segunda-feira, 14 de abril de 2014

Opinião: O Vampiro Lestat - volume 2 (Crónicas dos Vampiros #2) )

Título original: The Vampire Lestat (1976)
Autoria: Anne Rice
Tradução: Sophie Vinga
ISBN: 5601072618060
Editora: Publicações Europa-América (2010)

Sinopse:

Na sequela de Entrevista com o Vampiro, Lestat é um excêntrico e sedutor vampiro que, ao longo de várias eras, procura as suas origens e quer desvendar o segredo da sua obscura imortalidade. Essa vertiginosa viagem leva-o da Inglaterra dos druidas aos lupanares de Paris do século XVIII e à Nova Orleães finissecular.
Avesso ao código de honra dos vampiros, que lhes impõe o silêncio sobre a sua condição, Lestat revela-se na esperança de que os imortais se unam para descobrirem o mistério da sua existência. E é então que Lestat, o caçador, se transforma numa presa.

Opinião:
O segundo volume de O Vampiro Lestat, continua a dar a conhecer de perto a história de uma das personagens mais marcantes de Anne Rice. Depois do conflito mortífero entre Lestat e os vampiros mais antigos e conservadores, grandes decisões são tomadas, e o belo vampiro parte numa viagem que o vai levar a conhecer outros vampiros de grande relevo que vão influenciar o seu comportamento e modificar a visão sobre a sua condição.

Enquanto o primeiro volume foi pautado pela descoberta da natureza vampírica, este é marcado pela procura da origem vampírica. Lestat parte numa busca por seres mais antigos que dêem sentido à sua existência, numa fase em que a imortalidade deixa de parecer uma bênção para se revelar uma maldição.

Novas personagens são reveladas e trilhos antigos são percorridos, de forma a fornecer uma explicação à existência dos vampiros. Lestat viaja por diversos locais, nomeadamente pelo continente europeu, asiático e africano, ao mesmo tempo que desvenda segredos da mitologia egípcia, celta e grega, que estão intimamente ligados à sua demanda.

O leitor fica a conhecer o génesis vampírico e a evolução de uma espécie ao longo dos tempos, assim como as suas alterações culturais, uma vez que os vampiros são fortemente influenciados pelo local e tempo em que são criados. O seu modo de vida em sociedade, deixa transparecer as questões religiosas e filosóficas do seu tempo, revelando diversas visões sobre a sua espécie.

“O que eu não compreendo em ti é isto. Tu agarras-te às tuas velhas crenças do bem com uma tenacidade que é virtualmente inabalável. No entanto, és muito bom a ser o que és! Caças as tuas vítimas como um anjo negro. Matas implacavelmente. Quando queres, banqueteias-te durante toda a noite com as tuas vítimas.”

A questão do bem e do mal continua a ter uma reflexão bastante forte e, ao contrário do que Entrevista com o Vampiro deixou transparecer, Lestat sempre sentiu um forte amor pelos humanos e por isso, vive atormentado por questões de vida e morte. Mais uma vez, o fascínio vampírico é mencionado, assim como a maldição desta condição:

“No entanto, os homens amam-nos quando acabam por nos conhecer (…) Encantam-se com a possibilidade da imortalidade, com a possibilidade de um grandioso e belo ser poder ser absolutamente mau, de ele poder sentir e saber todas as coisas e escolher livremente alimentar o seu negro apetite. Parece tudo tão simples. (…) Mas, se lhes for dado o Dom das Trevas, apenas um numa multidão não será tão infeliz como tu és.”

Anne Rice apresenta ainda os motivos que levaram Lestat a Nova Orleães, onde conheceu Louis, narrados em A Entrevista com o Vampiro. Faz também uma analogia entre a visão dos dois vampiros sobre os acontecimentos retratados no primeiro livro das Crónicas dos Vampiros, mais uma forte prova da grande complexidade do enredo criado pela autora.

Esta é uma viagem até à década de 1980, quando Lestat despertou do seu sono profundo e, numa tentativa de provocar os da sua espécie e de fazer “algo acontecer”, inicia uma carreira musical onde os mais profundos segredos que lhe foram confiados são revelados. Anne Rice deixa a história em aberto e os leitores ávidos de uma continuação, pois a música vampírica não só cativou os humanos quando modificou a ordem dos vampiros.

“Essa tua música dava para acordar os mortos.”

Lestat não adivinharia o quanto esta frase era verdadeira. Fica a sede de continuação, em A Rainha dos Malditos.


Outras opiniões a livros de Anne Rice:
Entrevista com o Vampiro (Crónicas dos Vampiros #1)
O Vampiro Lestat, volume 1 (Crónicas dos Vampiros #2)  
O Tempo do Anjo (Os Cânticos do Serafim #1)
O Anjo das Trevas (Os Cânticos do Serafim #2)

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