segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Opinião: O Homem Ausente (Sebastian Bergman #3)

Título original: Fjällgraven (2012)
Autor: Hjorth & Rosenfeldt
Tradução: Jorge Pereirinha Pires
ISBN: 9789896651756
Editora: Suma de Letras (2017)

Sinopse:

Na ladeira das montanhas de Jämtland, na Suécia, seis corpos são encontrados. Mais precisamente, seis esqueletos. Dois deles de crianças. Os corpos foram enterrados há muito tempo. Para Sebastian Bergman, que viaja para o local do crime com o resto da equipa do Departamento de Investigação Criminal, estes factos só tornam ainda mais complexa a investigação sobre quem são, quem os matou e porquê. No início, Sebastian vê o caso como uma oportunidade de escapar da ex-namorada e passar algum tempo com a filha, Vanja. Uma oportunidade para tentar construir uma relação com ela antes que seja tarde demais. Mas rapidamente descobre que está mais envolvido no caso do que gostaria de estar.

Opinião:

Será possível Hjorth e Rorenfeldt tenham conseguido voltar a surpreender? Cada livro da saga parece melhor do que o anterior! E se o primeiro já me tinha deixado cativada, imaginem o que fez o terceiro. O Homem Ausente prende desde o início. Tem uma história que gera interesse nos diferentes pontos de vista em que é apresentada e um final que me deixou em suspenso e a ansiar por mais livros desta série. E rapidamente!

A trama está muito bem conseguida. Temos um crime principal que embala toda a narrativa, mas existem várias dimensões, o que torna a leitura bastante complexa. Não só quis saber o que realmente tinha acontecido às pessoas cujos corpos foram encontrados numa vala, como ainda me senti fascinada pelas vidas de cada um dos elementos da equipa de investigação e ainda de outras personagens que foram surgindo e compondo este leque de figuras tão diferentes e tão reais.

Desta vez, Sebastian Bergman teve um papel muito diferente daquele que seria esperado. Contudo, achei muito curioso que, mesmo não utilizando as suas capacidades no auxílio da investigação, acabou por mostrar aos leitores um outro lado. Se por um lado senti piedade pela sua dor e pela vontade de estar cada vez mais próximo de Vanja, por outro não consegui aceitar a forma como ele a manipulava através de tácticas que tão bem domina. Isto faz pensar sobre o que realmente é amor.

Vanja representa muito bem a mulher independente e forte da modernidade. A evolução dela é visível e acompanhar os seus capítulos e desejar que descubra a verdade. Quanto a Billy, é interessante ver que um homem aparentemente bom pode carregar tantos demónios. As revelações feitas sobre ele deixaram-me com curiosidade para saber o que vai ser dele num próximo livro e adorei. Ursula e Torkel despertaram em mim um misto de compreensão e vontade de lhes gritar para que agissem. Jennifer é uma novidade e representa o sangue-novo que luta pelo seu lugar e pela aceitação dos outros.

Aplaudo a construção de personagens dos autores e também a capacidade para desenvolver um bom enredo. Afinal, mesmo nos momentos em que a investigação pouco ou nada desenvolvia, os autores apresentavam um outro lado da trama não só para nos dar mais informação como ainda para mostrar que uma história tem sempre mais de um lado e que a verdade nem sempre é fácil de descobrir. Sendo assim, existe a sensação de que está sempre algo a acontecer e a vontade de continuar a ler não se perde. Apenas aumenta.

Achei curioso que, neste livro, tivesse ficado a ideia de que interesses de grupos de poder podem, muitas vezes, prejudicar pessoas simples, que se veem envolvidas em situações complicadas. Isto dá uma sensação de perigo constante. E o contraste que os autores apresentam entre comunidade muçulmana, Suécia e mundo ocidental e geral faz-nos pensar que os estereótipos conduzem em erro e que o mal, muitas vezes, está onde se pensa que é possível encontrar segurança. Penso que os autores vão querer desenvolver esta ideia num próximo livro e mal posso esperar para descobrir como o vão fazer.

O Homem Ausente prova que a série "Sebastian Bergman" chegou para ficar. A leitura é compulsiva e, neste ponto, muitas das personagens já me são queridas. Se gostaram dos livros anteriores, então tenho a certeza que vão adorar este. E quem ainda não arriscou na leitura desta dupla de autores ainda vai bem a tempo. Recomendo.

Opiniões a outros livros de Hjorth & Rosenfeldt:
Segredos Obscuros (Sebastian Bergman #1)
O Discípulo (Sebastian Bergman #2)

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