sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Opinião: Na Sombra da Paixão (Série Irmandade da Adaga Negra #11)

Autor: J. R. Ward
Título Original: Love Conquers All (2013)
Tradução: Luís Santos
ISBN: 9789724622538
Editora: Casa das Letras (2014)

Sinopse:

O grupo de vampiros mais sensuais da ficção está de volta, com a autora J. R. Ward a juntar dois dos elementos mais adorados do mundo da Irmandade da Adaga Negra. Qhuinn, filho de ninguém, habituou-se a estar por sua conta. Expulso da linhagem e rejeitado pela aristocracia, encontrou finalmente uma identidade como um dos mais impressionantes combatentes na guerra contra a Sociedade dos Minguantes. Contudo, a sua vida não está completa. Mesmo perante a perspetiva de vir a ter a sua própria família, sente-se vazio por dentro e entregou o coração a outra causa... Depois de anos de amor não correspondido, Blay ultrapassou os sentimentos por Qhuinn. E já não era sem tempo: o macho encontrou a parceira perfeita numa fêmea Escolhida, e vão ter um filho – aquilo que Qhuinn sempre quis. É difícil imaginá-los como casal, mas quando se constrói uma vida em torno de um sonho vão, o sofrimento está sempre ao virar da esquina. Algo que o guerreiro aprendeu por si próprio. O destino parece ter levado os dois vampiros soldados por caminhos diferentes, mas com o recrudescer da batalha pelo trono, e com novos atores em cena em Caldwell a criarem mais riscos para a Irmandade, Qhuinn acaba por descobrir a verdadeira definição de coragem e dois corações que devem ficar juntos acabam por fim por se tornar num só.

Opinião:

Sigo a  Série Irmandade da Adaga Negra desde o início e, apesar de confirmar que os últimos volumes não me cativaram tanto quanto os primeiros, a verdade é que estes livros de J. R. Ward continuam a ser de leitura obrigatória. E Na Sombra da Paixão era um volume muito aguardado. Afinal, é o primeiro que tem como tema principal uma relação homossexual. A tensão entre Qhuinn e Blay tem vindo a tornar-se cada vez mais evidente ao longo dos livros anteriores, e foi com uma enorme curiosidade que iniciei esta leitura pois queria ver como a autora iria apresentar este relacionamento.

Qhuinn e Blay continuam a lutar pelo preconceito. O primeiro não sabe como lidar com os seus sentimentos e inicia um processo de auto-descoberta. O segundo encontrou formas de mascarar o que sente para não voltar a ser magoado. Isto faz com que o reaproximar dos dois seja um processo lento e no qual é preciso ultrapassar obstáculos criados por eles próprios.

Senti que Qhuinn foi o ponto de foco da autora. Não sei se tal aconteceu por ele ser quem tem de passar por uma maior mudança, mas a verdade é que se nota que Blay é colocado um pouco de parte. Gostei de conhecer melhor o passado de Qhuinn, apesar de graças aos volumes anteriores ter ficado com uma ideia geral do que lhe aconteceu. Quanto a Blay, foi possível ficar a par das suas origens, mas estas acabaram por ser de pouca relevância.

A situação entre Qhuinn e Blay não é fácil de resolver mas penso que a autora escolheu o caminho mais conveniente e não o mais interessante. Afinal, conseguimos adivinhar como tudo vai terminar desde o início da leitura, mas a conclusão arrasta-se devido a um problema que não é resolvido: a falta de comunicação entre estas duas personagens. Isto torna-se frustrante para o leitor, que conhece ambos os lados e quase tem vontade de gritar com as personagens para elas simplesmente falarem. Preferia que a autora tivesse antes escolhido um outro obstáculo e tornasse a leitura mais complexa e atractiva.

Um dos aspectos que mais me desagradou nesta leitura foi o facto de a autora nos apresentar demasiadas histórias paralelas. Já é habitual que J. R. Ward dedica alguns capítulos a outras personagens, com o intuito de nos mostrar como certos casais proseguem nas suas relações ou para nos aguçar a curiosidade com outras personagens que irão ser centrais noutros volumes. Contudo, desta vez, foi demais. Eram demasiados enredos paralelos a acontecer, tantos que cheguei a um ponto em que parei e interroguei-me se este livro seria realmente dedicado a Qhuinn e Blay.

Os capítulos dedicados a de iAm e Trez sugeriam que vem aí livro dedicado a estes dois irmãos. As páginas focadas no Minguante Z foram das mais aborrecidas e nada de novo acrescentaram.  Os capítulos acerca do Rei Warth sugerem problemas maiores que terão de ser resolvidos, mas apesar de ocuparem muito espaço pouco avançaram. A apresentação de Sola e Assail surgiu quase do nada e deixa adivinhar que vem aí um novo casal e um livro dedicado a esta relação. A história paralela que me suscitou mais interesse foi a de Xcor e de Layla, uma vez que é aquela que parece vir a causar mais confrontos. Contudo, são tudo ideias que apenas nos são apresentadas e não terminadas, mais como apresentações de próximos livros. Tudo isso fez com que a história principal deste perdesse impacto e força.

Um dos aspectos que adoro ao ler romances desta série é o ambiente. O livro poderia vir sem capa ou título que assim que iniciasse a leitura iria perceber que este é um livro da Irmandade da Adaga Negra. Felizmente J. R. Ward consegue manter todas estas características em Na Sombra da Paixão. A tensão permanente, a força dos sentimentos, a noção de perigo constante e a intensidade continuam a ser uma constante ao longo da leitura. É ainda bom constatar que a linguagem mantém as suas características, tão directa e crua que ajuda a entrar nas mentes de cada personagem.

Terminada a leitura, devo confessar que não fiquei muito impressionada com a forma como J. R. Ward explorou a relação entre Qhuinn e Blay. Tudo foi feito de uma forma previsível e ficou por explicar melhor como a homossexualidade é aceite dentro da Irmandade. Preferia que a autora se tivesse debruçado mais sobre o quebrar barreiras do que em explorar histórias paralelas que em pouco ou nada contribuíram para o desenrolar dos acontecimentos.

Na Sombra da Paixão vem confirmar que a Série Irmandade da Adaga Negra está a passar por problemas. O sucesso da série parece estar a obrigar a autora a alongar-se e a não encontrar soluções, o que faz com que os livros mais recentes apresentem a mesma fórmula, o que já não suscite surpresa e diminui o interesse. Fiquei um pouco desiludida com este volume que poderia ter sido um dos mais intensos e diferentes de toda a série.

Outras opiniões a livros de J. R. Ward:
Na Sombra da Vingança (Série Irmandade da Adaga Negra #7) 
Na Sombra do Destino (Série Irmandade da Adaga Negra #8)
Na Sombra do Perigo (Série Irmandade da Adaga Negra #9)  
Na Sombra da Vida (Série Irmandade da Adaga Negra #10)
Cobiça (Saga Anjos Caídos #1) 
Desejo (Saga Anjos Caídos #2)
Êxtase (Saga Anjos Caídos #4) 

Sem comentários: