Autor: Deborah Harkness
Tradução: Eugénia Antunes
ISBN: 9789724620121
Editora: Casa das Letras (2011)
Num final de tarde de Setembro, quando a famosa historiadora de Yale, Diana Bishop, abre casualmente um misterioso manuscrito medieval alquímico há muito desaparecido, o submundo mágico de Oxford desperta. Vampiros, bruxas e demónios farão tudo para possuir o manuscrito que se crê conter poderes desconhecidos e pistas misteriosas sobre o passado e o futuro dos humanos e do mundo fantástico. Diana vê a sua pacata vida de investigadora invadida por um passado que sempre tentou esquecer: ela é a última descendente da família Bishop, uma longa e distinta linhagem de bruxas de Salem, marcada pela morte misteriosa dos pais quando era criança. E do meio do turbilhão de criaturas mágicas despertadas pela redescoberta do manuscrito surge Matthew Clairmont, um vampiro geneticista de 1500 anos de idade, apaixonado por Darwin. Juntos vão tentar desvendar os segredos do manuscrito e impedir que caia em mãos erradas. Mas a paixão que cresce entre ambos ameaça o frágil pacto de paz que existe há séculos entre humanos e criaturas fantásticas... e o mundo de Diana nunca mais voltará a ser o mesmo...
Opinião:
Magia, tradição, ciência, cepticismo, seres fantásticos e uma nova organização social são alguns dos temas explorados por A Noite de Todas as Almas, o primeiro volume de uma trilogia de autoria de Deborah Harkness.
Esta história sempre me suscitou grande curiosidade mas que não superou as minhas expectativas. Não consegui sentir-me cativada pela trama. Ao início, o mistério que envolvia um certo livro mágico até me chamou a atenção, mas o lento desenrolar de acontecimentos, a passagem do mistério do livro para segundo plano, assim como a pouca empatia gerada pela protagonista acabaram por tornar a leitura aborrecida e pouco entusiasmante.
Diana Bishop, a protagonista, é uma jovem dotada de grandes poderes mas, devido a alguns acontecimentos do passado, decidiu renegá-los a viver uma existência voltada para estudos científicos. A ideia é interessante mas chegou a um ponto tão obsessivo que passou a ser ligeiramente irritante, não só devido à personalidade da heroína, que pareceu pouco consistente, mas sobretudo pela forma como isso condicionou o avançar da trama. Logo se percebe que para algo de verdadeiramente surpreendente acontecer é preciso que Diana aceite toda a sua natureza e a espera para que tal aconteça é longa e exasperante.
Ao mesmo tempo que vemos Diana a tentar perceber quem realmente é, surge uma personagem masculina que muito prometia mas que também acabou por ficar aquém das expectativas. Refiro-me a Matthew Clairmont, um vampiro antigo que desde logo faz perceber que formará par romântico com a protagonista. No começo, podem existir algumas dúvidas quanto à verdadeira intenção de Matthew quanto a Diana, mas rapidamente se percebe que os sentimentos se sobrepõem. Porém, aquela que é apresentada como uma história de amor arrebatadora acaba por ser maçadora e pouco entusiasmar. Afinal, Matthew é tal como Diana, uma figura que pouco cativa e cujas atitudes não parecem reflectir a idade que lhe é atribuída. As interacções entre Diana e Matthew não conseguem prender e fazer cortar a respiração. Alguns diálogos entre os dois parecem até mesmo forçados e pesados.
As personagens secundárias acabam por ganhar destaque por marcarem pela diferença, muito devido à forma como certas raças de seres fantásticos integram e interagem na sociedade. A diferença e separação entre bruxas, demónios, vampiros e humanos é uma das grandes mais-valias desta obra, e teria sido interessante se esta fosse mais explorada. Afinal, os momentos em que elementos destas espécies se encontram entre si geram sempre situações que conseguem agarrar.
O lado oposto e responsável pelo conflito também gera interesse. Apesar de a intenção principal ter sido exposta, fica a ideia de que existe muito mais a motivar este grupo. A aparição de certos elementos que pertencem a esta facção conseguiram dar a ideia de tensão e perigo e criaram algumas das situações mais marcantes da obra.
Terminada a leitura, fica a ideia de que este livro é demasiado longo para a história que quer contar. Para além disso, teria sido mais benéfico o foco na intriga e no conflito entre diversos ideais do que na história de amor entre Diana e Matthew. Contudo, o fim deixa a ideia de que o segundo volume desta trilogia será uma lufada de ar fresco, muito devido a uma mudança que ocorreu. Apesar de não ter ficado plenamente convencida, pretendo ler o próximo livro, Nas Trevas da Noite, de forma perceber se, desta vez, será dada maior atenção aos pontos que foram mais positivos.
4 comentários:
Concordo com a tua opinião: a minha é a mesma. O livro no geral foi uma desilusão. Assenta demasiado na relação entre os protagonistas, que é bastante aborrecida, e tem parte s que se dispensavam. Não percebi o porquê das "lições de equitação", por exemplo.lol achei que as personagens mais divertidas eram mesmo as tias bruxas da Diana (e a casa delas).
Boas leituras!
Olá Su! Fico feliz por mais alguém ter ficado com a mesma ideia do livro, pois tenho visto muitas opiniões diferentes. Quando se chega à casa das tias as coisas ficam mais interessantes sim, parece que a história finalmente anda, para além de que existe a exposição da relação entre personagens tão diferentes.*
Eu acho que protagonista é aborrecida porque se comporta como humana e não como uma bruxa.Mas isso foi propositado pela autora,também dispensava as aulas de equitação há actividades demasiado humanas na história.
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