domingo, 18 de junho de 2017

Opinião: O Grito do Corvo (Crónicas da Terra e do Mar #3)

Autor: Sandra Carvalho
ISBN: 9789722357901
Editora: Editorial  Presença (2017)

Sinopse:

Os piratas do Rouxinol veem-se cada vez mais longe de saquear o ouro da galé castelhana Niña del Mar devido aos estragos causados pela violenta tempestade que se abateu sobre o barinel, A descoberta da identidade de Leonor faz com que Corvo queira regressar de imediato aos Açores, para entregá-la à guarda do pai, Porém, a tripulação discorda e o caos instala-se a bordo, O que Leonor mais deseja é lutar ao lado dos companheiros e recuperar a confiança de Corvo, No entanto, Tomás Rebelo continua a precisar dela para alcançar o propósito funesto que o levou a assenhorear-se de Águas Santas, Conseguirá Leonor chegar incólume à misteriosa ilha das Flores, conhecer o Açor e abraçar a irmã, ou acabará abandonada por Corvo, à mercê dos caprichos do abominável Tomás Rebelo?

Opinião:

Que bom que é chegar ao fim de uma história que nos encantou. E é tão nostálgico fechar um livro de que tanto se gostou. Terminei a leitura e O Grito do Corvo com a sensação de ter vivido uma grande aventura, de ter estado ao lado de um grupo de piratas muito divertido e companheiro, de ter vivido uma grande história de amor e ainda de ter desvendado mistérios familiares e outros ainda repletos de magia. Fica então aquela sensação agradável de conhecer o desfecho desta narrativa, mas também a vontade de continuar lado a lado com estas personagens.

Ainda bem que as "Crónicas da Terra e do Mar" tiveram um terceiro volume. Esta história não estava pensada para ser uma trilogia, mas Sandra Carvalho, percebeu, a meio do processo criativo, que a história de Leonor precisava de mais desenvolvimentos e explicações. Surgiu então a necessidade de escrever este terceiro livro, que nos apresenta uma conclusão consistente e ponderada. O final não chegada de forma abrupta e com muito por explicar. Existem pontos que podem vir a ser desenvolvidos em narrativas paralelas, é verdade, mas a linha geral desta aventura fica aqui encerrada.

Leonor apresentou uma grande evolução ao longo dos três livros. Neste último assistimos ao ponto em que ela aceita quem realmente é, depois de ter passado tanto tempo com dúvidas e em negação. Assim sendo, esta protagonista consegue tornar-se ainda mais corajosa e alcançar um potencial maior. Podemos não concordar com todas as suas decisões ou ideias, mas compreendemos as suas motivações e queremos vê-la a ter o seu final feliz.

Corvo também passa por uma transformação ao longo desta aventura. A sua mudança poderá ter parecido mais abrupta, especialmente num certo momento da obra. Contudo, esta sensação pode surgir por não lhe conhecermos os pensamentos, ao contrário do que acontece com Leonor. Apesar disso, é fácil perceber os conflitos interiores que vive e o esforço que faz para colocar sempre a razão à frente do coração. O que o move faz sentido, e daí ser fácil perceber que a mudança aconteça lentamente.

O aparecimento de personagens inesperadas enriqueceu a narrativa e levou-nos para contextos históricos, tanto de conquistas como de costumes sociais. Gostei também que Leonor encontra-se mais do que um inimigo durante este seu caminho, apesar de haver um vilão maior a ser confrontado. Relativamente a esta figura, gostei que as suas motivações fossem expostas, uma vez que é isso que justifica muito do que aconteceu desde o início do primeiro livro. Aqui a fantasia volta a misturar-se com o que é mais factual, o que se revela delicioso para quem gosta do género.

É curioso ver como os factos e a ficção ficaram tão bem entrelaçados, levando-nos a acreditar que, afinal, esta grande aventura poderia muito bem ter acontecido, mas não sendo estudada nos livros de História. Os Açores acabam por serem apresentados ainda com mais magia e encanto, se é que tal poderia parecer impossível. É maravilhoso ver como a nossa História e País podem inspirar narrativas tão envolventes e cativantes.

Um aplauso para Sandra Carvalho. Mais uma vez, a autora conseguiu deixar-me rendida a uma saga. Fico muito feliz por, desta vez, ter apresentado uma história que se passa dentro de um período histórico português. A liberdade da escrita leva-nos por uma aventura daquelas que fazem suspirar, ao mesmo tempo que nos fazem recordar os grandes feitos nacionais e os homens e mulheres que viveram antes de nós e tiveram a coragem de arriscarm enfrentar o desconhecido e dominar o mar.

Outras opiniões a livros de Sandra Carvalho:
A Última Feiticeira (A Saga das Pedras Mágicas #1)
O Guerreiro e o Lobo (A Saga das Pedras Mágicas #2)
Lágrimas do Sol e da Lua (A Saga das Pedras Mágicas #3)
O Círculo do Medo (A Saga das Pedras Mágicas #4)
Os Três Reinos (A Saga das Pedras Mágicas #5)
A Sacerdotisa dos Penhascos (A Saga das Pedras Mágicas #6)
O Filho do Dragão (A Saga das Pedras Mágicas #7)
Sombras da Noite Branca (A Saga das Pedras Mágicas #8)
O Olhar do Açor (Crónicas da Terra e do Mar #1)
Filhos do Vento e do Mar (Crónicas da Terra e do Mar #2)

Sem comentários: