terça-feira, 16 de setembro de 2014

Opinião: A Casa de Gaian (Trilogia dos Pilares do Mundo #3)

Título original: The House of Gaian (2003)
Autor: Anne Bishop
Tradutor: Luís Coimbra
ISBN: 9789896374662
Editora: Edições Saída de Emergência (2012)

Sinopse:

Começou como uma caça às bruxas, mas o plano do Inquisidor-Mor para eliminar todos os vestígios de poder feminino que há no mundo preveem agora a aniquilação dos barões de Sylvalan que se lhe opõem… e a destruição do berço de toda a magia: a Serra da Mãe. Humanos e feiticeiras formam uma aliança difícil com os Fae para fazerem frente a esse imigo terrível. No entanto, mesmo unidos, não têm força suficiente para resistirem aos exércitos mobilizados pela Inquisição. Procuram por isso o apoio do último aliado ao qual podem recorrer: a Casa de Gaian. As feiticeiras que vivem isoladas na Serra da Mãe têm poder suficiente para criarem um mundo… ou para o destruírem. O antigo lema das bruxas: «Não fareis o mal», arrisca-se a ser esquecido por força de uma necessidade mais premente: a necessidade de sobreviverem.

Opinião:

A Casa de Gaian é o derradeiro volume da trilogia dos Pilares do Mundo, de Anne Bishop. Estava muito curiosa quanto a este livro, mas atrasei a sua leitura. Curiosamente é algo que costumo fazer sempre com livros de Anne Bishop, pois sabia que ler este volume seria despedir-me de um mundo que tanto me cativou.

Finalmente acontece o confronto final entre o povo que respeita a natureza e a magia como uma só e o grupo de homens repressivos, retrógados que anseiam o poder e temem quem o detem. Penso que a autora fez esta divisão tendo como base o mundo real. Afinal, os preconceitos enunciados acabam por ser tão facilmente encontrados no nosso mundo, onde homens temem mulheres independentes, onde a natureza é despezada, onde cultos antigos são esquecidos e existe a procura do poder pela subjugação do outro. Isto faz pensar que a autora, mais do que querer contar uma história, quer fazer o leitor pensar sobre o seu próprio mundo.

Assim sendo, a mulher volta a ser a grande inspiração da autora. Anne Bishop tenta transmitir aos leitores a força do "sexo fraco", colocando as suas personagens femininas em situações adversas, mas que a muito se assemelham ou assemelhavam a circunstâncias reais. Desta forma, penso que uma leitora passar a acreditar no poder que tem dentro de si e um leitor admira o género contrário, que tantas vezes é menosprezado, mesmo em pleno século XXI.

As personagens apresentam evoluções interessantes e consistentes. O Bardo, a Musa, o Caçador e principalmente a Ceifeira foram as figuras que mais me prenderam a atenção. Gostei do facto de cada um deles representar um ideal ou valor, e de juntos conseguirem fazer grandes coisas. Tal como já dei a entender, a Ceifeira foi uma das figuras que mais me cativou ao longo desta trilogia, devido à sua personalidade e coração, e a sua evolução foi surpreendente. Fiquei chocada com algumas das escolhas desta Senhora da Morte, mas num bom sentido, já que fizeram sentido.

Se senti que no livro anterior, Luz e Sombras, a autora se estava a dispersar ao escolher não centrar-se num grupo de personagens mas a apresentar diferentes núcelos, agora já testemunhei tal. As personagens que pareciam afastadas e sem qualquer ligação acabam por se encontrar e formar alianças que fazem sentido. Isto dá a ideia que mesmo quando nos sentimos sozinhos, não devemos perder a esperança de encontrar outros que tenham os mesmos ideiais.

A Casa de Gaian é uma conclusão muito satisfatória. Gostei do desfecho apesar de ter sofrido com algumas perdas. As últimas páginas são lidas num ápice, tal é a emoção do relato. Anne Bishop volta a provar que é uma autora diferente e que cativa pelas suas peculariedades. Ela realmente consegue sentir que estamos ligados às suas personagens assim como transportarmo-nos para mundo únicos.  Adorei esta trilogia e claro que a recomendo.

Outras opiniões a livros de Anne Bishop:
A Voz
Os Pilares do Mundo (Tir Alainn #1)
Luz e Sombras (Tir Alainn #2)
Ponte de Sonhos (Efémera #3)

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