quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Opinião: A Quinta


 Título Original: The Farm (2019)
Autor:
Joanne Ramos
ISBN: 
9789897731884
Editora: Saída de Emergência (2020)

Sinopse:

Golden Oaks é um retiro luxuoso onde as mulheres encontram todo o tipo de serviços: refeições orgânicas, professores de fitness, massagens diárias – e tudo a custo zero. De facto, quem aqui reside ainda recebe uma elevada quantia de dinheiro. A contrapartida? Durante nove meses não pode deixar o espaço, os seus movimentos são monitorizados e tem de cortar os laços com a sua vida anterior enquanto se dedica a uma única tarefa: produzir o bebé perfeito para os clientes super-ricos. Jane, uma imigrante das Filipinas, está desesperada por um futuro melhor quando, depois de um processo rigoroso, é selecionada para ser “Hospedeira” em Golden Oaks – ou na Quinta, como os residentes lhe chamam. Mas grávida, frágil e preocupada com o bem-estar da sua
família, Jane está determinada a contactar os seus. No entanto, se deixar a Quinta, perde a recompensa financeira que poderia mudar a sua vida para sempre.

 Opinião:

 A Quinta é um livro de Joanne Ramos publicado pelas Edições Saída de Emergência. Trata-se de uma leitura que aborda os sacrifícios que as mulheres são capazes de fazer por aqueles que mais amam. Através da história de várias personagens, abordam-se diferentes temáticas que poderão criar identificação com muitas leitoras.

A obra é apresentada como distopia, mas atenção que tem apenas noções leves desse subgénero. Afinal, só o conceito de espaço onde mulheres geram bebés para a elite é que pode ser considerado mais irrealista. De resto, todos os elementos são inspirados em situações reais com as quais a autora contactou. Joanne Ramos inspira-se em casos de mulheres que migraram das Filipinas para os EUA com o objetivo de trabalhar e encontrar maior qualidade de vida. Para elas e para a família que ficou no país de origem. É nestes casos que a autora reflete sobre os muitos sacrifícios que são feitos, sobre a forma como estas mulheres são usadas e sobre as comunidades que acabam por formar.

Jane é a protagonista, mas Ate, Reagan e Mae também têm grande destaque. São mulheres que se colocaram para segundo planos por diferentes motivos. Sendo assim, é inevitável que tenhamos maior ligação com umas e não tanto com outras. Mesmo assim, entende-se os motivos das quatro. É curioso ver as cooperações obtidas e forma como, por vezes, se usam umas às outras. A autora faz assim pensar que qualquer pessoa pode ser manipulada, sendo para isso apenas necessário saber com que traços de personalidade se deve jogar.

Ao longo da leitura, somos sempre levados a refletir sobre alguns dilemas morais. O que as personagens fizeram foi correto? O que faríamos nós se estivéssemos naquela situação? Seríamos capazes de perdoar? Conseguiríamos fazer tal sacrifício? Qual o limite do amor? Tudo isto, e muito mais, faz-nos perceber que , só em situações limite, temos verdadeiro conhecimento de quem nós somos e do que somos capazes de fazer ou até aguentar.

Joanne Ramos cria uma história que tem uma premissa interessante, mas que carece de elementos mais cativantes. Muitas vezes me senti algo desligada da história e sem grande motivação. As motivações das personagens são fortes, mas esperava maiores emoções e de uma reviravolta final mais impressionante.



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