segunda-feira, 2 de maio de 2016

Opinião: A Rainha de Tearling (#1)

Autor: Erika Johansen
Título original: The Queen of the Tearling (2014)
Tradução: Miguel Romeira
ISBN: 9789722357937
Editora: Editorial Presença (2016)

Sinopse:

Durante dezoito anos, o destino de Tearling ficou nas mãos do Regente, manipulado pela Rainha Vermelha, uma feiticeira implacável que governa o reino vizinho de Mortmesme. Porém, Kelsea Glynn, sobrinha do Regente, é a legítima herdeira do trono. Quando completa dezanove anos, está pronta para reclamar o que é seu - e assim regressa do exílio com o objetivo de tornar Tearling um reino livre de pobreza, opressão e escravatura. Mas Kelsea é jovem, ingénua e cresceu longe da corrupção e dos perigos que assolam o reino. Cedo lutará pelo trono e pela própria sobrevivência, num caminho de crescimento em que aprende a lidar com uma herança muito pesada.
Será Rainha se sobreviver para reclamar o trono.

Opinião:

Primeiro volume de uma série de fantasia, A Rainha de Tearling prendeu a minha atenção logo nas primeiras páginas. Erika Johansen, a autora, apresenta este mundo novo e, apesar de tudo ser novidade e fictício, senti que tudo o que estava a ser narrado poderia realmente acontecer. Nada é fácil e simples nesta história, tudo tem um outro lado e em momento algum conseguimos perceber qual é a verdadeira face de cada uma das figuras que desfilam ao longo da trama.

Kelsea é a protagonista desta história. Por ser uma rapariga tão jovem e por se ter mantido afastada da corte durante toda a vida, tive receio de que esta figura se revelasse ingénua e idealista e que, por isso, toda a narrativa acabasse contagiada por este tom. Felizmente, fiquei muito agradada ao perceber que tal não aconteceu. Kelsea é jovem e, é verdade, agarra-se muito aos seus sonhos de infância, Mas não é uma tolinha. Muito pelo contrário. Gostei bastante da sua capacidade de adaptação, da sua abnegação, da sua coragem, da sua força e do facto de ser capaz de reconhecer as suas fraquezas. É possível perceber a sua passagem de menina para mulher.

O surgimento de Kelsea na corte faz com que sejam muitos os perigos e armadilhas que a cercam. Desta forma, esta sociedade torna-se mais interessante e real. É assim que percebemos os jogos de interesses que sufocam Tearling. Além disso, somos ainda recordados para o facto de que poucos podem prejudicar muitos por razões mesquinhas. E quando tal acontece, não existe evolução, prosperidade ou paz. A protagonista choca com esta realidade e acaba por ser vista pela população como uma promessa de salvação.

E se Kelsea é uma heroína interessante e bem conseguida, as personagens secundárias da obra não lhe ficam nada atrás. Erika Johansen conseguiu com que esta história ficasse muito rica graças a todo este conjunto de figuras que estão longe de serem evidentes a uma primeira análise. A maior parte da ação é narrada na terceira pessoa e sob o ponto de vista da protagonista e, como tal, não é fácil perceber se ela deve ou não confiar nas outras personagens que vão surgindo. É engraçado perceber que a primeira impressão com que fiquei de cada uma destas figuras acabou por se revelar diferente da que permaneceu no final. Entre as minhas preferidas, destaco Lazarus, o Rapina e Andalie.

A Rainha Vermelha, a grande opositora de Kelsea, possui capítulos dedicados ao seu ponto de vista. Senti curiosidade de ver este outro lado, mas também é verdade que esperava um pouco mais. Não é fácil perceber o que motiva esta vilã e essa explicação é importante para dar força às suas ações. Fica a ideia de que há um passado que pode suportar tudo isto, mas este não é exposto, pelo menos por enquanto. Sendo assim, parece que ela é uma tirana sádica apenas porque sim, e isso não é suficientemente forte.

Quero ainda deixar notar que, apesar de este mundo parecer ter inspiração medieval, foi com surpresa que percebi ao longo da leitura que, afinal, se trata de um cenário que supostamente se encontra no futuro. Fica a ideia de que algo aconteceu e que a humanidade regrediu aos tempos da Idade das Trevas. Não existe tecnologia, mas a magia está presente, apesar de ser rara. A religião dominante tem bases no Cristianismo e a organização social faz lembrar a hierarquia feudal. Os livros são uma raridade, mas é com ternura que nos apercebemos de títulos tão nossos conhecidos entre os poucos volumes que existem.

Quando acabei de ler A Rainha de Tearling, senti que precisava de mais e desejei pegar no volume que se segue a este. Isto aconteceu porque estava a gostar muito da leitura, mas também por sentir que este livro serviu mais como introdução e que a parte mais forte da história ainda está para chegar. Além disso, fiquei com a ideia de que as grandes revelações vão ser muito surpreendentes.

Com um ambiente negro, uma heroína cativante, personagens secundárias fortes e uma sociedade que parece real, este é o início de uma trilogia que promete. Erika Johansen conseguiu fazer com que eu ficasse interessada em conhecer os volumes que se seguem. Recomendo.

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