domingo, 10 de fevereiro de 2013

Opinião: As Primeiras Luzes da Manhã

Título original: Le Prime Luci del Mattino (2011)
Autor: Fabio Volo
Tradutor: Maria das Mercês Peixoto
ISBN: 9789722349901
Editora: Editorial Presença (2013)

Sinopse:

Elena vive uma vida sem paixão. Mas agora, ao aproximar-se dos quarenta, a rotina fastidiosa que tomou conta dos seus dias e do seu casamento é cada vez mais difícil de ignorar. Deseja ardentemente uma mudança, mas o medo de arriscar é proporcional a esse desejo, e Elena continua à espera que seja a vida a tomar a iniciativa... Até ao momento em que ganha coragem e aceita o convite do colega de trabalho que há algum tempo se insinua junto dela. Este envolvimento intenso e inesperado inicia-a num erotismo pleno e sem tabus que a liberta e finalmente lhe abre caminho para a tão desejada intimidade com o seu próprio mundo afetivo. 

Opinião:

As Primeiras Luzes da Manhã, não é apenas mais um romance erótico que surge na sequência desta recente "febre". Sim, apresenta um forte teor sensual mas também possui uma exposição emocional muito interessante e real. Narrada na primeira pessoa, a história resulta da junção de páginas do diário da protagonista e de reflexões momentâneas da própria.

Fiquei rendida às primeiras páginas deste livro. Elena não é uma pessoa perfeita, mas compreendi tudo o que ela estava a viver. É impressionante pensar como Fabio Volo, um homem, conseguiu transmitir de forma tão intensa os sentimentos de uma mulher que finge ser feliz numa relação sem esperança. Percebo que os leitores que nunca tiveram uma experiência do género possam não compreender todas as atitudes e pensamentos da protagonista, mas, ao início, senti que esta era uma história baseada em factos reais. A negação inicial, a culpa por não se sentir o que é suposto, a revolta por não se viver um conto de fadas, o receio de sair de uma zona de conforto, a vontade de arriscar em algo novo e a estranha e esperada sensação de liberdade quando o passo foi dado,...

Contudo, não fiquei completamente agradada pelo motivo que levou Elena a, finalmente, arriscar e a lutar pela sua felicidade. Porém, a intenção do autor era levar a protagonista a uma auto descoberta através da entrega a uma série de novas experiências sexuais. Aqui, julgo que houve momentos demasiado precipitados e outros um tanto ou quanto exagerados, mas gostei do facto do nome do amante permanecer um mistério, o que transmite a ideia de que ele não deveria ganhar um lugar de destaque, que ele era apenas um meio para obter um fim. O foco permaneceu em Elena que, com o tempo, foi percebendo o que realmente a faz feliz, apesar de algumas obsessões que levam o leitor a poder não simpatizar tanto com esta personagem, a certo momento.

As personagens secundárias, apesar de pouco exploradas, sugerem ter um fundo consistente. Destaco Simone, o típico solteirão que vive entre relações fugazes e que, no fundo, tem receio de se entregar verdadeiramente a alguém, e Carla, a amiga que funciona como consciência da protagonista, que sofre com um abandono apesar de não o querer deixar transparecer.

O tipo de escrita é fácil de acompanhar, intimista e rápida. O facto de o livro estar dividido em capítulos pequenos ajuda a estimular a leitura. As descrições das cenas mais ousadas não estão demasiado vulgares, apesar de se poder observar alguns exageros e repetições (que já parecem típicos deste género) e de me ter desagradado ter lido a palavra "calcinha" a certo momento.

Penso que esta é uma leitura que pode incomodar. O autor toca em pontos frágeis, vividos por muitas pessoas mas também incompreendidos, talvez por não serem completamente aceites pela sociedade. No fim, percebe-se que este é um livro singular e que nos leva a reflectir sobre a verdadeira dimensão de uma relação.



Nota:
Neste momento, está a decorrer um passatempo, em parceria com a Editorial Presença, onde será sorteado um exemplar deste livro. Podem concorrer aqui.

2 comentários:

Fiacha disse...

Olá,

Parece ser sem duvida uma leitura agradavel, gostei de ler o teu comentário ;)

Bjs

Cláudia disse...

Obrigada Fiacha*