quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Opinião: Antologia de Ficção Científica – Fantasporto 2012

Organização: Rogério Ribeiro 
Autores: António Cardoso, João Paulo Vaz, José Cardoso, Luís Roberto Amabile, Manuel Alves, Rodrigo Silva, António de Macedo, Beatriz Pacheco Pereira, Filipe Homem, Ágata Simões, Afonso Cruz, Bruno Martins Soares, João Ventura, Isabel Cristina Pires, Madalena Santos, João Leal, Telmo Marçal 
ISBN: 9789892317717
Editora: ASA (2012)

Opinião:


Antologia de Ficção Científica – Fantasporto 2012 que surgiu do concurso realizado no evento com o mesmo nome. Este é um livro que reúne 17 contos de autores de três continentes que estão unidos pela capacidade imaginativa e pela língua portuguesa. Com organização de Rogério Ribeiro, o intuito desta publicação é transportar o leitor para um futuro aberto em possibilidades.

O conto vencedor foi Uma Alforreca no Quintal, de António Cardoso, que apresenta uma história bem simples, em que um homem tipicamente português acorda e depara-se com uma estranha espécie de vida no seu quintal, muito semelhante a uma alforreca (o título é praticamente uma sinopse do texto). É, provavelmente, uma das tramas menos elaboradas da antologia, sem reviravoltas e com uma escrita bem fácil de acompanhar, mas isso não a torna particularmente marcante.

Existiram ainda menções honrosas para os autores João Paulo Vaz, José Cardoso, Luís Roberto Amabile, Manuel Alves e Rodrigo Silva.

João Paulo Vaz apresenta A inimaginável materialização de Samira, no qual faz uma reflexão sobre a imaterialização das relações, em sequência da crescente evolução tecnológica, um tema que já foi apresentado por outras perspetivas.

José Cardoso, uma Expedição ao Futuro recheada de diálogos interessantes e humorísticos entre um homem instruído e um rapazinho das ruas de África.

Déjà-vu, por Luís Roberto Amabile, é uma bonita e melancólica história de amor que, infelizmente carece de maior desenvolvimento.

Zê, de Manuel Alves é, provavelmente, um dos contos mais interessantes desta antologia, que agarra o leitor desde o início e faz desejar conhecer melhor a sociedade apresentada.

Rodrigo Silva apresenta A Besta-Fera, um texto com uma reviravolta engraçada, apesar de previsível.

Em O tempo tudo cura menos velhice e loucura, António de Macedo, apresenta um homem que consegue voltar atrás no tempo. O leitor reflete sobre as várias possibilidades da vida, num discurso com rasgos de humor e um tipo de linguagem elaborada que pode não ser facilmente percetível.

O Robot Auris, de Beatriz Pacheco Pereira, apresenta uma máquina desenvolve sentimentos afetivos por quem o rodeia, algo que seria impensável aquando da sua construção. Texto que relembra Inteligência Artificial.

Filipe Homem Fonseca é o autor de O Festival, um texto imaginativo e com uma trama que intricada que pode, por momentos, confundir o leitor.

Ágata Simões volta a dar vida a uma das suas personagens em Virgílio Bentley e o extraterrestre. Conto com um texto humorístico, mas uma história sem grande originalidade.

Em As mãos e as veias, Afonso Cruz aprofunda determinadas temáticas, apesar de parecer que se afasta um pouco do intuito da antologia.

Tsubaki, de Bruno Martins Soares, é uma história que, apesar de não ser original, revela ser uma leitura interessante.

João Ventura apresenta uma realidade muito semelhante à nossa em Fogo!, não fosse o facto de este elemento ser dotado de uma inteligência que desafia e destrói.

O início da leitura de O cão, de Isabel Cristina Pires, não dá a entender onde a autora pretende chegar. O final não convence plenamente, apesar de se entender que era pretendida uma reviravolta que causasse espanto.

Madalena Santos tentou apresentar vários conceitos em O Mistério dos Uivos. A universalidade da música, a revolução das máquinas e a rejeição do próprio são descritos quase como um resumo de uma história que poderia ser mais desenvolvida.

Acordar o Profeta, de João Leal, faz uma mistura entre algumas conhecidas teorias da conspiração e o papel da religião do mundo. Uma história que agarra e que revelar ser uma leitura agradável.

Com uma escrita particular e um humor cativante, Telmo Marçal apresenta As Moças do Campo. Um texto interessante, mas no qual a temática da antologia pode ser encontrada em pouco pormenores.

Com tanta variedade de temas e estilos de escrita, é inevitável que o leitor encontre textos que aprecia em detrimento de outros que não o cativam. Uma leitura que se intercala facilmente com outras maiores e que apresenta alguns conceitos interessantes.

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