Opinião: Quero-te (Trilogia Dei Sensi #3)

Título Original: Io Ti Voglio (2013)
Autor: Irene Cao
Tradução: Fátima Alice Rocha
ISBN: 9789896722654
Editora: Suma das Letras (2014)

Sinopse:

O amor é uma arte que não precisa de regras. Agora que descobriu o desejo mais puro, Elena decide vivê-lo em pleno, sem amarras, só pelo prazer. Para isso, renuncia à paixão de Leonardo e à segurança de Filippo. No entanto, a louca espiral de encontros sexuais em que se envolve acaba por não a levar ao prazer que procurava. Mas, como dois pólos opostos que se atraem irremediavelmente, o destino volta a juntar Leonardo e Elena, depois de um trágico acidente. Quer salvar Elena com o fogo da sua paixão impossível de conter.

Opinião:

Quero-te é o último volume da trilogia erótica de autoria de Irene Cao. Se o primeiro livro foi marcado pelo início da atração entre Elena e Leonardo e o segundo pela tomada de decisões difíceis pela protagonista, este é um volume que mostra como é possível alguém erguer-se de um local escuro para encontrar a redenção.

Logo desde o início é possível perceber que Elena continua a ser uma personagem em evolução. De jovem tímida, ela passou a ser uma mulher que vai contra todos os princípios que nos apresentou no primeiro volume. A entrega a prazeres rápidos como o álcool e o sexo causal deixa perceber o enorme desgosto que está a tentar ultrapassar. As atitudes que tem revelam que está em desiquilíbrio e, ao início, chega a ser constrangedor ler certas passagens, nomeadamente as que acontecem num determinado casamento. Afinal, esta é uma Elena completamente diferente, que incomoda e que custa entender.

E como acontece com todos os problemas que não estão resolvidos, o passado de Elena regressa. Percebe-se que a autora tem a intenção de fazer a protagonista sofrer antes de conseguir alcançar a felicidade, sendo também esta uma forma de ela definir prioridades, perceber quem é em plenitude e descobrir o que a leva a lutar. Sendo assim, o local negro onde Elena se encontra no início deste livro é uma fase necessária para ela evoluir enquanto mulher. Não aceitei completamente esta ideia, uma vez que vai contra alguns dos meus valores.

A história de amor afasta-se do triângulo amoroso. Desta vez, a autora concentra-se em Elena e em Leonardo e mostra como eles os dois podem ultrapassar as dores do passado e construir uma relação sólida. Apesar de todos os erros cometidos pelos dois anteriormente, é impossível não desejar que eles fiquem juntos. A química e a atracão  que existe entre ambos está bem construída. O que também ajuda a fazer desejar a felicidade deste casal é a evolução de Leo. Neste volume, ele dá-se a conhecer sem restrições, tornando-se possível entender as suas atitudes passadas, limitações e dúvidas.

Os acontecimentos narrados fazem sentido, mas a reviravolta que acontece a meio parece demasiado conveniente. Percebe-se que era necessário algo que provocasse um encontro e mudasse Elena, mas preferia ter assistido um momentos mais subtil. Também perto da conclusão existe um outro acontecimento que me pareceu exagerado devido ao dramatismo da situação. Contudo, percebo que a intenção da autora era a redenção e libertação. A componente erótica tem equilíbrio. As situações de sexo acontecem apenas quando necessárias, não surgem em exagero nem condicionam a história.

Irene Cao volta a mostrar que é capaz de fazer o leitor viajar através das páginas de um livro. No primeiro, o foco foi Veneza e no segundo Roma foi a cidade explorada, mas agora chegou a vez de Stromboli, uma pequena ilha piscatória na costa de Sicília. Ao ler as passagens que tinham esta ilha como espaço, julguei sentir a temperatura, as pessoas, os cheiros e ainda ver as paisagens. A autora não se prende em grandes descrições mas transmite bem o ambiente do local. Ler este livro também faz despertar o paladar, graças às muitas iguarias apresentadas.

A conclusão de Quero-te é a esperada, o que faz com que esta trilogia apresente uma história leve, romântica, erótica e dotada de uma moral. Irena Cao faz ter esperança no amor, mesmo nos momentos mais negros. Um fim adequado para uma trilogia que apesar dos seus altos e baixos marca a diferença e destaca-se entre os outros livros deste género literário.