Autor: George R. R. Martin e Lisa Tuttle
Tradução: Jorge Candeias
ISBN: 9789896375225
Editora: Saída de Emergência (2013)
Sinopse:
Ao descobrirem neste novo planeta a habilidade de voar com asas de metal, os voadores de asas prateadas tornam-se a elite e levam a todo o lado notícias, canções e histórias. Atravessam oceanos, enfrentam as tempestades e são heróis lendários que enfrentam a morte a cada golpe traiçoeiro do vento. Maris de Amberly, filha de um pescador, foi criada por um voador e nada mais deseja do que conquistar os céus de Windhaven. A sua ambição é tão forte que a jovem desafia a tradição para se juntar à elite. Mas cedo irá descobrir que nem todos os voadores estão dispostos a aceitá-la e terá de lutar e arriscar a vida pelo seu sonho. Conseguirá Maris vencer ou tornar-se-á uma testemunha do fim de Windhaven?
Opinião:
O sucesso das Crónicas de Gelo e Fogo
por terras lusas levam a Saída de Emergência a apostar em outras obras de
George R. R. Martin.
Windhaven foi escrito em colaboração com
Lisa Tuttle e revela um universo novo, onde o mundo conhecido é composto por
ilhas. Desta forma, a comunicação entre os espaços terrestres só é possível
pelos lentos navios ou pelas impressionantes asas de metal que lembram as
invenções de Leonardo da Vinci e que apenas uma elite apelidada de “voadores”
pode usar.
A protagonista desta trama é Maris de
Amberly. Filha de um pescador que desapareceu no mar e de uma aldeã ríspida,
Maris tem um sonho ousado e praticamente impossível de alcançar: tornar-se uma
voadora. Numa sociedade em que o direito à asas é hereditário, Maris sofre com
a ideia de nunca vir a concretizar o seu maior desejo, até ao dia em que
conhece Russ.
Sem filhos e com vontade de passar o seu
legado a alguém dotado, Russ adoptada Maris e ensina-lhe a sua arte. A jovem
consegue concretizar os seus sonhos, mas a sua batalha não acaba aqui. O leitor
acompanha o percurso desta heroína inspiradora desde os seus tempos de infância
até ao fim.
Windhaven é uma narrativa importante para todos os sonhadores.
Mostra que a vida é uma jornada repleta de obstáculos, e que, com força de
vontade, estes podem ser ultrapassados. Contudo, mostra também que os finais
felizes não existem na sua totalidade. Afinal, o fim não é encontrado quando o
sonho é realizado, uma vez que a luta por ele nunca termina.
Esta é também uma história que faz reflectir
sobre preconceito, tradição e mudanças. A narrativa mostra que a capacidade de
alterar o que não se acha correcto é possível, mas que tal acaba por trazer
mais consequência do que poderia ser inicialmente esperado. Uma lição
interessante e pertinente.
A protagonista pode não criar uma
empatia instantânea, mas revela-se humana e em constante evolução. Ao início,
poderá ser vista como temerária e irreverente, mas, a certo ponto, é possível
verificar o seu egoísmo e, só com o tempo, se observa a abnegação. As
circunstâncias em que se encontra mudam Maris, mas não terminam com a sua maior
paixão.
Os fãs de George R. R. Martin vão
reconhecer nesta obra a capacidade do autor de criar personagens reais, dotadas
de luz e escuridão. O caso mais explícito é Val Monoasa, um jovem que,
inicialmente, pode parecer sarcástico e cruel, mas que acaba por revelar uma
grande profundidade e objectivos aceitáveis.
Contudo, quem leu as obras do autor que
foram anteriormente publicadas em Portugal pode sentir falta da preocupação
pelos detalhes e pelas reviravoltas de cortar a respiração. Afinal, estas 336
páginas descrevem toda uma vida, existindo momentos que parecem acontecer com
demasiada rapidez e até com alguma previsibilidade. O final surge de forma
abrupta e o leitor fica com vontade de saber o que aconteceu até se chegar àquele
momento.
Windhaven revela-se uma leitura agradável, aconselhável a quem
quer conhecer mais obras do autor e a quem se quer iniciar do estilo de escrita
de George R. R. Martin.
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