Título original: Written in Red (2013)
Autor: Anne Bishop
Tradução: Luís Santos
ISBN: 9789896377397
Editora: Edições Saída de Emergência (2015)
Sinopse:
Meg é uma profetisa de sangue. Sempre que a sua pele é cortada, ela tem uma visão do futuro – um dom que mais lhe parece uma maldição. O Controlador de Meg mantém-na aprisionada de forma a ter acesso total às suas visões. Quando finalmente ela consegue escapar, o único sítio seguro para se esconder é no Pátio de Lakeside – uma zona controlada pelos Outros.
O metamorfo Simon Wolfgard sente alguma relutância em contratar a estranha que lhe pede trabalho. Sente que ela esconde algo e, para além disso, ela não lhe cheira a uma presa humana. Algo no seu íntimo leva-o a contratá-la, mas ao descobrir quem a jovem realmente é e que o governo a procura, ele terá de tomar uma decisão. Será que proteger Meg é mais importante do que evitar o confronto que se avizinha entre humanos e Outros?
Opinião:
Depois de tanta espera, finalmente chegou mais um livro de Anne Bishop. E porquê este meu entusiasmo? Porque gosto muito da autora e pelo seu site já tinha percebido que Letras Escarlates seria um livro que se afasta de todos os outros que já publicou. Assim sendo e dentro do género da fantasia urbana, desta vez Anne Bishop apresenta um mundo muito semelhante a este em que vivemos, mas, ao mesmo tempo, com muitas diferenças.
A sociedade de Letras Escarlates pode ser dividida em dois grupos. Por um lado temos os humanos, cujas características necessitam de pouca apresentação. O que mais me saltou à vista é que a autora explora os valores morais da humanidade, havendo, desta forma, personagens dotadas de compaixão, compreensão e benevolentes, enquanto outras não aceitam a diferença, exploram ao máximo o que podem e acreditam serem donos da razão. Isto faz com que a discriminação e o não respeito pelo outro sejam temas muito importantes deste livro.
O outro grupo da sociedade é composto pelos Outros. Estes são seres sobrenaturais, inspirados em criaturas como vampiros, lobisomens e metamorfos mas, ao mesmo tempo, com características novas e muito apelativas. Os Outros estão ligados á natureza e, desta forma, parecem procurar explorar o lado instintivo que, apesar de menos saliente, também nos pertence. É através deste grupo que a autora faz pensar sobre o respeito pelo mundo, a ecologia, a prevenção de todas as espécies e para a importância da união como forma de combater as ameaças extrenas.
E no meio destes dois grupos surge Meg, a protagonista desta obra. Ela é uma fugitiva que acaba por não pertencer inteiramente a humanos ou a Outros. Afinal, ela tem capacidades divinatórias, que sempre foram exploradas pos interesses financeiros. É fácil sentir empatia por esta mulher tão ingénua que se encontra pela primeira vez sozinha no mundo. E, para além disso, percebe-se que esta é uma personagem de Anne Bishop: é doce mas ao mesmo tempo luta pelo que acredita, é inocente mas procura aprender compreender tudo o que a rodeia, tem medo mas está disposta a dar a mão e a acreditar nos outros, é uma estranha mas capta a atenção de todos e acaba por ser muito amada. Ela é o símbolo da luta das mulheres pela liberdade, independência e igualdade.
Os mistérios ligados a Meg são desvendados aos poucos, mas ainda existe muito para entender sobre a sua condição. Admito que gostaria que ela fosse mais propensa ao erro, mas ainda assim tornou-se numa figura que se destaca. O que também é interessante é a relação dela com as outras personagens. Afinal, neste tipo de livros já se espera que tudo ande à volta de um grande romance e que até exista um triângulo amoroso, mas, felizmente, tal não acontece aqui. Até há momentos onde a autora brinca com este cliché! Fica a ideia de que algo deste género poderá ainda vir a acontecer num próximo volume da série, mas agora tudo foi direcionado para a construção de amizades e para a aceitação da diferença.
Gostei muito de Simon. Ele é o macho alfa, que impõe a sua autoridade apesar de o fazer com justiça. Esperava-se que ele amolecesse, mas ele nunca perde o temperamento explosivo ou deixa de ser a figura masculina que quer impor a sua posição a todos. Contudo, é interessante verificar que ele não o faz por interesse próprio, mas pela comunidade. O grande vilão da trama acaba por não surgi, mas os seus feitos são uma ameça constante. A figura que acaba por representar o mal de forma mais direta é Asia, uma mulher de más intenções que consegue ser envolvente. É curioso ver que Asia também é ingénua, mas isso fá-la colocar-se numa situação condenável. Porém, o ridículo da personagem também proporciona momentos engraçados.
O desenrolar da trama não possui reviravoltas inesperadas, mas a leitura diverte e é marcante. O mundo é diferente, as temáticas abordadas são facilmente transpostas para a realidade, as personagens cativam e a escrita é característica de Anne Bishop. As situações caricatas e a mensagem que se tenta passar fazem recordar outras obras da autora e fazem sentido neste novo mundo que vou querer continuar a acompanhar. Claro que recomendo!
Outras opiniões a livros de Anne Bishop:
A Voz
Os Pilares do Mundo (Trilogia dos Pilares do Mundo #1)
Luz e Sombras (Trilogia dos Pilares do Mundo #2)
A Casa de Gaian (Trilogia dos Pilares do Mundo #3)
Ponte de Sonhos (Efémera #3)
4 comentários:
Leste a Ponte de Sonhos sem ler Sebastian e Belladona? Não te gerou confusão?
Ephemera é um conceito tão complexo e interessante que, mesmo com a leitura dos três livros me escapa sempre qualquer coisa... bom, dos 2 primeiros, porque o 3º está em suspenso! :D
Adoro. E também gostei muitíssimo das Jóias Negras...
Li faz poucos dias o primeiro livro da série, que aqui no Brasil se chama Trilogia das Jóias Negras, A Filha do Sangue. Confesso que não gostei muito. Quando lançar esta série por aqui talvez eu acabe lendo. O ponto forte da autora que achei é que ela escreve muito bem.
bomlivro1811.blogspot.com.br
Olá Carla! Não, eu li o Sebastian e a Beladona antes, mas como na altura não tinha o blogue não escrevi opinião. Felizmente já li tudo o que foi publicado de Anne Bishop em Portugal e pode vir mais que eu não me importo. Como conheces esses livros, vais ver que este é diferente, apesar de manter certas características ;)
Beijinho!
Olá Maurilei. Os primeiros livros que li da Anne Bishop também foram os da trilogia "As Joias Negras". Como "Letras Escarlates" é diferente, pode ser que já gostes mais! Beijinho ;)
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