Autor: Henrique Anders
ISBN: 9789899952683
Editora: Editora Épica (2016)
Sinopse:
Os antigos doze Reinos há muito colapsaram e as terras eram agora regidas por um novo soberano que decidiu destruir tudo e todos. Movido por vingança e sede de sangue, Baltar rodeou-se de poderosas forças negras e construiu-se a si mesmo. Sem misericórdia, transformou a fé e a esperança em lamentos e descrença e mergulhou o mundo no mais opaco breu.
Porém, os dias e as noites são cheios de segredos e até no meio da escuridão e da secura uma vida pode nascer. Os desígnios dos deuses são misteriosos e Dutsan nasceu com algo especial. Para protegê-lo, a sua família foi obrigada a fugir e ele cresceu no meio dos Canimatas, uma raça conhecida por não gostar de humanos e a quem chamavam de os guardiões de dragões. O jovem Dutsan terá de enfrentar os seus medos e descobrir as suas próprias verdades. Na companhia dos seus amigos estranhos vai embarcar numa aventura que poderá mudar as suas vidas.
Opinião:
Comecei a leitura e As Trevas de Baltar devagar e sem saber bem o que me esperava. Aos poucos, fui entrando neste novo mundo repleto de magia, superstição, beleza e terror. E assim que me habituei aos novos conceitos apresentados por Henrique Anders, o autor, vi o meu ritmo de leitura a ficar cada vez mais rápido. Afinal, esta história de fantasia épica distingui-se pela originalidade e pelo vilão forte e hipnotizante.
A história está bem construída e fornece uma visão geral do que está a acontecer ao intercalar capítulos que acompanham visões de diferentes personagens. Tal como seria esperado, existe um lado correspondente ao bem, neste caso representado por Dutsan, e outro ao mal, ligado a Baltar. Contudo, se estas noções podem parecer previsíveis, a verdade é que acabam por surpreender por seguirem caminhos diferentes do esperado.
O nascimento de Dutsan mostrou logo que ele era alguém diferente, uma verdadeira luz na escuridão. Por isso mesmo, essa personagem acaba sempre por estar envolta num ambiente de profecia, mesmo que aquilo que mais ambicione seja ser igual aos seus companheiros. Desta forma, fica a ideia de que ser um herói e destacar-se na multidão não é um papel fácil, mas que requer muito sacrifício e abnegação. Confesso que, apesar de tudo, os capítulos que acompanhavam Dutsan não me conseguiram cativar tanto quanto aqueles que incidiam sobre o seu rival.
Baltar é, para mim, a grande força desta história. Diz-se que uma grande aventura épica não é nada sem um grande vilão, e Henrique Anders surpreende com este tirano cruel que tanto assusta como seduz. Os capítulos de Baltar e das personagens que lidam diretamente com ele prendiam a atenção e faziam-me ansiar por mais. No início, detestei este ser cruel, mas, com o tempo, não consegui deixar de admirar a sua complexidade, nomeadamente na forma como a sua humanidade chocava com o seu lado demoníaco.
Fiquei bem impressionada com a descrição de cenas mais fortes e com a capacidade do autor chocar. Por outro lado, existem também momentos que mostram uma beleza imaginativa, nomeadamente no que toca aos Canimatas, criaturas que se podem assemelhar aos humanos, apesar de nelas ser possível distinguir mais o lado selvagem e primitivo. Neste ponto, destaco as ilustrações da obra, que ajudam o imaginários dos leitores no acompanhamento das ideias e descrições do autor.
O enredo é forte, mas precisava de um maior desenvolvimento, nomeadamente na parte final. Gostei da forma como tudo se foi encaminhando num determinado sentido, mas gostaria que um certo encontro e confronto provocasse maiores emoções. Já a surpresa final, que acaba por ligar todos os pontos da história, deixou-me agradavelmente surpreendida e com vontade de reler algumas passagens, de modo a ver tudo com outra perspectiva.
Quero ainda enaltecer que esta edição possui ainda, no final, um conto que vale a pena ler pois tanto nos mostra beleza num local inesperado como ainda consegue provocar um arrepio.
As Trevas de Baltar é o primeiro volume da "Saga dos Designíos", mas trata-se de um volume com uma história que apresenta conclusão. Impressionada com a originalidade do autor e com o seu vilão, fico na esperança de saber como Henrique Anders pretende desenvolver este mundo.
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