sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Opinião: Anassa (Erthe #2)

Título Original: Anassa (2018)
Autor: Josh Martin
Tradução: Ana Mendes Lopes
ISBN: 9789898917232
Editora: TopSeller (2018)

Sinopse:

Etain é a Anassa, a jovem líder da única ilha que resta na Terra. A profecia diz que o seu destino é unir os dois povos da ilha e liderá-los. Mas as profetisas não a preparam para as dificuldades - as pessias continuam divididas e começam a questionar a liderança.

Inesperadamente, a ilha é invadida por homens nunca antes vistos, guerreiros hostis, e os seus habitantes descobrem que afinal não estão sozinhos no mundo. Os recém-chegados trazem consigo violência, destruição e revelações sobre o passado que vão abalar as crenças da sociedade.

Para fazer frente à magia desconhecida e poderosa dos ocupantes e conseguir salvar a sua ilha, a Anassa terá de pôr em perigo a sua vida e a de todas as pessoas de quem gosta.

Opinião:

Anassa relata o que aconteceu após Ariadnis, primeiro livro desta saga de fantasia que nos apresentou uma ilha dividida por dois povos. Desta vez, o foco passa de Joomia e Aula para outras duas personagens já nossas conhecidas: Etain e Taurus. É através dos relatos destas duas figuras que conhecemos os desafios que surgem com a união dos povos e os obstáculos que têm de ser ultrapassados quando guerreiros desconhecidos invadem a ilha, escravizam o povo e provam que muitas verdades que todos tinham como absolutas estão erradas.

A história que este livro apresenta é mais apelativa do que a do primeiro. Existem muitos momentos de ação, sendo que o desenrolar dos acontecimentos convida à leitura ao mesmo tempo que nos fornece novas informações sobre este mundo. As primeiras páginas podem ser mais paradas, uma vez que o autor precisou de explicar o novo sistema de liderança e as dúvidas que assaltam a mente de Etain. Contudo, quando os invasores chegam, o ritmo começa a tornar-se mais rápido, sendo que os momentos descritos nas derradeiras páginas são alucinantes.

Apreciei a construção do enredo, mas admito que as personagens ficaram aquém das expetativas. As dúvidas e receios de Etain e Taurus relativamente ao que lhes é esperado fazem sentido, assim como a demonstração das suas falhas. Continuo sem sentir empatia por Joomia e Aula, que neste livro ficaram num papel secundário da ação. As novas personagens que surgem, porém apenas acrescentaram informação à história, ficando a faltar um caráter mais humano e denso.

Achei interessante a forma como o autor explorou a sexualidade das suas personagens. Josh Martin procurou mostrar que cada pessoa é livre de se expressar e assumir como bem entende, sendo que tal deverá apenas ser respeitado pelos outros. No que toca às relações, o autor dá a entender que o amor vale por si mesmo, quebrando com os traços mais conservadores. Foi relevante assistir ao choque de mentalidades que acontece quando os invasores chegam, especialmente no que toca ao quanto isso afeta quem é considerado diferente.

De forma implícita, o autor faz um alerta sobre os cuidados que são necessários a ter com o planeta de forma a conseguirmos preservar a nossa casa e o futuro das gerações. Ao mesmo tempo, usa o choque cultural para apresentar diferentes formas de encarar o mesmo problema. É curioso perceber que a sociedade patriarcal acaba por ser mais bélica enquanto a matriarcal ambiciona o equilíbrio. Não sei se tal foi propositado ou não, mas o certo é que esta obra tem uma forte mensagem feminista.

Anassa é um livro que entretém ao mesmo tempo que passa uma mensagem de aceitação e união. O final faz tudo o sentido ao trazer uma mensagem de esperança e de cooperação. Não sei se Josh Martin vai continuar a explorar este mundo, mas a verdade é que com este livro consegue terminar bem a aventura que começou com Ariadnis. Se gostaram do primeiro, então devem apostar neste segundo volume.

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