sexta-feira, 5 de maio de 2017

Opinião: Nove Príncipes de Âmbar (As Crónicas de Âmbar #1)

Título Original: Nine Princes in Amber (1972)
Autor: Roger Zelasny
Tradução: José Saraiva
ISBN: 9789896652197
Editora: Edições Saída de Emergência (2017)

Sinopse:

Âmbar é o único mundo verdadeiramente real. Todos os outros mundos, incluindo a Terra, não passam de sombras que de certa forma o imitam. Exilado na Terra desde há séculos, o príncipe Corwin acorda na cama de um hospital, sem memórias da sua existência passada. Gradualmente, descobre a verdade e é forçado a regressar ao mundo paralelo de Âmbar onde descobre que o rei Oberon, seu pai, é dado como desaparecido. Para ganhar o seu direito à sucessão do trono, Corwin terá de enfrentar realidades impossíveis forjadas por assassinos demoníacos, horrores inomináveis e os exércitos e fúria dos seus irmãos, os príncipes de Âmbar.

Opinião:

Roger Zelasny autor de Nove Príncipes de Âmbar, sabe cativar o leitor para o mundo de Âmbar. Esta realidade é apresentada com uma misto de desejo e nostalgia, o que gera grande curiosidade. Depois, começamos a encaminhar para Âmbar de forma gradual e a ver as diferenças que existem entre este mundo e o nosso, sendo com interesse que conhecemos novas criaturas, uma hierarquia diferente, uma luta pelo poder renhida e ainda formas de magia novas. Âmbar é então um ideal a alcançar, a perfeição que precisa de ser protegida, a casa de que nos afastamos mas à qual queremos regressar.

Corwin é o protagonista desta obra. Ao início, ele surge sem memória e, por isso, sem recordar a existência de vários mundos e de Âmbar, o único que é realmente verdadeiro. Esta foi uma boa ideia, pois o leitor acaba por ir descobrindo o este universo, as suas figuras e o que lhe foi acontecendo ao mesmo tempo que o herói. A apresentação desta informação não é fornecida apenas para nosso conhecimento, mas sobretudo para auxílio de Corwin. Apesar de não ter memória, é possível verificar a inteligência e astúcia desta figura através de momentos verdadeiramente deliciosos. Nesta fase, a sua postura impressiona e deixa antever uma personalidade de estratega.

Tal como seria de esperar, a certo momento Corwin recupera a memória. Nesta nova fase, ele começa a lutar com mais afinco pelo seu direito ao trono de Âmbar. Contudo, não fiquei impressionada com a evolução do protagonista. Estava à espera que, quando ele recuperasse a memória, revela-se outros traços da sua personalidade ou fizesse revelações de que mais ninguém sabia, mas a verdade é que não se nota qualquer diferença na forma de ser entre o Corwin sem e o com memória.

Os irmãos e irmãs de Corwin são as personagens secundárias com maior relevo. Apesar de nem todos surgirem neste livro, os que aparecem são os necessários. Fica a ideia de que todos eles são seres bastante antigos e que, apesar das diferentes personalidades, anseiam o poder sob Âmbar mais do que tudo. Eric, que é referido como o inimigo, representa perigo mas não assusta particularmente. Acredito que Bleys  e Random têm grande potencial, cada um à sua maneira. Flora parece representar o oportunismo. Os restantes que surgiram  não marcaram pela diferença e acabam por ser facilmente confundidos uns com os outros.

A história decorrer num ritmo rápido que cativa para a leitura. É verdade que existem momentos mais entusiasmantes que outros, mas, no geral, acaba por ser um livro bem conseguido. Fiquei agarrada ao livro num dos últimos obstáculos que Corwin teve de ultrapassar, mas não tanto durante uma batalha, por exemplo. Os diálogos pareceram-me naturais e as descrições não foram excessivas, sendo a acção o principal foco da narrativa.

Entre as novidades que Âmbar apresenta, destaco a ideia dos Trunfos e dos reinos que existem nas Sombras. São ideias novas que estão bem conseguidas, ainda que possam ser melhor exploradas nos próximos volumes, já que, terminado este, fica a ideia de que existe um grande potencial que não foi exposto. Também apreciei a ideia de divindade que a certo ponto surge e do que as pessoas são capazes de fazer em nome da fé. Gostaria, contudo, de conhecer melhor todos os irmãos de modo a perceber o motivo pelo qual devo acreditar que Corwin é a melhor opção para o trono de Âmbar.

Nove Príncipes de Âmbar é o primeiro volume de uma série repleta de intriga e que apresenta um mundo fantástico que dá vontade de continuar a explorar. Ao ler este livro, percebo o porquê de ele ter sido relevante para uma época e vejo que mantém características que geram interesse nos nossos dias. A fantasia consegue ser intemporal e continuar a transmitir mensagens relevantes através das suas histórias. Vou querer continuar a acompanhar as aventuras de Corwin.

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