Autor: Rafael Loureiro
ISBN: 9789722358395
Editora: Editorial Presença
Sinopse:
Em 2111, o mundo vive enclausurado numa nuvem de poluição. Portugal não foge à regra. As pessoas debatem-se nas ruas da capital por ar puro e dignidade. Os Tecnal, soldados com implantes mecânicos, foram proscritos pela sociedade estratificada, mas uns quantos sobreviveram , perseguidos por uma polícia especial e dependentes de uma droga potente. Filipe, agente desta força policial, está dividido entre seguir a lei ou o instinto. Embrenhado naquele submundo, cedo descobre que os Tecnal podem ser a chave para uma verdade maior. A ele juntam -se personagens surpreendentes e fortes, perdidas na ambiguidade da sua própria condição.
Opinião:
Quem segue este blogue, sabe que sinto-me sempre atraída por distopias. Por isso, quando soube que o novo trabalho de Rafael Loureiro enquadrava-se neste género e, ainda para mais, se passava na capital portuguesa, soube que tinha de ler este livro. Cinzas de um Novo Mundo transporta-nos para um ambiente negro e apresenta uma Lisboa completamente diferente daquela que hoje conhecemos.
Logo no início, o autor faz uma breve explicação sobre o que aconteceu ao mundo. Percebe-se que houve um cuidado em justificar este futuro com base em elementos já nossos conhecidos. Como tal, é feita uma chamada de atenção para a consequência de certas ações sobre aquilo que tomamos por garantido. Refiro-me à saúde do planeta, tal como está explícito na sinopse, mas também à globalização, comunicação, democracia. Gostei deste cenário, que me pareceu muito bem pensado.
Filipe é a figura central desta história. Agente policial, é um dos poucos homens íntegros que ainda acredita no papel da justiça. Personagem mais ligada a momentos de ação, acabo por nos levar numa viagem que cativa e faz a leitura avançar a um bom ritmo. Porém, gostaria que tivesse uma personalidade menos "dura", pois acabei por não sentir grande empatia por ele. Também Helena, a figura feminina desta obra, não me cativou por completo.
Por outro lado, ficava sempre entusiasmada quando surgiram capítulos dedicados aos Tecnal. Estes seres originais tiveram todo o meu interesse. Queria sempre saber mais sobre eles, sobre como surgiram, sobre o seu passado, as suas intenções, as suas capacidades extraordinárias. Tauro é uma lufada de ar fresco, é a figura que introduz momentos de humor, apesar da sua condição. Já Kura representa o lado espiritual da obra, e só tive pena de não o ter ficado a conhecer tão bem quanto queria.
Quero ainda enaltecer a presença de figuras que vão ser reconhecidas por quem leu os livros anteriores de Rafael Loureiro, pertencentes à Trilogia Nocturnus. Esta inserção poderia ter sido forçada, mas acabou por funcionar muito bem. Não é uma presença sem sentido, mas sim um complemento que acaba por ligar de forma harmoniosa dois mundos que parecem ser tão diferentes. Além disso, acredito que quem não leu esses livros e gostou deste vai ter vontade de conhecer melhor estes Nocturnus.
O início da leitura pode ser um pouco lento, mas quando a intriga começa a complicar-se, existe uma grande vontade de chegar ao fim do livro de forma a obter todas as respostas às questão que nos vão surgindo. Percebe-se que este foi um livro pensado e existem surpresas inesperadas. O final está bem conseguido e é bastante satisfatório. Mais uma prova de que também se escreve bem e que existem ideias originais no nosso país.
Saiba mais sobre este livro aqui.
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