deste livro foram os capítulos dedicados ao passado de Faye. Aqui sim, sentiu-se o perigo, a tensão, terror, piedade e até nojo. Tratou-se de uma narrativa alternativa à história principal, mas que explica muito sobre as origens da protagonista. Além disso, fizeram-me vê-la de forma diferente e pensar sobre a legitimidade de se fazer justiça pela próprias mãos em casos extremos.
Asas de Prata foi uma leitura rápida, mas que ficou aquém das expetativas. Sinto que os pontos que me deixaram mais impressionada no primeiro volume da saga se perderam nesta livro. Além disso, sinto que Faye sofreu uma transformação que a levou de protagonista empática para mulher que facilmente s entrega a ações recriminatórias com base em justificações pessoais. Não sei qual será o futuro de Faye, mas acredito que se irá tornar numa personagem cada vez mais obscura. E, apesar dos pontos mais negativos que apontei, continuo com curiosidade em saber mais sobre ela.