terça-feira, 29 de abril de 2014

Opinião: God of War

Título Original: God of War (2010)
Autores: Matthew Stover e Robert E. Vardeman
Tradução: Maria João Trindade
ISBN: 9789896374990
Editora: Edições Saída de Emergência (2014)

Sinopse:

Como guerreiro feroz, Kratos é escravo dos deuses do Olimpo. Atormentado pelos pesadelos do seu passado e ansiando pela liberdade, o Fantasma de Esparta tudo faria para se livrar da sua dívida aos deuses. Está prestes a perder todas as esperanças quando os deuses lhe dão uma última tarefa para acabar com a sua escravidão: tem de destruir Ares, o Deus da Guerra.
Mas que hipóteses tem um mero mortal de vencer um deus? Armado com as mortíferas Lâminas do Caos, que lhe foram acorrentadas, orientado pela deusa Athena e guiado pela sua própria sede insaciável de vingança, Kratos procura a única relíquia suficientemente poderosa para matar Ares… uma demanda que o levará às profundezas do misterioso templo carregado pelo Titã Cronos!
Das obscuras profundezas do Hades à cidade de Atenas devastada pela guerra, até ao deserto perdido nos confins da capital grega, God of War oferece uma nova perspetiva brutal sobre o videojogo bestseller e sobre a lenda de Kratos.

Opinião: 

God of War é inspirado no jogo de vídeo homónimo, cuja primeira edição foi lançada em 2005. O sucesso originou uma série de jogos e ainda um livro, de autoria de Matthew Stover e Robert E. Vardeman. Confessou que nunca joguei "God of War", mas vi o meu pai fazê-lo e confesso que fiquei interessada na história. Por isso, foi com alguma expectativa que iniciei esta leitura.

A narrativa começa quando Kratos procura libertar-se do jugo dos deuses e esquecer recordações dolorosas. Existe desde o início uma vontade de conhecer o passado doloroso desta figura, e ao longo da leitura é possível perceber o que aconteceu. O mistério quebra-se mas a informação fundamente a revolta e a fúria de Kratos, apesar de carecer de uma maior exploração.

Os capítulos alternam entre a visão de Kratos e a visão de Atenas. Confesso que não fiquei muito agradada como os capítulos de Kratos são relatados. É certo que se trata de uma trama inspirada num jogo de vídeo, mas não gostei da sensação de estar a ler um relato de um jogo. Mesmo quando o passado é apresentado, Kratos não deixa de ser uma figura superficial e que não consegue criar um mínimo de empatia com o leitor. É o típico mauzão que procura vingança, sendo que muitas das suas acções parecem excessivas por não serem devidamente explicadas. Já as batalhas que trava fazem imaginar um ecrã com os típicos elementos de energia e de escolha de armas, o que não é propriamente agradável.

Já os capítulos que revelam a visão de Atenas são mais apelativos. É através da deusa da sabedoria que se assista à intriga propriamente dita, ficando a percepção de que Kratos não passa de um peão. Gostei da forma como esta deusa manipula o Fantasma de Esparta, e dos sentimentos contraditórios que sente por ele. Tornaram-na na personagem melhor conseguida do livro. O contacto de Atenas com os outros deuses é também muito interessante, já que é desta forma que ficamos a conhecê-los e percebemos que eles são mais mesquinhos e interesseiros do que pode parecer numa primeira análise.

A sequência de acontecimentos não revela grandes surpresas, parecendo mesmo que Kratos está apenas a passar níveis até finalmente conseguir chegar ao "Big Boss". Contudo, existem alguns elementos que estão bem descritos e que fazem o leitor imaginar cenários bastante interessantes. Por outro lado, existem descrições que causam estranheza, especialmente por não corresponderem ao tempo histórico em que a trama acontece. Ver Zeus dizer "ensinar o padre-nosso ao vigário" ou ver um espaço comparado a "um campo de futebol" faz pensar sobre a falta de cuidado dos autores no processo de escrita, já que naquele tempo não existiam nem vigários nem campos de futebol.

God of War fica aquém das expectativas. O enredo peca por parecer repetitivo e possuir muitos momentos aborrecidos, para além de que a personagem principal está longe de ser o aspecto mais forte do livro. A conclusão está interessante, mas não foi o suficiente para tornar esta leitura marcante.

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