domingo, 24 de fevereiro de 2013

Opinião: A Lenda de Sapphique

Título Original: Sapphique (2008)
Autor: Catherine Fisher
Tradutor: Mário Dias Correia
ISBN: 9789720045843
Editora: Porto Editora (2013)

Sinopse:

Ele foi o único que escapou. Agora tem o poder de os salvar… ou destruir.

Finn conseguiu fugir de Incarceron, a terrível prisão viva e o único lar de que tem memória, mas a liberdade está longe de ser o que imaginava…


Cláudia acredita que, se Finn reclamar o direito ao trono do Reino, será capaz de libertar Keiro da temível prisão; mas o Exterior não é o paraíso idílico com que Finn sonhava e o jovem vê-se subitamente prisioneiro de um obscuro jogo de intrigas e mentiras, que adia os seus planos. 


Entretanto, na obscuridade de Incarceron, os prisioneiros falam de um homem lendário – Sapphique, o único que conhece os segredos e o único capaz de destruir a prisão. São inúmeras as histórias sobre as suas façanhas, mas haverá alguma verdade nelas? Será que ele existe mesmo? Dentro e fora, todos aspiram à liberdade… como Sapphique.


Opinião:

A Lenda de Sapphique marca o fim da saga de Catherine Fisher iniciada com Incarceron. Confesso-vos desde já que enquanto o primeiro livro me desiludiu este surpreendeu-me pela positiva.

Neste volume, voltamos a acompanhar as personagens que foram dadas a conhecer no livro anterior, num ambiente repleto de mistério e muitos momentos de ação. Voltamos a saber o que está a acontecer dentro e fora da prisão, mas desta vez sente-se que tudo está a caminhar num ritmo certo para uma conclusão.

Se o primeiro volume perdeu-se em descrições e  momentos que pareciam desnecessários, este possui uma narrativa fluída e cativante, que agarra desde a primeira página e que nos faz ter um desejo cada vez maior de ficar finalmente a conhecer a natureza desta estranha sociedade.

As próprias personagens ganharam um desenvolvimento mais interessante e que as faz parecer mais reais. Gostei de ver os conflitos interiores de Finn fora da prisão e de conhecer melhor as motivações de Attia. Contudo, a figura mais interessante desta obra acaba mesmo por ser Jared, o frágil e perspicaz mestre Sapiente que se coloca em risco por um bem maior.

E se no livro anterior a prisão já nos tinha sido apresentada como uma personagem, com este volume essa ideia ganha uma maior força. A cruel prisão acaba por se revelar uma prisioneira em si, muito graças aos desejos que lhe foram fornecidos pelos seus criadores. É um instrumento de repressão com personalidade e sonhos próprios. Solitária e incompreendida, acaba por entrar numa espiral de loucura bastante humana, onde o abuso de poder é a única arma que possui para combater as suas fraquezas. Aqui fica ciente a reflexão sobre a forma como são feitos os avanços tecnológicos e o receio de a máquina se voltar contra o Homem.

Apreciei as dúvidas constantes sobre a personagem de Sapphique. Realidade, lenda ou mito, esta figura surge como fonte de esperança, apesar de não surgir na forma esperada. Sapphique tornou-se num dos maiores mistérios, sendo bastante curioso verificar a finalidade e o desenvolvimento que lhe foi dado.

As constantes reviravoltas na trama fazem com que o interesse não se perca, mesmo quando o leitor percebe o caminho que a autora pretende seguir. Mas, apesar disso, A Lenda de Sapphique acaba por ser menos previsível e mais agradável do que Incarceron. Porém, o final pareceu-me ser demasiado abrupto. Ficou a necessidade de perceber de que forma tudo iria mudar, como conhecer a verdade que se escondia por trás da máscara do Protocolo.

É de salientar que esta trama direcionada para um público jovem-adulto não tem como base uma história de amor, como é tão visto em narrativas que se enquadram no mesmo género. O amor surge de forma subtil, abnegada e em diferentes sentidos. Com esta saga, o leitor reflete essencialmente sobre o valor da liberdade, igualdade e sacrifício.

A Lenda de Sapphique revelou-se uma leitura que superou as minhas expectativas. Possui algumas falhas, mas, no geral é um bom livro, que vai ser apreciado por quem ficou cativado pelos conceitos gerais de Incarceron.

 

Outro livro de Catherine Fisher:
Incarceron

Entrevista a Catherine Fisher aqui.

3 comentários:

Leitura Não Ocupa Espaço disse...

Tal como tu, fui uma das que se desiludiu com "Incarceron", mas a curiosidade fala mais alto, e quero saber como acabará esta saga.
Se antes não tinha grandes expectativas quando a este segundo livro, após ler a tua opinião, o meu pensamento mudou :)

p7 disse...

Bem, deixas-me mais animada quanto à perspectiva de ler este livro. O primeiro também me desapontou, especialmente em termos de enredo e de personagens, e pela tua opinião parece que neste livro ambos melhoram, é uma boa notícia. :D

Cláudia disse...

Agora espero não ter elevado demasiado as vossas expectativas! Eu, sinceramente, gostei mais deste do que do anterior. Está mais focado no que é importante :)