sexta-feira, 27 de julho de 2012

Opinião: A Rainha no Palácio das Correntes de Ar


Autor: Stieg Larsson 
Título Original: Luftslottet som sprängdes (2007)
Tradução: Mário Dias Correia
ISBN: 9789892305332 
Editora: Oceanos (2011)

Sinopse:

"A vingança é uma força poderosa"

No hospital com sérios ferimentos, Lisbeth Salander tem como vizinho de quarto um homem que a quer morta e está sob vigilância das autoridades, que não a deixam contactar com ninguém enquanto não ficar provado o seu papel numa série de assassinatos e roubos.
Ao mesmo tempo, os elementos da Säpo, polícia de segurança sueca, movem-se de forma secreta, com o objetivo de eliminar todos os que se atravessam no seu caminho.
Contudo, existe esperança na reposição da verdade. Mikael Blomkvist continua a acreditar na inocência da hacker e está a preparar um artigo sobre a terrível conspiração com o intuito de a silenciar para sempre.

Opinião:

"A Rainha no Palácio das Correntes de Ar" foi o último livro escrito e publicado por Stieg Larsson. Tal como foi escrito na opinião do primeiro volume da saga Millennium ("Os Homens Que Odeiam as Mulheres"), o jornalista e editor de revistas sueco idealizou a sua obra num total de 10 volumes, contudo, um ataque cardíaco fatal roubou-lhe a vida antes de cumprir esse objetivo.

Depois do final arrebatador do segundo volume, "A Rapariga Que Sonhava com Uma Lata de Gasolina e Um Fósforo",  é com entusiasmo que se começa a leitura deste volume. Contudo, o ritmo agora é lento, mais pausado e, por vezes, um pouco aborrecido ou difícil de apreender, afinal Lisbeth encontra-se hospitalizada e incapaz de ter contacto com o exterior e a trama acaba por incidir principalmente no funcionamento da Säpo e nas tentativas dos apoiantes de Lisbeth em contornar esse mesmo sistema.

O leitor facilmente percebe que existe uma gradação na intriga. Se no primeiro volume o conflito estava ligado a uma família e no segundo encontrava-se associado a um departamento policial, agora existe uma grande ligação à própria política sueca. Tudo isto sempre tendo o tema do papel da mulher nesta sociedade muito presente.

A primeira metade do livro poderá consistir num obstáculo para alguns leitores, afinal surgem cada vez mais personagens cujos nomes podem não ser facilmente memorizados, para além que se sente que algo grandioso está para acontecer. Contudo, este momento tão aguardado demora a acontecer. O ritmo começa a ser recuperado quando, finalmente, os capítulos voltam a ser narrados sob o ponto de vista de Lisbeth.

O momento do tribunal é, sem dúvida, um dos mais deliciosos dos três volumes. A postura de Lisbeth e da defesa é surpreendente e a troca de argumentos está tão bem conseguida que dá vontade de ler e reler. A hacker volta a ser uma figura central de toda a trama, com desenvolvimentos interessantes mas sem nunca perder as peculiaridades que conquistaram os fãs da saga.

No final, percebe-se que, para o autor, este volume foi o fechar de um ciclo, uma vez que a trama inicial teve uma conclusão, existindo apenas algumas questões que podem sugerir uma continuação. Terminada a última página fica o desejo de descobrir o futuro que Stieg Larsson pretendia dar às suas personagens. Contudo, é certo que cativou uma legião de fãs através de personagens interessantes, intrigas envolventes e temáticas pertinentes que são muitas vezes tidas como tabu na sociedade ocidental.


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